BBC
O principal grupo de oposição do Egito exigiu uma investigação do referendo que aprovou a polêmica Constituição do país. Resultados não oficiais anunciados pela imprensa estatal egípcia após duas rodadas de votação, concluídas no sábado, sugerem que cerca de 63% dos eleitores aprovaram a nova Carta.
O grupo reclamou que não havia a supervisão jurídica necessária para o referendo, já que muitos juízes anunciaram um boicote à votação.
Antes do anúncio dos resultados não oficiais, grupos de oposição já tinham admitido que o \"sim\" venceria, mas acrescentaram que continuariam com a campanha contra a proposta da Constituição.
\"O referendo não é o fim do caminho. É apenas mais uma batalha. Vamos continuar lutando pelo povo egípcio\", afirmou Abdel Ghaffer Shokr, membro da Frente de Salvação Nacional, à agência de notícias France Presse.
Entre os que rejeitam os termos da Carta, o temor é de excessivo poder aos islamitas, em detrimento de cristãos e seculares. Muitos alegam também que o texto não oferece proteções às liberdades religiosa e de expressão e respeito aos direitos humanos, motivações que estiveram por trás da derrubada de Mubarak.
Além disso, grupos de direitos humanos dizem que falta um compromisso claro em promover a igualdade entre homens e mulheres, o fim das prisões arbitrárias e da tortura.
Muitos temem que, mesmo terminado o pleito, apoiadores e detratores da Irmandade Muçulmana protagonizem novas cenas de violência.
A última onda de violência no Egito começou depois que o presidente Mohammed Morsi tirou, através de um decreto, o poder do Judiciário de desafiar suas decisões, no dia 22 de novembro.
Depois de muita revolta, o presidente revogou a maior parte do decreto, mas não recuou nos termos da proposta da Constituição.
O texto foi aprovado às pressas por uma Assembleia Constituinte dominada por islamitas.
Oposição e partidários de Morsi organizaram grandes manifestações que, em alguns casos, acabaram em confrontos violentos.