Cerca de 1,5 milhão de cristãos, ou cerca de 75% de todos os seguidores de Cristo no Iraque, fugiram do país desde 2003, segundo um legislador cristão iraquiano.
"O número de cristãos que vivem no país está agora entre 500.000 e 850.000", disse Josef Sleve à 'Agência Anadolu', na última quarta-feira (3). "Isso significa que nos últimos 14 anos, cerca de 1,5 milhão de cristãos emigraram para outros países".
Sleve observou que a invasão do Iraque, liderada pelos EUA em 2003 para derrubar o ditador Saddam Hussein pode ter dado início ao êxodo em massa, mas disse que as conquistas do grupo terrorista do Estado Islâmico no norte e oeste do país desde meados de 2014 desempenharam um papel importante, causando a maioria dessas fugas.
O grupo terrorista disse que quer acabar especificamente com os cristãos e já decapitou, executou, torturou e escravizou milhares de pessoas em todo seu território capturado, que se estende para a Síria e outras regiões.
Cristãos iraquianos da comunidade caldeia se envolveram em um "debate furioso" sobre o que deveriam fazer: se arriscar, permanecendo em suas casas, ou fugir para outros países por motivos de segurança.
Mark Arabo, porta-voz nacional da comunidade americana-caldeia e idealizador da Fundação Humanitária Minoritária Californiana, argumentou que os cristãos simplesmente não têm escolha senão fugir como refugiados se quiserem continuar vivos.
"Você não pode preservar uma cultura quando as pessoas estão sendo sistematicamente exterminadas", afirmou. "Durante o genocídio, a política deve refletir soluções para as vidas das famílias cristãs".
O arcebispo de Canterbury (anglicano), Justin Welby recentemente se encontrou com cristãos iraquianos durante uma visita à Jordânia e refletiu que os refugiados tiveram suas vidas "rasgadas".
"As pessoas são separadas de seus filhos e famílias e não têm idéia do que vai acontecer. Uma mulher teve seus filhos levados para Alemanha e para os Países Baixos, mas sua entrada foi entrada em ambos e ela não sabe se conseguirá reencontrá-los", Welby revelou.
"Os rapazes são vulneráveis a serem recrutados para causas extremistas, porque sua comunidade e grupos de amigos foram dissolvidos", acrescentou.
O líder da Comunhão Anglicana pediu esforços para apoiar os refugiados que conseguiram escapar e garantir que os cristãos no Oriente Médio não sejam exterminados.
"Os cristãos iraquianos que encontrei ontem dizem que sentem que o mundo os esqueceu, porque o foco da comunidade internacional está agora na Síria. Os iraquianos dizem que estão no final da lista, quando se trata de reassentamento ou apoio", disse Welby.