“Eu não sei se eu a amo."
Eu ouço isso muitas e muitas vezes quando meus amigos falam sobre seus relacionamentos. Os solteiros sempre me dizem: "Eu não quero comprometer com o casamento porque eu não não tenho certeza se é 'ele' a pessoa certa " Os que estão casados algum tempo me falam: "Eu não sinto mais nada, eu não acho que eu a amo mais " .
Alguns hesitam em entrar em um relacionamento enquanto outros se perguntam se é hora de sair correndo. Este é o refrão cantado por muitos casais, a ideia de não ter certeza se o amor vai perdurar uma vida inteira tem paralisado muitas vidas que estão neste conflito.
Sim, todos nós sabemos que o casamento deve ser enterrado no amor – e a busca por essa essência é causa nobre – e também sabemos que é difícil definir o amor dentro de um relacionamento. O problema de todos meus amigos é que eles têm absorvido a definição do amor pregado pela cultura popular: a experiência da euforia, manifestando-se principalmente como borboletas no estômago ou uma sensação de formigamento em outras partes do corpo (uma piscadela, talvez). E eu acho que essa é a raiz de todo esse incômodo.
Antigamente o amor era entendido como uma virtude que deveria ser cultivada, como um músico aprendendo a tocar um instrumento. Há algo dolorosamente estranho quando você assiste um guitarrista amador tentando tocar e cantar ao mesmo tempo pela primeira vez. Sua mente geralmente se transforma em: dedilhar, pausar, cantar uma linha e repetir tudo outra vez. Quando assisto essa cena eu costumo sorrir nervosamente e sem graça porque sei que ele se sente desconfortável (OK, eu admito eu já fui esse tipo de cara.).
Mas, se aquele musico continuar a praticar vai chegar um momento em que o som da guitarra juntamente com sua voz evoluirá para um " barulho alegre " e algo mais tolerável, mas para isso sua capacidade de reproduzir a música é algo que tem que ser desenvolvido ; não esta apenas "lá" como uma força mística.
O amor é a mesma coisa.
A nossa forma de compreender o amor é fundamental. Uma definição superficial, eufórica e narrada por uma cultura popular é uma receita fadada ao fracasso. Precisamos de uma compreensão mais virtuosa que se revolta contra qualquer discurso que evita a ideia de um compromisso corajoso.
Quando o apóstolo Paulo escreve a definição de amor sua descrição é doce e não tem nada a ver com uma euforia frágil que vem e vai. Ele diz: “O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não é orgulhoso. Ele não desonrar os outros, não é egoísta, não se irrita, não guarda rancor. O amor não se deleita no mal, mas rejubila com a verdade. Ele sempre protege tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.
Paulo assume neste trecho que momentos de impaciência, desesperança, a desonra, egoísmo e raiva sempre vão existir nas relações humanas. O amor não é a ausência dessas coisas, ao contrário, é o ato angustiante de lutar cada dia contra elas.
"Eu não sei se eu a amo”. A frase inteira é um equívoco e fundamentada em um mal-entendido sobre a verdadeira essência do amor. Se você está esperando por uma sensação prolongada de euforia, você está esperando por algo que não seja amor.
Não espere que o amor apareça misticamente antes de se comprometer com alguém porque ele não vai. O amor existe somente onde ele é praticado.
Por Ryan Cook
é graduado pela Regent College, em Vancouver, Canadá. Esteve no ministério de sua igreja por 14 anos e recentemente mudou-se para Liverpool onde é Capelão da Universidade de Liverpool, na Inglaterra. Siga-o no Twitter @ryancook
(Original: How do you know if it's love. Texto traduzido e adaptado por Pollyanna Mattos e gentilmente cedido pela Converge Magazine)