Uma das maiores igrejas de Mianmar é incendiada por soldados: “É doloroso”

Uma igreja batista com mais de 600 membros foi completamente destruída por soldados.

Fonte: Guiame, com informações da Portas AbertasAtualizado: quinta-feira, 30 de junho de 2022 às 11:27
Diversas igrejas têm sido atacadas por soldados em Mianmar. (Foto: Chin Human Rights Organization)
Diversas igrejas têm sido atacadas por soldados em Mianmar. (Foto: Chin Human Rights Organization)

A Igreja Batista de Thantlang, uma das maiores igrejas de Mianmar, foi incendiada por soldados no dia 9 de junho, relatou a Portas Abertas nesta quarta-feira (29). Não houve feridos, mas o ataque abalou os fiéis.

“Essas notícias acabaram com a alegria deles”, disse Teresa (nome fictício), parceira local da Portas Abertas. 

Mais de 600 famílias frequentam a Igreja Batista de Thantlang, a tornando a maior do estado de Chin e uma das maiores de Mianmar. Com uma congregação tão grande, esta é uma das denominações mais prestigiadas do estado e uma das igrejas mais importantes do país. 

Desde o golpe militar de fevereiro de 2021, a junta militar de Mianmar governa o país com violência, atacando civis e aterrorizando cidadãos. Os cristãos foram particularmente atingidos: mais de 1.200 casas e 11 igrejas foram incendiadas apenas em Thantlang. 

Em 29 de outubro de 2021, o escritório da Igreja Batista de Thantlang e um de seus salões foram queimados. Apenas algumas semanas depois, em 17 de dezembro, o Christian Community Hall da igreja, um dormitório, a cozinha e a sala de oração foram atingidos. Em 30 de dezembro, um salão memorial, um salão de reuniões, uma casa de hóspedes e um salão de recepção também foram destruídos ​​pelas tropas do regime. 

“Dói bem no coração”

Em meio a violência por parte dos militares, muitos moradores acabam fugindo de suas casas. Kima (nome fictício), um cristão local, fugiu de Thantlang e vive como refugiado há algum tempo desde o golpe. 

“Quando ouvimos que os soldados estavam se aproximando da nossa aldeia, a gente pegava o que conseguia carregar e fugia para a selva. Às vezes ficávamos até o anoitecer, às vezes por muitos dias. Quando a gente ouvia que os soldados foram embora, voltávamos para nossas casas”, ele conta.

Quando os soldados começaram a queimar as casas e as igrejas, eles entenderam que era hora de fugir de vez. “Não era mais seguro para nós.” 

Zuala, um residente de Thantlang que agora vive como refugiado, lamenta: “Trabalhamos duro, contribuímos com dinheiro, construímos a igreja com nossas próprias mãos. Nossa igreja é preciosa para nós. Quando a vemos sendo destruída e queimada, isso nos dói bem no coração. É doloroso. Se sua igreja for queimada, você não sentirá o mesmo?” 

Muitos moradores de Thantlang construíram abrigos temporários usando bambu, madeira e lona. Os parceiros da Portas Abertas estão procurando ajudar os cristãos com seus abrigos antes do início das monções — um período de fortes chuvas durante o verão em países asiáticos.

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