Satanistas pedem “exceção religiosa” para realizar rituais de aborto nos EUA

A ação visa conseguir acesso irrestrito a medicamentos usados para interromper a gravidez.

Fonte: Guiame, com informações de Fox NewsAtualizado: quarta-feira, 11 de maio de 2022 às 15:26
Apesar de se dizer ateu, o Templo Satânico usa a estátua do ídolo pagão Baphomet. (Foto: The Satanic Temple/Instagram)
Apesar de se dizer ateu, o Templo Satânico usa a estátua do ídolo pagão Baphomet. (Foto: The Satanic Temple/Instagram)

O Templo Satânico (TST — The Satanic Temple), uma organização fundada em 2013, nos EUA, disse que seus adeptos devem ter exceções religiosas para realizar rituais de aborto em estados que colocaram barreiras ao procedimento. 

O TST, fundado por Lucien Greaves e Malcolm Jarry, é um grupo religioso não-teísta e ativista político com sede em Salem, Massachusetts. O grupo usa o imaginário satânico para promover o igualitarismo, a justiça social e a separação entre igreja e estado. 

“Em estados que proíbem o aborto, mas concedem exceções para casos de incesto e estupro, os membros devem ter uma exceção para realizar o ritual de aborto religioso do Templo Satânico”, escreveram os responsáveis. 

Agora a organização está entrando com uma ação, acrescentando que o “acesso irrestrito aos medicamentos usados ​​para interromper uma gravidez seria um passo considerável para permitir que o TST realize seu ritual de aborto sem a interferência do governo, conforme a Fox News. 

Argumentos estratégicos do Templo Satânico

A organização que se denomina como “religiosa” introduziu o “Ritual de Aborto Satânico” para defender uma “exceção religiosa” sob a Lei de Restauração da Liberdade Religiosa (RFRA) — uma lei federal de 1993 que tornou ilegal para os estados interferir na religião de qualquer pessoa sem demonstrar um interesse convincente. 

Vale ressaltar também que desde abril de 2019, o Serviço de Impostos Internos dos Estados Unidos (IRS, na sigla em inglês) concede deduções fiscais aos cidadãos que doem dinheiro para o Templo Satânico. 

Ou seja, a organização, que desde 2013 promove a ideia de culto ao diabo, tem o mesmo status de instituições de caridade e igrejas, sinagogas e mesquitas.

O argumento do TST é que, se o aborto for considerado um ritual religioso dentro da organização, o Estado não pode intervir legalmente ou sobrecarregar os pacientes com pré-requisitos. 

O argumento do “ritual” veio em meio a uma série de ações judiciais direcionadas ao Missouri, onde as mulheres são, entre outras coisas, obrigadas a ler folhetos de “consentimento informado” antes de fazer um aborto.  

Sobre o “ritual de aborto”

Um dos princípios centrais do TST é que “o corpo é inviolável, sujeito apenas à vontade própria”. O ritual do aborto, segundo o site do TST, envolve a recitação de dois de seus princípios e uma afirmação pessoal que está “cerimoniosamente entrelaçada" com o aborto. 

“Como os procedimentos de pré-requisitos, como períodos de espera, visualização obrigatória de ultrassonografias e aconselhamento obrigatório, contrariam as convicções religiosas dos satanistas, aqueles que realizam o ritual de aborto religioso estão isentos desses requisitos e podem receber abortos no primeiro trimestre sob demanda em estados que promulgaram a Lei Religiosa. Freedom Restoration Act”, diz a organização em seu site.  

Ascensão do Templo Satânico nos EUA

A estátua de satanás, inaugurada em 2015, em Detroit, atraiu protestos de cristãos locais, na época, conforme publicação do Guiame

A estátua de Baphomet de uma tonelada, com 2,74 metros de altura, com um corpo humano e uma cabeça de cabra se assemelha a uma escultura do grupo lançada anteriormente. Estátuas de duas crianças em poses de adoração, uma de cada lado, também fazem parte do monumento.

Em fevereiro deste ano, o Guiame também informou sobre a inauguração do “Clube de Satanás em uma escola de ensino fundamental dos EUA.

O objetivo do TST era promover uma campanha nacional para combater os “Clubes Cristãos de Boas Novas” (“Christian Good News Clubs”), oferecidos aos alunos após as aulas.

Em resposta à iniciativa, os pais protestaram do lado de fora da escola Jane Addams, em Moline, quando houve a primeira reunião do Satan Club. 

O TST se defendeu dizendo que a organização ateísta e que seus seguidores não acreditam em um diabo literal. Para eles, o diabo é simplesmente um símbolo de “desafio, independência, sabedoria e auto-capacitação”.

Teólogos fazem alertas aos cristãos, dizendo que o verdadeiro perigo espiritual é justamente acreditar que Satanás não existe.

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