O Templo Satânico (TST — The Satanic Temple), uma organização fundada em 2013, nos EUA, disse que seus adeptos devem ter exceções religiosas para realizar rituais de aborto em estados que colocaram barreiras ao procedimento.
O TST, fundado por Lucien Greaves e Malcolm Jarry, é um grupo religioso não-teísta e ativista político com sede em Salem, Massachusetts. O grupo usa o imaginário satânico para promover o igualitarismo, a justiça social e a separação entre igreja e estado.
“Em estados que proíbem o aborto, mas concedem exceções para casos de incesto e estupro, os membros devem ter uma exceção para realizar o ritual de aborto religioso do Templo Satânico”, escreveram os responsáveis.
Agora a organização está entrando com uma ação, acrescentando que o “acesso irrestrito aos medicamentos usados para interromper uma gravidez seria um passo considerável para permitir que o TST realize seu ritual de aborto sem a interferência do governo, conforme a Fox News.
Argumentos estratégicos do Templo Satânico
A organização que se denomina como “religiosa” introduziu o “Ritual de Aborto Satânico” para defender uma “exceção religiosa” sob a Lei de Restauração da Liberdade Religiosa (RFRA) — uma lei federal de 1993 que tornou ilegal para os estados interferir na religião de qualquer pessoa sem demonstrar um interesse convincente.
Vale ressaltar também que desde abril de 2019, o Serviço de Impostos Internos dos Estados Unidos (IRS, na sigla em inglês) concede deduções fiscais aos cidadãos que doem dinheiro para o Templo Satânico.
Ou seja, a organização, que desde 2013 promove a ideia de culto ao diabo, tem o mesmo status de instituições de caridade e igrejas, sinagogas e mesquitas.
O argumento do TST é que, se o aborto for considerado um ritual religioso dentro da organização, o Estado não pode intervir legalmente ou sobrecarregar os pacientes com pré-requisitos.
O argumento do “ritual” veio em meio a uma série de ações judiciais direcionadas ao Missouri, onde as mulheres são, entre outras coisas, obrigadas a ler folhetos de “consentimento informado” antes de fazer um aborto.
Sobre o “ritual de aborto”
Um dos princípios centrais do TST é que “o corpo é inviolável, sujeito apenas à vontade própria”. O ritual do aborto, segundo o site do TST, envolve a recitação de dois de seus princípios e uma afirmação pessoal que está “cerimoniosamente entrelaçada" com o aborto.
“Como os procedimentos de pré-requisitos, como períodos de espera, visualização obrigatória de ultrassonografias e aconselhamento obrigatório, contrariam as convicções religiosas dos satanistas, aqueles que realizam o ritual de aborto religioso estão isentos desses requisitos e podem receber abortos no primeiro trimestre sob demanda em estados que promulgaram a Lei Religiosa. Freedom Restoration Act”, diz a organização em seu site.
Ascensão do Templo Satânico nos EUA
A estátua de satanás, inaugurada em 2015, em Detroit, atraiu protestos de cristãos locais, na época, conforme publicação do Guiame.
A estátua de Baphomet de uma tonelada, com 2,74 metros de altura, com um corpo humano e uma cabeça de cabra se assemelha a uma escultura do grupo lançada anteriormente. Estátuas de duas crianças em poses de adoração, uma de cada lado, também fazem parte do monumento.
Em fevereiro deste ano, o Guiame também informou sobre a inauguração do “Clube de Satanás” em uma escola de ensino fundamental dos EUA.
O objetivo do TST era promover uma campanha nacional para combater os “Clubes Cristãos de Boas Novas” (“Christian Good News Clubs”), oferecidos aos alunos após as aulas.
Em resposta à iniciativa, os pais protestaram do lado de fora da escola Jane Addams, em Moline, quando houve a primeira reunião do Satan Club.
O TST se defendeu dizendo que a organização ateísta e que seus seguidores não acreditam em um diabo literal. Para eles, o diabo é simplesmente um símbolo de “desafio, independência, sabedoria e auto-capacitação”.
Teólogos fazem alertas aos cristãos, dizendo que o verdadeiro perigo espiritual é justamente acreditar que Satanás não existe.