O poder da oração

Em Números 20:16, Moisés está enviando uma mensagem a Edom para informá-los de que os israelitas herdam a bênção patriarcal recebida de Isaque.

Fonte: Guiame, Mário MorenoAtualizado: segunda-feira, 5 de agosto de 2024 às 18:19
(Foto: Pixabay)
(Foto: Pixabay)

“E Moshe enviou emissários de Kadesh ao rei de Edom…” (Nm 20:14)

Moshe [Moisés] envia uma delegação ao rei de Edom solicitando permissão para passar por seu país. Ele instrui seus emissários a relatar a experiência dos judeus no Egito ao rei. A Torah registra que uma das declarações que foi feita ao rei foi “vanitz’ak el Hashem vayishma koleinu” – “e clamamos a Hashem e Ele ouviu nossa voz”. (Nm 20:16).

Do fato de que o versículo afirma que Hashem ouviu nossa voz, em vez de nossos gritos, Rashi interpreta que Moshe está enviando um aviso a Edom de que temos o legado de nossa bênção patriarcal recebida de Yitzchak [Isaque], “hakol kol Ia´aqov”, o poder da voz da Torah; os filhos de Israel são infundidos com a bênção de que quando oramos, somos respondidos. (Rashi ibid)

O rei de Edom responde dizendo que sairá com a espada na mão se os filhos de Israel tentarem atravessar sua terra. Rashi novamente comenta que por meio de suas palavras o rei de Edom está invocando o legado patriarcal que foi conferido a Eisav [Esaú], o pai de Edom, “pela espada você viverá”. (Ibid.)

Moshe deve ter estado ciente de que assim como os filhos de Israel têm o poder da oração para facilitar seu sucesso, os edomitas têm o poder da guerra. Por que Moshe assume que o legado patriarcal dos filhos de Israel é superior?

A chave para resolver esse dilema está no comentário de Rashi sobre o versículo anterior. Os emissários relatam “e conosco os egípcios agiram mal e com nossos pais” (Nm 20:15). A construção do versículo parece complicada. Por que o versículo não afirma simplesmente que “os egípcios agiram mal conosco e com nossos pais”? Rashi explica que o versículo está enfatizando a noção de que a aflição sofrida por nossos pais é um subproduto de nossa aflição. Os “pais” mencionados no versículo não são nossos pais biológicos que suportaram a servidão no Egito conosco, mas sim nossos Pais Patriarcais que, embora não estivessem presentes conosco no Egito, sofreram nossa dor. (Ibid.)

Por que é necessário que Moshe faça alusão a esse conceito em sua mensagem ao rei de Edom? O poder da oração que os filhos de Israel têm não repousa apenas em nossa capacidade de nos livrarmos de nossa própria situação, mas também em nossa capacidade de aliviar nossos Patriarcas da angústia causada a eles por nossa situação. É essa capacidade que motiva Hashem a responder às nossas orações, não apenas em nosso mérito, mas também no mérito de nossos antepassados. A capacidade com a qual Edom é imbuído beneficia apenas a eles, e não seus antepassados. Seus antepassados ​​não sentem a angústia das gerações posteriores, pois não desfrutam de uma proximidade com elas como os antepassados ​​dos filhos de Israel têm com a nação judaica.

Tradução: Mário Moreno

 

Mário Moreno é fundador e líder do Ministério Profético Shema Israel e da Congregação Judaico Messiânica Shema Israel na cidade de Votorantim. Escritor, autor de diversas obras, tradutor da Brit Hadasha – Novo Testamento e conferencista atuando na área de Restauração da Noiva.

*O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: O que Ele quer?

Mais do Guiame

O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições