A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução na quarta-feira (1), por 129 a favor e 11 contra, que nega os laços judaicos com o Monte do Templo e chama o local apenas pelo nome muçulmano de Haram al-Sharif.
O texto, conhecido como a “resolução de Jerusalém”, é parte de um esforço da Autoridade Palestina e de países árabes na ONU para reformular o local sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos como exclusivamente islâmico.
Os Estados Unidos, que se opuseram ao texto, disseram que a mudança do nome do local é “uma preocupação real e séria”.
“É moral, histórica e politicamente errado que a Assembleia apoie uma linguagem que nega as conexões tanto de judeus quanto de muçulmanos com o Monte do Templo e Haram al-Sharif”, disse o representante americano.
Os EUA não foram o único país a expressar preocupação com a mudança de linguagem. Há três anos, quando uma outra resolução que mencionava Haram al-Sharif foi aprovada, todos os países europeus votaram a favor do texto, este ano alguns deles mudaram de voto.
Hungria e República Tcheca se opuseram à resolução, enquanto Albânia, Bulgária, Dinamarca, Alemanha, Lituânia, Holanda, Romênia, Eslováquia e Eslovênia se abstiveram.
Já o Brasil afirmou que a resolução “deve refletir a importância histórica das três religiões monoteístas e considerar as sensibilidades de cada uma em termos dos locais sagrados”.
Abordagem desequilibrada
Em tom de crítica, um enviado britânico disse que a resolução se refere aos locais sagrados em Jerusalém em termos puramente islâmicos, sem reconhecer a terminologia judaica do Monte do Templo.
“O Reino Unido deixou claro por muitos anos que discordamos dessa abordagem”, afirmou. “O Reino Unido, portanto, mudou nosso voto de hoje de 'sim' para 'abstenção'. Se a referência desequilibrada tivesse sido removida, o Reino Unido estaria pronto e disposto a votar 'sim'”.
Ele acrescentou: “Isso não deve ser mal interpretado como um reflexo de uma mudança na política do Reino Unido em relação a Jerusalém. Em vez disso, é um sinal importante de nosso compromisso em reconhecer a história de Jerusalém em relação às três religiões monoteístas”.
A União Europeia também se posicionou a favor de manter os termos judaico e muçulmanos para o local. Apesar disso, um bom número de Estados membros da UE aprovou o texto, incluindo Bélgica, França, Espanha e Itália.
O Embaixador Palestino na ONU, Riyad Mansour, agradeceu àqueles que apoiaram o texto de Jerusalém. Ele ainda pediu à ONU que aceite a Palestina como um Estado membro e responsabilize Israel por sua recusa em voltar às linhas pré-guerra de 1967.
“Jamais aceitaremos continuar vivendo sob ocupação em um sistema de apartheid, merecemos liberdade e dignidade em nossa pátria”, disse Mansour.