Líderes cristãos no Sudão, África, revelaram que o governo deteve um carregamento de Bíblias, exigindo taxas alfandegárias das quais a literatura religiosa está isenta. Os líderes da Igreja afirmaram que há uma grande necessidade de Bíblias em árabe entre os cerca de 2 milhões de cristãos no país.
O reverendo Saad Idris Komi, presidente da Igreja Pentecostal do Sudão, afirmou que as autoridades alfandegárias não liberaram a remessa de Bíblias no início deste mês, por rejeitarem o pedido de isenção de impostos da igreja.
O pastor Komi explicou que desde de julho de 2020, a Lei dos Direitos e Liberdades Fundamentais do Sudão garante a isenção de impostos sobre a literatura religiosa.
O conselheiro do ministro do Ministério de Assuntos Religiosos e Dotações do Sudão, o cristão Botrous Badawi, apresentou uma reclamação sobre o carregamento de Bíblias detido durante um workshop sobre liberdade religiosa em Cartum, capital do país, no dia 8 de agosto.
Imóveis das igrejas confiscados
Badawi também criticou a falta de medidas das autoridades para devolver os imóveis de igrejas, que foram confiscados no governo do ex-presidente Omar al-Bashir, deposto em abril de 2019.
Entre os imóveis, está o antigo Clube Católico, localizado em frente ao Aeroporto Internacional de Cartum. Durante a presidência de Bashir, o prédio foi transformado na sede do Partido do Congresso Nacional.
Um prédio da Igreja do Interior do Sudão, usado pela Igreja Internacional de Cartum e por outras organizações cristãs, também foi confiscado para abrigar os escritórios do antigo Serviço Nacional de Inteligência e Segurança (NISS), que prendia cristãos sem acusação ou julgamento.
Durante o governo islâmico de Bashir, igrejas foram confiscadas ou destruídas, e a literatura cristã foi limitava sob a justificativa de que a maioria dos cristãos sudoneses já haviam deixado o país, de acordo com o relato dos líderes da Igreja.
Desde 2012, o Sudão expulsou cristãos estrangeiros e autoridades invadiram livrarias cristãs e prenderam crentes. O governo ameaçou de morte os seguidores de Cristo que se recusaram a abandonar o país e a delatar outros cristãos. Em abril de 2013, o então Ministro de Orientação e Dotações do Sudão anunciou que licenças para a construção de novas igrejas não seriam concedidas.
O governo de transição, iniciado em 8 de setembro de 2019, liderado pelo primeiro-ministro Abdalla Hamdok, ficou encarregado de governar durante um período de 39 meses. Hamdok enfrenta o desafio de erradicar a corrupção e um estado islâmico, enraizado durante os 30 anos de poder de Bashir.
Em março de 2020, o Sudão ordenou o fim dos comitês impostos às igrejas pelo antigo regime, uma medida necessária para devolver as propriedades da igreja. Agora, os líderes cristãos aguardam a ação legal para recuperar seus prédios. Eles estão exigindo que o governo de transição devolva todos os imóveis que foram tomados de forma indevida.
O Sudão está na 12º posição na lista dos países mais perseguidos, de 2021, da Missão Portas Abertas.