Dois anos após sequestrar meninas de Chibok, Boko Haram envia vídeo às famílias: "Estão vivas"

O canal americano CNN transmitiu um vídeo que mostra algumas das 219 estudantes sequestradas na Nigéria há dois anos. O rapto gerou a campanha #BringBackOurGirls, aderida por celebridades do mundo inteiro.

Fonte: Guiame, com informações da AFPAtualizado: quinta-feira, 14 de abril de 2016 às 13:26
Tais imagens foram transmitidas pela CNN já na última quarta-feira (13), supostamente filmadas no Natal. (Foto: Reprodução).
Tais imagens foram transmitidas pela CNN já na última quarta-feira (13), supostamente filmadas no Natal. (Foto: Reprodução).

O sequestro em massa de 219 meninas da Nigéria completa nesta quinta-feira (14) exatos dois anos. Não se sabe se este é o motivo, mas o grupo terrorista Boko Haram liberou imagens de 15 dessas garotas desaparecidas. O canal americano CNN declarou que a organização enviou o vídeo para a emissora com imagens após terem sido sequestradas de uma escola em Chibok, no nordeste da Nigéria, há dois anos.

Tais imagens foram transmitidas pela CNN já na última quarta-feira (13), supostamente filmadas no Natal e mostram as meninas usando vestes islâmicas e cobrindo as cabeças. "Estamos todas bem", disse uma das meninas no vídeo. Logo após os sequestros em 2014, o líder do Boko Haram disse que o grupo converteu as meninas à força ao islã.

Shehu Sani, o senador nigeriano que tentou negociar com o Boko Haram a libertação das meninas, afirmou à agência de notícias AP que as imagens pareciam ser autênticas. Yakubu Nkeki, que lidera um grupo de apoio aos pais das meninas desaparecidas, disse ter visto brevemente parte do vídeo da CNN e que reconheceu algumas das meninas.

O que era temido por muitos era que o Boko Haram tivesse amarrado explosivos nas meninas e usado elas-as como armas. A organização jihadista tem forçado cada vez mais mulheres e meninas a se detonarem em lugares públicos. Em março, uma adolescente se aproximou de autoridades em Camarões e alegou que o Boko Haram pretendia usá-la como bomba. Ela disse ser de Chibok, nome da região de onde as 219 meninas foram sequestradas.

Perseguição contra os cristãos

A busca pela matança contra os cristãos não para pelo norte da Nigéria. Cerca de 11.500 cristãos foram mortos no norte da Nigéria entre 2006 e 2014, e 13 mil igrejas foram destruídas, forçando 1,3 milhões de cristãos a fugirem para áreas mais seguras do país. Em fevereiro desse ano, políticos do Reino Unido se reuniram em uma sala do Parlamento para ouvir sobre a perseguição que os cristãos têm sofrido.

Mais de 35 parlamentares e colegas participaram do lançamento de um relatório elaborado pela Missão Internacional Portas Abertas, incluindo o Secretário de Relações Exteriores Hilary Benn, o Ministro do Desenvolvimento Internacional Desmond Swayne e o ex-secretário de negócios Chuka Umanna.

A advogada principal da Missão Portas Abertas, Zoe Smith disse ao site americano 'Christian Today' após o evento, que os políticos foram lembrados que os cristãos não apenas sofrem ataques do Boko Haram, mas também dos pastores (criadores de gado) da tribo Fulani e outras figuras islâmicas do governo local.

Resistencia

Embora a Nigéria tenha sofrido um intenso aumento nos casos de perseguição aos cristãos, muçulmanos do norte do país estão se convertendo ao cristianismo, de acordo com o relatório de missionários. Apenas em 2015, o número de cristãos mortos no país aumentou em 62%, deixando 4.028 vítimas e 198 igrejas atacadas, de acordo com um relatório da organização Portas Abertas.

Entenda a história

O Boko Haram sequestrou 276 estudantes da Escola Secundária para Meninas do governo de Chibok na noite de 14 de abril de 2014. Dezenas de meninas conseguiram escapar, mas 219 continuam desaparecidas. Apesar do Boko Haram ter reivindicado o rapto de milhares de pessoas ao longo dos anos, o sequestro em massa das estudantes atraiu nova atenção ao grupo, que não recebia muita cobertura midiática fora da África.

Após toda a repercussão, ativistas em redes sociais lançaram a campanha #BringBackOurGirls (Tragam de volta nossas garotas), com a participação de celebridades como a primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, a atriz e embaixadora do Acnur Agelina Jolie, a vencedora do Prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai, e a pré-candidata democrata à presidência dos EUA, Hillary Clinton.

Algo que contribuiu para a derrota do então presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, nas eleições presidenciais do ano passado foram os sequestros e as falhas de autoridades e militares da Nigéria em resgatar as meninas e combater o terrorismo do Boko Haram. Inicialmente, ele havia negado completamente o rapto em massa, mas depois aceitou a ajuda de outros países para procurar pelas estudantes.

Estados Unidos, Reino Unido e França enviaram consultores, incluindo negociadores de reféns. Drones americanos e britânicos chegaram a localizar um grupo de cerca de 80 meninas e relataram o local ao governo e ao Exército da Nigéria, mas as autoridades locais não conseguiram resgatá-las a tempo.

Confira um trecho do vídeo da CNN

 

 

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