Na última semana, um cristão foi preso acusado de blasfêmia por comentários feitos sobre o islamismo no TikTok. O ocorrido levou centenas de muçulmanos furiosos a cercar sua casa, na Indonésia.
A polícia prendeu o florista Rudi Simamora em Sunggal, na última quinta-feira (17) depois que ele afirmou que as mensagens de Maomé, o profeta do islamismo, eram de origem humana e não divina.
Segundo o portal TVOne.com, alguns moradores disseram que ele afirmou que Alá é racista.
Com isso, uma multidão de muçulmanos cercou a casa de Rudi e ele pediu ajuda da polícia por meio de sua conta no TikTok, informou a TribunMedan TV.
“Polícia, por favor me ajude. Por favor, ajudem os policiais que estão assistindo à transmissão. Amigos, por favor, entrem em contato com a polícia primeiro, seja lá quem for à polícia em Medan City”, disse ele em uma transmissão ao vivo.
Rudi foi detido em 2022 por supostamente ofender o islamismo, segundo o portal indonésio Tribun.com. Ele recebeu uma pena de um ano de prisão em 23 de fevereiro de 2023 e foi liberado no início deste ano.
O reverendo Erwin Tambunan, presidente da Associação Regional de Igrejas Indonésias de Medan (Persatuan Gereja Indonesia Daerah, ou PGID), emitiu um pedido de desculpas à comunidade muçulmana pelos comentários de Rudi em 2022 e afirmou que os cristãos apoiam todos os processos legais contra esse tipo de ofensa.
Outro relato de prisão por ‘blasfêmia’
Em 3 de setembro, o ex-vereador de Sibolga foi detido por suposta blasfêmia contra Maomé e o islamismo em sua conta no Facebook. Muchtar teria dito que os cristãos eram protegidos da magia negra dos muçulmanos.
A prisão aconteceu após Raju Firmanda, secretário do Comitê Nacional da Juventude da Indonésia (Komite Nasional Pemuda Indonesia, ou KNPI), Capítulo Central Tapanuli, ter processado Muchtar.
Segundo o Bisik.id, muçulmanos da região realizaram protestos contra Muchtar em frente à sede da polícia de Sibolga.
“Estou muito decepcionado com o comportamento de um ex-membro do Sibolga City DPRD que escreveu algo que suspeito ter insultado o islamismo.Também concordamos fortemente que não é permitido blasfemar contra nenhuma religião. Para isso, vamos monitorar esse processo de aplicação da lei até que esteja completo”, alegou Raju.
Dez dias após a denúncia à polícia sobre os comentários de Muchtar, ele foi detido, conforme informou o porta-voz da polícia de Sibolga, Iptu Suyatno, segundo o detikcom.
O Projeto Joshua informou que na Indonésia, os muçulmanos constituem 83,3% da população, enquanto 11,43% se identificam como cristãos, sendo que a população evangélica é estimada em 3,23%.
A perseguição na Indonésia
A missão Portas Abertas informou que no país, grupos radicais exercem uma forte influência na sociedade e na política.
Pastores e ativistas cristãos são os principais alvos da discriminação religiosa pública e podem enfrentar acusações e interrogatórios. Além de responder judicialmente por “incitação ao ódio religioso”.
As leis sobre blasfêmia na Indonésia são usadas para criar um ambiente de intolerância religiosa e reprimir a discordância, embora os líderes cristãos raramente sejam julgados.
A presença de grupos islâmicos radicais ligados ao Estado Islâmico também é uma ameaça à segurança física dos homens cristãos no local.
A perseguição aos cristãos na Indonésia se caracteriza pela opressão islâmica. As principais fontes dessa perseguição incluem: cidadãos e gangues, autoridades governamentais, líderes religiosos não cristãos, grupos religiosos extremistas, organizações de pressão ideológica, familiares e partidos políticos.
A Indonésia ficou em 42º lugar na Lista Mundial da Perseguição da Missão Portas Abertas de 2024 dos lugares mais difíceis para ser cristão.