O cristão iraniano, Hamed Ashoori, 31 anos, compartilhou um pouco de seu testemunho, poucos dias antes de ser levado à Prisão Central de Karaj, no Norte do Irã.
Ele foi preso e sentenciado a 10 meses de prisão por “propaganda contra a República Islâmica”, como o governo especifica as ações que contrariam a fé nacional.
“Agradeço a Deus por me considerar digno de suportar essa perseguição por causa dele”, revelou Hamed.
Conforme o Artigo 18, instituição que defende os cristãos perseguidos, na verdade, ele foi preso por suas “atividades cristãs”. No Irã, país que ocupa o 8º lugar na Lista Mundial da Perseguição, a conversão de muçulmanos ao cristianismo é uma ameaça às autoridades.
Diante desse cenário, as igrejas existem de maneira secreta e, quando são descobertas passam a ser invadidas, e todos os líderes e membros são presos. Eles recebem longas sentenças de prisão por “crimes contra a segurança nacional”.
Entenda o caso
Hamed foi detido pela primeira vez na cidade de Fardis. Em fevereiro de 2019, agentes de segurança invadiram sua casa, levando Bíblias, literaturas cristãs e seu computador. Hamed foi acusado depois que se recusou a cooperar com as autoridades.
Durante os interrogatórios, ofereceram a ele uma recompensa financeira, caso concordasse em delatar outros cristãos. Ao se recusar, foi agredido pelos policiais.
Após a libertação sob fiança, ele foi forçado a assistir a aulas de “reeducação” com um clérigo islâmico, mas depois de quatro sessões se recusou a retornar. Sua decisão desencadeou num processo judicial contra ele.
A ordem de prisão atrasou por conta da pandemia por Covid-19 e seu julgamento aconteceu em março de 2021. A sentença saiu em abril. Os advogados de defesa entraram com uma apelação, mas ela foi rejeitada no final de junho.
Hamed já está cumprindo sua sentença de dez meses de prisão por “propaganda contra a república islâmica”. Agora, sua família também está sendo ameaçada por forças de segurança do Irã.
Condições das prisões iranianas
Os corredores estão superlotados, com as autoridades prisionais recebendo 700 pessoas em corredores com capacidade para 200.
Muitos prisioneiros são forçados a dormir no chão, em cima de pedaços de papelão. As condições sanitárias são precárias e os presos enfrentam regularmente escassez de água. Todos os dias, das 14h às 18h, o abastecimento de água é cortado.
Houve uma redução do fornecimento de rações alimentares, em um quarto do que costumavam ser. “Os prisioneiros estão sempre com fome”, conforme um relatório. Esta será a realidade de Hamad para os próximos 10 meses, pelo “crime” de deixar o Islã para seguir Jesus.