O Templo Satânico dos EUA (TST) anunciou que está sorteando um aborto gratuito para promover o ritual religioso de aborto da organização, enquanto argumenta que os direitos religiosos de seus membros estão isentos de quaisquer leis estaduais ou regulamentos que possam bloquear o acesso aos serviços de aborto durante o primeiro trimestre.
De acordo com a organização, o aborto gratuito pode ser médico ou cirúrgico e é transferível mediante solicitação.
Com sede na cidade de Salem, em Massachusetts (EUA) o Templo Satânico descreve seu novo ritual de aborto como uma "experiência espiritual destinada a incutir confiança e autoestima de acordo com as crenças religiosas do TST".
A organização afirma que aqueles que praticam o ritual de aborto satânico estão isentos de serem submetidos a períodos de espera, aconselhamento obrigatório, visualização forçada de ultrassons e materiais de leitura, conforme exigido em muitos estados.
"O TST baseia suas afirmações de isenções de permissão de aborto nas proteções fornecidas por Leis Estaduais de Restauração da Liberdade Religiosa ou RFRA, que geralmente proíbem o governo de interferir substancialmente no livre exercício religioso de uma pessoa", disse o Templo Satânico em um comunicado à imprensa.
O Templo Satânico afirma que seu ritual de aborto praticado por seus membros está isento dos regulamentos de aborto existentes com base na liberdade religiosa. Eles apontam para a decisão da Suprema Corte de 2014 de que a Hobby Lobby, como empresa, tinha o direito de não cobrir o controle da natalidade, incluindo medicamentos abortivos, como parte de seu programa de saúde para seus funcionários, devido às suas crenças religiosas que consideravam tal prática como imoral.
O TST diz que todos os abortos de seus membros são atos religiosos do satanismo e protegidos pela decisão.
A organização também disponibilizou um modelo de carta a todos os seus membros para solicitar uma isenção religiosa às restrições ao aborto. Fundada em 2012, a TST afirma ter mais de 300.000 membros em todo o mundo.
Indústria do aborto
Fato é que o aborto tem se revelado um negócio lucrativo em um mercado clandestino e macabro nos Estados Unidos. Após a divulgação de vídeos que denunciavam a venda ilegal de tecidos de bebês abortados por funcionários da rede abortista ‘Planned Parenthood’ em 2015, cidadãos de diversos estados dos EUA passaram a pedir ao governo que a rede de clínicas tivesse seu financiamento público retirado, pois não queriam que o dinheiro de seus impostos sustentasse a indústria do aborto.
Anos depois, em outubro de 2019, a descoberta de mais de 2.000 corpos de bebês abortados no carro de um médico falecido dos EUA tornou-se mais uma peça no verdadeiro quebra-cabeça, que se tornou esse cenário assustador.
Traumas
Segundo a psicóloga especialista em Direitos Humanos, Marisa Lobo, o aborto é um procedimento que, além de ser um homicídio, também pode causar graves traumas à gestante.
“Quando uma mulher provoca aborto, os traumas criados são pela culpa de ter tirado a vida de um ser inocente, que ela entende como tal, e não do procedimento em si. Não será legalizando este ato que a mulher vai se sentir menos culpada. Essa culpa vai depender da história de vida dessa mulher, de seus valores e princípios, não do procedimento em si”, explicou.
“Muitas mulheres cometem aborto por falta de apoio do parceiro e da família, por exemplo e o fazem em um momento de impulso, tendendo a se arrepender posteriormente . Depois do aborto, algumas tem ideias suicidas – não por ter feito um aborto legal ou ilegal, mas sim por ter tirado uma vida, que fazia parte da sua – é isso que as pessoas que lutam pelo aborto negligenciam: O amor a si mesmo e ao próximo”, acrescentou.