Na semana passada, a Autoridade de Antiguidades de Israel anunciou a descoberta de uma rara moeda de meio siclo de prata, com data da época da primeira revolta judaica contra os romanos, que aconteceu há mais de 2.000 anos, no deserto da Judeia.
O siclo, conhecido em hebraico como "shékel" (derivado do verbo shakál, que significa pesar ou pagar), era uma antiga unidade de peso equivalente a aproximadamente 12 gramas. No contexto dos hebreus, o shekel era tanto uma unidade de peso como uma unidade de valor, estimado em 220 grãos. Além disso, o meio shekel ou meio siclo também era chamado de "beqa'" ou "beca" em hebraico.
Por seu significado histórico, a descoberta da moeda agitou a imprensa israelense e as comunidades bíblica e arqueológica.
A moeda foi encontrada como parte da Pesquisa do Deserto da Judeia, uma iniciativa conduzida em conjunto pela Autoridade de Antiguidades de Israel, o Ministério do Patrimônio e o Oficial de Pessoal da Unidade de Arqueologia da Administração Civil na Judeia e Samaria. Nela há a inscrição "Santa Jerusalém" gravada em hebraico antigo, de acordo com a AAI.
A comunidade internacional se refere à antiga terra bíblica de Israel como Cisjordânia, enquanto os israelenses se referem à região por seus nomes bíblicos de Judeia e Samaria.
Primeira Revolta dos Judeus
Segundo um comunicado de imprensa da Autoridade de Antiguidades de Israel, "estas moedas foram cunhadas nos valores de shekel e meio-shekel na época da Primeira Revolta dos Judeus contra os Romanos na Judeia entre os anos 66-70 d.C., quando o Segundo Templo foi destruído em Jerusalém."
O objetivo principal do Levantamento do Deserto da Judeia, conduzido pela Autoridade de Antiguidades de Israel, era recuperar artefatos e achados antigos antes que saqueadores de antiguidades pudessem roubar ou destruir os tesouros históricas.
Para Amir Ganor, diretor do Projeto de Pesquisa e Escavação do Deserto da Judeia, "cada nova descoberta contribui para a história do povo e do país.”
A moeda siclo de prata depois de passar por uma limpeza intensa. (Foto: Emil Aladjem, Autoridade de Antiguidades de Israel).
Ele relatou: “Se não fosse pela pesquisa, a moeda poderia ter sido encontrada por saqueadores de antiguidades e vendida no mercado de antiguidades pelo preço mais alto oferecido. Ao longo dos seis anos do projeto, registramos mais de 800 cavernas e encontramos milhares de descobertas significativas".
A moeda é datada de 66/67 d.C. e "uma explicação para esta descoberta é que a moeda cunhada em Jerusalém caiu do bolso de um rebelde que escapou para o deserto durante a revolta – talvez a caminho da vizinha En Gedi", disse Israel Autoridade de Antiguidades.
Imposto do Templo
Estudioso numismático da Autoridade de Antiguidades de Israel, Yaniv David Levy disse: "Moedas do primeiro ano da revolta, como esta, são raras. Durante o período do Segundo Templo, os peregrinos judeus costumavam pagar um imposto do templo em moedas de meio siclo. Por cerca de dois séculos, moedas cunhadas em Tyrian, feitas de prata fina e um símbolo de status na região, foram usadas para esta contribuição."
Ele acrescentou: "No decorrer da revolta, os rebeldes cunharam moedas alternativas com a inscrição 'Shekel Israel', 'Meio Shekel' e 'Quarter-Shekel'. Parece que os rituais no Templo continuaram durante a revolta e essas moedas agora eram usadas pelos rebeldes."
Na época, os rebeldes judeus criaram uma "economia da Revolta Judaica" e cunharam suas próprias moedas de prata e bronze, segundo relata a Autoridade de Antiguidades de Israel.
"Os líderes da Revolta Judaica escolheram desafiar os governantes e cunhar moedas de prata de forma autônoma, usando a escrita hebraica e sem a imagem do imperador governante. Parece que as moedas foram cunhadas em Jerusalém, possivelmente no recinto do Templo", declarou a Autoridade de Antiguidades de Israel.
Fato e fé
Ze'ev Orenstein, diretor de assuntos internacionais da Fundação Cidade de David em Jerusalém, disse à Fox News Digital: "Esta descoberta destaca mais uma vez a conexão inegável do povo judeu com Jerusalém que remonta a milhares de anos, não apenas como uma questão de fé, mas como uma questão de fato."
Orenstein acrescentou: "Isso apesar dos esforços contínuos das Nações Unidas e da liderança palestina para apagar e minar essa mesma herança, com significado para centenas de milhões de americanos e bilhões de cristãos e judeus em todo o mundo".
"Uma moeda como esta, gravada em hebraico antigo com as palavras 'Santa Jerusalém', tinha o propósito singular de ser trazida ao Templo, que ficava no topo do Monte do Templo em Jerusalém, durante os festivais de peregrinação bíblica, como relatada na Bíblia", declarou Orenstein.
‘Um presente’
Eli Escusido, diretor da AAI, disse que "a descoberta da moeda de meio siclo é mais um presente que a Autoridade de Antiguidades de Israel concede à nação israelense – evidência em primeira mão de um período turbulento na história de nosso povo, 2.000 anos atrás, em um período de extremismo e discurso que dividiu a nação e levou à destruição."
Ele acrescentou: "Depois de dois milênios, voltamos ao nosso país, e a Santa Jerusalém é novamente nossa capital. A descoberta da moeda nesta época é um lembrete para nós do que aconteceu no passado, ensinando-nos a importância de trabalhar para unidade."