O mundo em que vivemos é conflituoso. Andamos para frente em meio a decepções e tristezas, emoções e sentimento bons. De fé em fé, como disse Jesus. Heráclito, na antiguidade, já falava que o futuro ou o devir era do choque entre contrários. Enquanto escrevo agora penso como coisas caras e valiosas estão sendo vendidas a preço de banana, aviltadas, no mercado do paganismo político. Mas, por decisão, resolvo trocar a decepção pelo bom ânimo e acordar todos os dias assim, animado, ciente de que estou cumprindo alerta daquele que venceu o mundo. Não nos dobremos, pois jamais receberemos a recompensa prometida por Ele (Tiago 1:7-8).
Infelizmente, a consciência perdeu importância no mundo de hoje. Isso se chama falência da crítica. Em Aristóteles vemos que o homem, além de animal político, é coletivo, ou seja, somos um.
Gianni Vattimo diz que a modernidade nos deixou porque colocamos o cinismo no lugar da razão, a ausência de crítica. Ele chamou isso de pensamento fraco. A modernidade trocou a religião pela razão, e agora a pós-modernidade trocou a razão pela ociosidade mental, que é puro sentimentalismo. E, é claro, sentimos isso em todos os aspectos de nossa vida, incluindo a religião.
Quando penso em religião também penso em política. Eu sou assim. Não dá mais para separar as coisas. O ditado “Religião não se mistura com política” não me parece ser crença dos nascidos verdadeiramente do Espírito. Na antiguidade, Parmênides dizia que o mundo era feito de “Um”, tudo junto e misturado. Eis porque a filosofia era melhor do tempo de Parmênides do que agora.
De fato, esta preguiça mental ou troca de epistemologias confirma a passagem bíblica do antigo testamento, que nos alerta sobre nossa razão de sofrer. Deus falou através do profeta Oséias: “O meu povo sofre por falta de conhecimento.” (Oséias 4:6).
Logo, é perigoso e um tremendo erro não querer misturar religião com política. Um erro que pode ser fatal. Neste nosso mundo pós-moderno, em que o santo é trocado pelo profano, a razão pela emoção, o agir pela emoção, sem reflexão, gera o pecado, o pecado o caos e a morte.
No Brasil, a igreja é autônoma e soberana, mas tem sido ajudada pelo governo com isenção tributária, com a colaboração de interesse público de que fala a Constituição no seu artigo 19, e seus membros com liberdade de culto, de expressão religiosa. A igreja não pode ser manipulada, favorecida nem prejudicada. O governo não pode estabelecer cultos oficiais, nem religião oficial. É o Estado laico.
O “Dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus” foi também mal interpretado. Talvez tenhamos que tirar um pouco de Cesar para dar para Deus. Salvar nossa religião e nossa fé por meio da política.
Ao longo da história tivemos governantes cheios do Espírito Santo. A intenção divina era criar uma nação santa para a vinda do messias, o Salvador. Mas, infelizmente, os planos de Deus não deram certo.
Antes dos reis pagãos em Israel, Deus usava profetas para governar.
Em Juízes 4.4-7, vemos a profetiza Débora e o Juiz Baraque como agentes do livramento que Deus queria dar ao seu povo. Moisés foi levado ao Monte Sinai, onde Deus estabeleceu diretrizes para um governo santo. Depois Saul, Davi, Salomão, cada um ao seu modo em obediência ou em vício.
Embora o Estado laico seja uma determinação constitucional, vivemos em pleno laicismo, que quer dizer indiferença do Estado em relação à religião. Isso é preocupante.
Preocupa porque a religião não implica apenas questões transcendentais, a exemplo da salvação. Nossa cultura é formada por uma moralidade que se confunde com determinações religiosas. Quem manda não matar não é a lei, o Estado ou a religião, e sim nossa consciência do que é certo e errado. Quando o Supremo Tribunal Federal decide em prejuízo da cultura religiosa (por exemplo, quando proíbe exemplar da Bíblia em repartição pública, em bibliotecas públicas) acha que defende o Estado laico ou a laicidade, mas, na verdade, pratica laicismo, ou seja, está sendo indiferente com a cultura.
Se você que se diz cristão e não está nem aí para a política, falsos cristãos e belzebus assumidos assumirão seu lugar na porção que cabe a cada um na luta contra o materialismo. Depois não adianta chorar pelo leite no chão ou culpar Deus pela tragédia.
A igreja tem que tomar posição. Mandou bem a Igreja Universal do Reino de Deus ao veicular na rede que cristão de verdade não vota na esquerda.
Até quando a igreja deixará ser dominada por políticos que ouvem somente o coro de seus próprios demônios, os demônios do relativismo, do sentimentalismo, do hedonismo, do niilismo, que são vícios do mundo pós-moderno? A pior política quer destruir o Ser, que são coisas espirituais existentes em nosso meio, de valor.
Chega de votar em certos candidatos por interesses mesquinhos ou pessoais. O que deve interessar a um eleitor são os valores e os princípios que o candidato defende. Se, numa lista de itens cristãos, estes itens são conferidos um-a-um eu acredito que este candidato está no caminho certo e quem votou nele também.
A sociedade religiosa tem que se politizar. Os políticos de hoje estão piorando cada vez mais. A escolha tem que ser a dedo, com a peneira da salvação. Além de interesses escusos e egoístas, os políticos de hoje seguem a tendência anticristã de um mundo materialista e finito, como já sabemos. Logo, nada mais certo do que o povo de Deus lutar por vereadores, prefeitos, deputados, governadores, senadores e presidentes cristãos.
Nossa salvação depende da religião e religião depende da política. Ou não estamos vendo os ataques ao cristianismo no mundo todo, inclusive no Brasil, perpetrados pelos progressistas?
O que é ideologia de gênero senão uma versão mundana e, portanto, satânica, da criação divina? O que é ideologia de gênero senão a versão ideal, não natural, para o ser humano?
Será que poderemos ficar indiferentes a tudo o que acontece só por dogmatismo fanático no mito popular de que religião e política não devem se misturar? Competiremos com Israel no paganismo?
Por Sergio Renato de Mello, defensor público de Santa Catarina, colunista do Jornal da Cidade Online e Instituto Burke Conservador, autor de obras jurídicas, cristão membro da Igreja Universal do Reino de Deus.
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Leia o artigo anterior: E quando, de fato, precisarmos da liberdade religiosa ou de crença, poderemos invocá-la?