Advogado cristão especializado em direitos humanos, o chinês Gao Zhisheng falou recentemente sobre as sessões de tortura que teria sofrido na prisão e previu que o Partido Comunista de seu país (CPC) entrará em colapso em 2017.
"[Eu acredito] que em cerca de dois anos ... este regime sinistro irá historicamente entrar em colapso e morrer", escreveu Gao, de 51 anos de idade, em uma carta ao fundador e presidente da organização de direitos humanos 'China Aid', Bob Fu.
Gao disse que o "regime do mal" imposto pelo CPC vai tentar mostrar ao mundo que ele ainda é poderoso "nos últimos momentos, antes de sua morte", mas esta será apenas uma estratégia para manter as aparências.
O Presidente Xi Jinping foi recentemente recebido com honras, durante a sua primeira visita de Estado (caráter oficial) ao Reino Unido e de acordo com o Departamento Internacional do CPC, a chanceler alemã Angela Merkel disse em 29 de outubro que a China se tornou um "corpo de forma responsável na qualidade" - uma afirmação contestada por muitos ativistas de direitos humanos e advogados chineses.
Isso irá incentivar os líderes chineses a "se agarrarem à sua escuridão até o colapso do partido em 2017", disse Gao. "No tempo antes de sua morte [o partido] vai defender insensivelmente seus próprios métodos cruéis".
Tendo concorrido ao prêmio Nobel da Paz por duas vezes, Gao é mais conhecido por seu trabalho em defesa adeptos do 'Falun Gong', cristãos e outros grupos sociais perseguidos na China. Ele foi preso pela primeira vez (sem provas legais), em agosto de 2006, e inicialmente condenado a três anos de prisão por "subversão", seguido por um período probatório de cinco anos. Durante este tempo, ele foi torturado na prisão várias vezes, inclusive sendo atingido com bastões eletrificados e com um palito inserido em seus órgãos genitais, enquanto o governo fechou seu escritório de advocacia em Pequim.
Na sequência de um outro período de três anos na prisão, ele foi finalmente liberto em agosto de 2014, mas viveu sob vigilância quase constante na região do extremo oeste de Xinjiang.
Recentemente, ele falou sobre as torturas que sofreu na prisão, em uma entrevista à AFP - seu primeiro depoimento em cinco anos, após sua libertação. Ele foi forçado a viver confinado em uma cela de sete metros quadrado e obrigado a assistir a uma mensagem de propaganda comunista, que foi transmitida constantemente por 68 semanas.
Escrevendo para Fu, Gao disse que ele usava uma capa preta grossa e suas mãos ficaram algemadas para trás, durante seu tempo em cativeiro.
"Muitas vezes, as pessoas vinham sem dizer nada, apenas batiam em meu rosto, alternadamente, à esquerda e à direita", lembrou.
"Só um homem apelidado de 'Zhong Ba', que era aberto e honesto, tirou meu capuz e contou as vezes que ele me bateu. O maior número que ele jamais infrigia era de 60 tapas ou socos. Naquela época, meu corpo já não podia sentir dor. Minha consciência também foi distorcida demais para suportar, mas ainda me lembro do muco quente que saía da minha boca".
Sobre o fracasso anunciado ao Partido Comunista da China, Gao acrescentou: "Uma mentira descarada são sua pele e ossos. Quando chegar o dia sem mais mentiras, as pessoas só conseguirão ver as terríveis pilhas de ossos".