Conforme o novo relatório da ONU que “irritou Pequim”, alguns aspectos da política da China podem até equivaler à “escravidão e crimes contra a humanidade”.
O “trabalho forçado” foi encontrado na região de Xinjiang, um território autônomo ao noroeste do país, numa região vasta de desertos e montanhas, onde vivem muitas minorias étnicas, como os uigures e os cazaques.
O especialista da ONU disse que “é razoável concluir que o trabalho forçado entre as minorias, em setores como agricultura e manufatura, ocorreu na região ocidental onde a China foi acusada de abusos de direitos humanos e até de genocídio”.
“Violência física e sexual e outros tratamentos desumanos”
De acordo com o boletim europeu Político Pro, “o Relator Especial da ONU, Tomoya Obokata, fez comentários contundentes sobre formas contemporâneas de escravidão’.
Lembrando que o conceito de escravidão é pautado no regime de trabalho onde homens e mulheres são forçados a executar tarefas sem receber remuneração, além de ter suas liberdades negadas, pois são tratadas como “propriedades” e não pessoas.
O relatório, que foi divulgado na última quarta-feira (17), aponta para a “natureza e extensão dos poderes exercidos sobre os trabalhadores afetados durante o trabalho forçado, incluindo vigilância excessiva, condições de vida e trabalho abusivas, restrição de movimento por meio de internação, ameaças, violência física e/ou sexual e outros tratamentos desumanos e degradantes”.
“Alguns casos podem equivaler à escravização como um crime contra a humanidade, merecendo uma análise independente adicional”, continua.
China se defende
Ainda conforme o relatório da ONU, o trabalho forçado também foi identificado no Tibete. Depois da publicação, Pequim criticou o especialista em escravidão da ONU.
“Um certo relator especial prefere acreditar em mentiras e desinformações sobre Xinjiang espalhadas pelos EUA e alguns outros países ocidentais e forças anti-China”, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.