Rebeldes contrários ao governo da Líbia teriam assumido o controle do aeroporto de Misrata nesta quarta-feira (11), após combates intensos com as forças leais ao ditador Muammar Kadhafi.
Falando desde Benghazi, um correspondente da TV Al Jazeera, do Catar, citou um porta-voz rebelde como tendo dito que "os rebeldes assumiram controle completo do aeroporto há meia hora mais ou menos". A notícia não teve confirmação independente.
Os rebeldes lutam para pôr fim aos 41 anos do coronel no poder, mas a guerra chegou a um impasse, com Kadhafi no controle da capital e quase todo o oeste do país, enquanto rebeldes controlam Benghazi e outras cidades no leste da Líbia, produtor de petróleo.
Misrata é a única cidade importante nas mãos dos rebeldes no oeste do país e está cercada pelas forças de Kadhafi há oito semanas, levando a combates intensos que já deixaram centenas de mortos e à fuga de milhares de moradores.
Na quarta-feira o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu um "cessar-fogo imediato e verificável" na Líbia, mas os rebeldes que combatem no oeste do país rejeitaram a ideia.
Rebelde ferido em combate é socorrido nesta quarta-feira (11) na cidade líbia de Misrata (Foto: AP)
"Não confiamos em Kadhafi", disse o porta-voz rebelde Zintan Abdulrahman por telefone desde Zintan, na região dos Montes Ocidentais. "Este não é o momento para um cessar-fogo, porque ele nunca respeita tréguas."
"Ele bombardeia civis imediatamente depois de seu regime falar da disposição em observar um cessar-fogo", disse Abdulrahman, acrescentando que as forças de Kadhafi dispararam entre 20 e 25 mísseis Grad contra rebeldes na quarta-feira, matando um e ferindo três outros.
O governo já deu várias declarações de cessar-fogo, mas continua a atacar Misrata e outras regiões controladas pelos rebeldes, incluindo a região dos Montes Ocidentais, perto da fronteira da Tunísia.
Ban falou em Genebra depois de discussões com o primeiro-ministro da Líbia, Al-Baghdadi Ali al-Mahmoudi.
"Ele (Mahmoudi) chegou a sugerir que o governo líbio estaria aberto a um cessar-fogo imediato com uma equipe de monitoramento a ser criada pelas Nações Unidas e a União Africana", disse Ban em coletiva de imprensa.
"Mas é preciso que em primeiro lugar cessem os combates em Misrata e outras regiões. Então poderemos fornecer assistência humanitária e, paralelamente, levar adiante nosso diálogo político."
A União Europeia disse que pretende abrir uma representação em Benghazi para ajudar o conselho rebelde na cidade com questões de saúde, educação e segurança de fronteiras.
"Deixemos claro: Kadhafi precisa se afastar do poder. Ele precisa encerrar seu regime", disse a chefe de política externa da UE, Catherine Ashton.
O governo líbio afirma que os rebeldes são criminosos armados e militantes da rede terrorista da al-Qaeda e que a maioria dos líbios é favorável a Kadhafi, que está no poder desde 1969.
Ele diz ainda que a intervenção da Otan, cujo objetivo é proteger civis, é um ato de agressão colonial por parte de potências ocidentais interessadas em roubar o petróleo líbio.
Kadhafi não é visto em público desde 30 de abril, quando um ataque aéreo da Otan contra uma casa na capital matou seu filho mais jovem e três de seus netos.