Um confronto na fronteira de Israel com Gaza resultou em 15 mortos e mais de mil feridos na última sexta-feira (30). O conflito ocorreu no primeiro dia das seis semanas de protestos contra a ocupação israelense no território, chamados de “Marcha do Retorno”.
Com o apoio dos grupos de direitos humanos, os palestinos alegam que foram recebidos com força desproporcional pelos soldados israelenses. Israel informa que agiu cuidadosamente para proteger as comunidades da região e impedir a violação de suas fronteiras.
O episódio provocou agitação na comunidade internacional. As Nações Unidas e a União Europeia pediram uma investigação independente e transparente sobre o caso. O ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, descartou a realização de um inquérito, pois os militares israelenses “fizeram o que tinha que ser feito”.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, descreveu a ação israelense como “um ataque desumano”. Em resposta, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse no Twitter que “o exército mais moral do mundo não será ensinado sobre moralidade por alguém que, por anos, tem bombardeado indiscriminadamente a população civil”, referindo-se à ofensiva turca contra os curdos na Síria. Erdogan chamou o líder israelense de “terrorista”.
O protesto de sexta-feira foi apoiado pelo Hamas, grupo islâmico palestino que controla a Faixa de Gaza. Os organizadores das manifestações disseram que pretendem aumentar a conscientização internacional sobre o bloqueio imposto por Israel e Egito e exigir o retorno dos palestinos à região que foi conquistada por Israel em 1948.
Manifestantes palestinos arremessam pedras contra as forças israelenses. (Foto: AFP/Disse Khatib)
Segundo as Forças de Defesa de Israel, pelo menos 10 dos mortos eram membros de grupos terroristas palestinos, incluindo o Hamas. Na noite de sábado (31), o Hamas reconheceu que cinco dos mortos eram seus pistoleiros.
“Na última sexta-feira, nós paramos em frente à fronteira. Da próxima vez, não sabemos onde será o limite”, disse em tom de ameaça o líder do grupo, Ismail Haniya, no domingo (1).
As autoridades de saúde de Gaza disseram que mais 800 manifestantes foram feridos por tiros. No entanto, essa declaração foi vista como “absurda” pelo general Ronen Manelis, porta-voz do Exército de Israel, esclarecendo que os feridos foram atingidos por balas de borracha e gás lacrimogêneo.
Manelis informou que suas tropas dispararam com precisão e que havia informações de que o Hamas estava planejando ataques sob a cobertura dos protestos. Ele disse que o princípio era “não permitir a sabotagem da infra-estrutura militar e não permitir nenhuma invasão em massa através das cercas”.