A Igreja Batista de Thantlang, uma das maiores igrejas de Mianmar, foi incendiada por soldados no dia 9 de junho, relatou a Portas Abertas nesta quarta-feira (29). Não houve feridos, mas o ataque abalou os fiéis.
“Essas notícias acabaram com a alegria deles”, disse Teresa (nome fictício), parceira local da Portas Abertas.
Mais de 600 famílias frequentam a Igreja Batista de Thantlang, a tornando a maior do estado de Chin e uma das maiores de Mianmar. Com uma congregação tão grande, esta é uma das denominações mais prestigiadas do estado e uma das igrejas mais importantes do país.
Desde o golpe militar de fevereiro de 2021, a junta militar de Mianmar governa o país com violência, atacando civis e aterrorizando cidadãos. Os cristãos foram particularmente atingidos: mais de 1.200 casas e 11 igrejas foram incendiadas apenas em Thantlang.
Thantlang Baptist Church, the largest congregation in Thantlang, was burnt down in the 30th attacks on the town by junta troops late this afternoon. The church had survived 2 previous targeted rocket attacks. 11 churches have been destroyed in Thantlang alone since Oct 2021. pic.twitter.com/Cm0Ca3li8e
— ChinHumanRightsOrg (@ChinHumanRights) June 9, 2022
Em 29 de outubro de 2021, o escritório da Igreja Batista de Thantlang e um de seus salões foram queimados. Apenas algumas semanas depois, em 17 de dezembro, o Christian Community Hall da igreja, um dormitório, a cozinha e a sala de oração foram atingidos. Em 30 de dezembro, um salão memorial, um salão de reuniões, uma casa de hóspedes e um salão de recepção também foram destruídos pelas tropas do regime.
“Dói bem no coração”
Em meio a violência por parte dos militares, muitos moradores acabam fugindo de suas casas. Kima (nome fictício), um cristão local, fugiu de Thantlang e vive como refugiado há algum tempo desde o golpe.
“Quando ouvimos que os soldados estavam se aproximando da nossa aldeia, a gente pegava o que conseguia carregar e fugia para a selva. Às vezes ficávamos até o anoitecer, às vezes por muitos dias. Quando a gente ouvia que os soldados foram embora, voltávamos para nossas casas”, ele conta.
Quando os soldados começaram a queimar as casas e as igrejas, eles entenderam que era hora de fugir de vez. “Não era mais seguro para nós.”
Zuala, um residente de Thantlang que agora vive como refugiado, lamenta: “Trabalhamos duro, contribuímos com dinheiro, construímos a igreja com nossas próprias mãos. Nossa igreja é preciosa para nós. Quando a vemos sendo destruída e queimada, isso nos dói bem no coração. É doloroso. Se sua igreja for queimada, você não sentirá o mesmo?”
Muitos moradores de Thantlang construíram abrigos temporários usando bambu, madeira e lona. Os parceiros da Portas Abertas estão procurando ajudar os cristãos com seus abrigos antes do início das monções — um período de fortes chuvas durante o verão em países asiáticos.
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