Cristãos chineses de diversas congregações estão enfrentando a escolha entre destruir "voluntariamente" as cruzes em suas próprias igrejas ou verem os funcionários do governo destruí-las, segundo informaram relatórios de uma organização de Direitos Humanos.
A 'China Aid' informou que o número de cruzes de igrejas já destruídas em Zhejiang desde o início de 2016 aumentou para 49, enquanto o Partido Comunista continua a enviar soldados para as igrejas em várias províncias, com a missão de destruir as cruzes desses templos.
Foram enviadas notas oficiais às igrejas em Zhejiang, dizendo-lhes que eles têm que cumprir com as ordens de derrubar as cruzes das igrejas - ato que o governo defende que tem o objetivo de zelar pela preservação de um código que dita regras sobre os padrões das construções no país.
A China Aid e vários outros grupos de vigilância de perseguição religiosa têm apontado, no entanto, que a campanha de remoção de cruzes - que já levou vários pastores e centenas de cristãos a ficarem presos por um tempo - está, na realidade ligada às tentativas do governo em controlar a população cristã, atualmente em ascensão no país .
O relatório detalhou vários casos de igrejas que receberam avisos semelhantes, bem como as consequências que sofreriam caso se recusassem a cumprir tais ordens. A Igreja Zhongchang, em Wenzhou, por exemplo, teve seu fornecimento de água e eletricidade cortados.
A Igreja Hai'an, também em Wenzhou, também recusou-se a destruir ou remover a cruz de seu templo e isto levou o governo local a enviar cerca de 100 policiais para demolir à força a cruz, no dia 4 de março.
Em alguns casos, no entanto, como na Luxi Igreja, os fiéis bloquearam a entrada, se uniram em oraração e cantavam músicas cristãs, como atitude de protesto e forçaram a equipe de demolição a cancelar a operação, a fim de evitar um acidente.
O governo chinês tem apertado o controle sobre o cristianismo de diversas maneiras diferentes. No início de março, foi revelado que as autoridades católicas romanas em breve serão obrigadas a preencher cartões de identificação, indicando a sua fé - o que grupos como o 'International Christian Concern' têm comparado com os requisitos "Nazi-comunistas".
Duas organizações católicas controladas pelo governo da China também concordaram em ordenar bispos "sob a liderança do governo", algo que tem forte se oposição do Vaticano, que argumentou que os líderes da igreja devem ser escolhido pela própria Igreja Católica e não pelo governo no poder.
A repressão sobre as cruzes das igrejas também tem levado muitos a detenções de alto perfil, como a acusação formal contra o Pastor Gu Yuese, da Igreja Chongyi de Hangzhou - a maior igreja sancionada pelo governo da China.
Enquanto Gu foi oficialmente acusado de "fraudes" na igreja, o presidente da organização 'China Aid', Bob Fu disse ao 'Christian Post' em fevereiro que, na realidade, Gu está sendo punido por falar contra a remoção / destruição de cruzes.
"Isto vai abalar o espírito dos líderes de igrejas sancionadas pelo governo e as congregações em toda a China. Todos estes fatores irão ter um efeito cascata", disse Fu sobre a prisão do líder da mega-igreja.
Ele acrescentou sobre o Partido Comunista: "A liderança de topo está cada vez mais preocupada com o rápido crescimento da fé cristã, sua presença pública e sua influência social".