Um cristão paquistanês afirma que foi forçado a uma confessar que cometeu uma 'blasfêmia' porque ele não suportou ver sua esposa sendo torturada.
Shafqat Emmanuel e Shagufta Kausar, de Gojra no Paquistão oriental, foram considerados culpados em 2013, por enviar uma mensagem de texto para os muçulmanos locais, contendo uma "blasfêmia" contra o profeta Maomé. Ambos foram condenados à morte.
De acordo o relatório dos cristãos, dado a um site local, ambos foram torturados pela polícia. Shafqat - que é paraplégico - disse aos advogados de organizações humanitárias que não suportou ver sua esposa ser torturada e confessou o crime.
"Não há homem que possa suportar ver sua esposa ser torturada pela polícia. Para salvar a minha esposa, eu acabei confessando o crime", disse.
O casal, que tem quatro filhos e trabalha na escola St. John, em Gojra (Paquistão), negou que tenha enviado a mensagem e que o texto de SMS foi enviado de um cartão SIM não era deles.
"Não havia nenhuma evidência de que as mensagens de texto vieram de um telefone de propriedade do casal", disse Farrukh Saif, um funcionário da 'World Vision' ('Visão Mundial'), que está ajudando-os.
"Em primeiro lugar eles tinham perdido o telefone há alguns meses antes de Julho de 2013 e em segundo lugar, não havia nenhum cartão SIM em seus nomes", acrescentou.
"A única evidência policial produzida foi uma conta de um cartão SIM, que era do proprietário de uma loja, que ainda não foi ouvido pela polícia".
Shafqat apelou para a Suprema Corte em Lahore (Paquistão), buscando o direito à fiança devido ao seu estado de saúde se deteriorando.
"Eu fiquei gravemente ferido corro o risco possa de morrer na prisão, porque não há nenhuma possibilidade de um tratamento melhor lá", disse ele em sua petição.
As 'leis de blasfêmia' são notoriamente rígidas no Paquistão e têm sido amplamente criticadas pelas organizações humanitárias. Elas são usadas para acessar as contas privadas e os tribunais estão relutantes para absolver os acusados, enquanto a violência (tortura) é um método frequente neste processo. As acusações são feitas com pouca ou nenhuma evidência concreta.
Tentativas de modificar a lei têm sido vencidas, considerando que políticos proeminentes, como Salman Taseer e Shahbaz Bhatti foram assassinados por sua oposição a esta lei. Mais de 60 pessoas acusadas de blasfêmia foram assassinadas antes de seu julgamento ser concluído.
Embora ninguém tenha sido executado espeficicamente sob a acusação de 'blasfêmia', aqueles que são condenados por este crime não têm perspectiva de vida na prisão.