Liz Truss ainda era secretária de Relações Exteriores quando expôs interesse em transferir a embaixada do Reino Unido para Jerusalém. Agora, a nova primeira-ministra fez a mesma declaração ao premiê de Israel, Yair Lapid.
Durante o encontro, que aconteceu nesta quarta-feira (21) nas Nações Unidas, Truss disse a Lapid “sobre sua revisão da localização atual da Embaixada Britânica em Israel”, segundo informou um porta-voz de Downing Street ao The Guardian.
O primeiro-ministro israelense foi ao Twitter agradecer à líder britânica por considerar a mudança:
“Agradeço à minha boa amiga, primeira-ministra britânica Liz Truss, que anunciou que está considerando positivamente a mudança da Embaixada Britânica para Jerusalém, capital de Israel - continuaremos fortalecendo a parceria entre os países”.
מודה לידידתי הטובה, ראשת ממשלת בריטניה ליז טראס, שהודיעה כי היא שוקלת בחיוב את העברת שגרירות בריטניה לירושלים בירת ישראל- אנחנו נמשיך לחזק את השותפות בין המדינות 🇮🇱🇬🇧
— יאיר לפיד - Yair Lapid (@yairlapid) September 22, 2022
צילום: אבי אוחיון, לע״מ pic.twitter.com/0DZB0TGMsl
O governo de Israel comemora a possibilidade, uma vez que a ex-primeira-ministra britânica Theresa May fez críticas quando os EUA transferiram sua embaixada para Jerusalém, em 2017.
Truss, no entanto, disse aos Amigos Conservadores de Israel do Reino Unido, antes de ser eleita primeira-ministra, que revisaria a decisão de a embaixada permanecer em Tel Aviv caso se tornasse a líder britânica.
“Entendo a importância e a sensibilidade da localização da Embaixada Britânica em Israel. Tive muitas conversas com meu bom amigo primeiro-ministro Yair Lapid sobre esse assunto”, disse ela.
Outros países
Ex-diplomatas do Reino Unido estão criticando a possível mudança de embaixada, alegando que deveria aguardar o estabelecimento de um estado palestino.
Além dos EUA, já promoveram a mudança de suas embaixadas para Jerusalém, Honduras, Guatemala, Kosovo e, mais recentemente, o Suriname.
Outros países, incluindo Hungria, República Tcheca, Sérvia e Austrália, têm filiais oficiais de comércio ou defesa em Jerusalém.
Irã e acordo nuclear
Em Nova York para a Assembleia Geral da ONU, Lapid aproveitou para conversar com Truss sobre o Irã, enfatizando que não deve haver mais concessões ocidentais àquele país nas negociações sobre um retorno ao acordo nuclear de 2015. O premiê israelense também apresentou sua visão de um acordo nuclear “mais longo e mais forte”.
Os dois líderes também instruíram seus funcionários a concluir um acordo de livre comércio entre os países o mais rápido possível.
De acordo com o Times of Israel, a decisão do Reino Unido de não apoiar uma declaração internacional de 2017 em apoio a uma solução de dois Estados em Israel foi um momento decisivo na política de Israel do país – parte de uma mudança para a direita depois que o antecessor de Johnson, May, assumiu o poder. Anteriormente, o Reino Unido normalmente votava com outros países europeus para apoiar políticas e declarações mais críticas a Israel.
Após o Brexit, no início de 2020, o Reino Unido está mais livre para buscar uma política externa independente, inclusive no Oriente Médio, onde o Reino Unido já exerceu influência considerável.