Um vilarejo cristão que fica no Estado de Chin, em Mianmar, foi incendiado por militares, de acordo com a Portas Abertas. Segundo fontes locais, antes do incêndio, cinco pessoas foram sequestradas. No momento do sequestro, muitos fugiram por medo dos ataques do exército.
Desde que a junta militar tomou o poder, em fevereiro de 2021, Mianmar entrou em crise e a situação fica pior a cada dia. Os incêndios estão acontecendo com mais frequência.
A organização conta que, em agosto, os soldados incendiaram 15 casas no vilarejo Haimual, que fica a Oeste do país. Inúmeros refugiados fugiram para Mizoram, um Estado indiano próximo à fronteira com Mianmar, onde é um pouco mais seguro para eles.
Situação complicada para cristãos
Embora algumas famílias consigam chegar a abrigos, elas temem que os ataques aconteçam ali também. Os deslocados vivem em condições precárias, sem trabalho e dividindo alimentos entre centenas de pessoas.
Os abrigos já estão lotados em diversas partes do país e os recursos são limitados. Rama — nome fictício por razões de segurança — uma parceira local da Portas Abertas, disse que “há muitas pessoas preocupadas com o que vão comer e não sabem como vão sobreviver”.
Se para os cidadãos birmaneses já é difícil enfrentar a guerra civil que assola o país, para os cristãos a situação se torna ainda pior. Eles tentam se refugiar em Mizoram, onde também há preconceito e hostilidade contra aqueles que se decidem por Cristo.
Cristãos são considerados ilegais e, por isso, são indesejados. Alguns chegam a ser rastreados e presos pelo governo. Isso criou uma esfera de insegurança e medo para outros refugiados que estavam a caminho dos abrigos buscando refúgio.
Em busca de refúgio
Há cristãos indianos recebendo os refugiados em Manipur e os ajudando a encontrar descanso.
Apesar da dificuldade em encontrar abrigos, apenas conseguir fugir já é uma vitória para muitos cristãos perseguidos em Mianmar, já que muitos ficam encurralados em zonas de guerra. As autoridades restringiram a circulação de pessoas em algumas áreas.
“Mari e Nini [nomes fictícios] são duas jovens da tribo cristã kayah afetadas pela guerra civil. Ambas querem sair da região para buscar refúgio em outro país e tentar melhorar de vida. Essas moças foram presas no ponto de inspeção onde solicitaram o passaporte”, disse Ko Min [nome fictício], um parceiro da Portas Abertas.
“As autoridades locais não permitem que os cristãos da tribo kayah se desloquem para outros lugares, nem mesmo as crianças que querem estudar podem sair. Se as autoridades descobrem que alguém que pertence à etnia kayah saiu, a pessoa será presa imediatamente”, contou.
“Os militares ficam nas zonas de conflito vigiando constantemente os documentos e revistando bolsas, o que torna a fuga um grande desafio”, acrescentou ainda.
Mari e Nini continuam presas e não há informações sobre quando elas serão libertas. Isso se tornou uma tendência preocupante para cristãos étnicos em diferentes partes de Mianmar, pois são submetidos a investigações e interrogatórios em postos de inspeção. A organização pede orações por todos eles e pelos cristãos perseguidos em todo o mundo.