Em tempos de algoritmos e inteligência artificial, é fácil se impressionar com a tecnologia, mas durante uma mentoria, lancei uma provocação: “IA não toma café!”
A frase, simples e quase cômica, revela uma verdade profunda: por mais avançada que seja a IA, nada substitui o poder transformador do encontro humano. Ela pode otimizar tarefas, mas não gera confiança, não compartilha vulnerabilidades, não toca corações.
Consideremo-nos uns aos outros para nos incentivarmos ao amor e às boas obras. — Hebreus 10:24
IA é ferramenta, não companhia.
Vivemos uma era que confunde eficiência com frieza. Muitos agem como máquinas — pragmáticos, individualistas — e chamam isso de produtividade. Entretanto pragmatismo sem empatia é apenas narcisismo disfarçado.
A IA pode agilizar reuniões, mas jamais substituirá o “uns aos outros” — a essência do que nos faz humanos.
O projeto de Deus para o relacionamento é claro:
- Não é bom que o homem esteja só. (Gênesis 2:18)
- Somos membros de um mesmo corpo. (1 Coríntios 12:12-27)
- O ferro afia o ferro. (Provérbios 27:17)
Algoritmos não corrigem por amor, não choram com os que choram, não arriscam a vida por um amigo.
Liderança é relacional — e “estar presente” não se programa.
O escritor Simon Sinek diz: “Tecnologia não resolve problemas humanos; conexões sim.” John Maxwell reforça: líderes tocam o coração antes de pedir ajuda.
Como descrito em alguns ditos culturais:
- “Uma pessoa sozinha não cria uma criança.” (Quênia)
- “Criar sem educar é falha do pai.” (China)
- “Quem salva uma vida, salva o mundo.” (Talmud)
A IA pode informar, mas não forma caráter. Pode doar, mas não abençoar. Pode monitorar, mas não educar. Enquanto a IA compartilha dados, humanos compartilham histórias. Tomar um “café” não é só uma bebida, mas um espaço de vulnerabilidade e acolhimento, como o Cenáculo (João 13–17). É onde a confiança se constrói, olho no olho.
Sherry Turkle (MIT) alerta: “Conversar com robôs é ilusão — só humanos transformam com o olhar.” A tecnologia conecta globalmente, mas isola localmente.
A armadilha do isolamento digital
O rei Salomão em Provérbios 18:1 adverte: O solitário busca seu próprio interesse e se rebela contra a sabedoria. Redes sociais e IA podem amplificar o egoísmo, mas a solidão nasce da escolha humana — não da tecnologia.
Caim isolou-se por inveja (Gênesis 4), não por falta de apps. Romanos 8:5-8 lembra: a mentalidade carnal gera vazio.
Humanidade vs. IA “humanizada”
A IA pode simular interações, mas:
- Não arrisca a vida por um irmão (como Davi e Jônatas).
- Não dá “feridas leais” (Provérbios 27:6) por amor.
- Não entende o ditado iorubá: “O mundo é doce como mel, mas só se compartilhado.”
A IA jamais terá fé, discernimento ou quaisquer faculdades humanas que nos tornam quem somos. A IA jamais chorará com um amigo ou dará a vida por você. Enquanto algoritmos processam dados, humanos aprendem com histórias — contadas ao redor do fogo, do pão, do café e da intimidade com Deus e com os outros.
O futuro não será salvo por máquinas, mas por pessoas que escolhem amar, servindo — antes que o café esfrie. Por isto o Paulo disse: Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará (1 Coríntios 13:1-3).
Jesus está voltando! Desperta, tu que dormes e Cristo te iluminará!
Fernando Moreira (@prfernandomor) é pastor na Igreja Batista do Povo em Americana - SP. Bacharel em Ciência da Computação e Teologia. Mestrado em Ciência da Computação. MBA em Vendas, Marketing e Geração de Valor. Doutorado em Teologia. Membro da Academia de Letras, Artes e Cultura do Brasil. Mentor de alunos de MBA, executivo de tecnologia, orientador de carreiras executivas, conselheiro administrativo, palestrante, conferencista e autor de vários livros.
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