O trabalho missionário junto a locais de prostituição em favelas de Kampala, Uganda, têm gerado frutos. A história de muitas delas têm mudado graças à atuação de Allie White.
Missionária do IMB, ela conta que se lembra de andar de mototáxi passando por favelas que abrigavam bordéis, instaladas em becos e ficava curiosa para saber que lugares eram aqueles.
Allie falou à missionária Victoria, que queria entrar naquela área. A primeira reação da amiga foi dizer que não passava naquele local, mas ao orar com Allie, Deus mudou seu coração.
“É uma área muito alta de prostituição, então começamos a pedir a Deus para abrir as portas para nós lá embaixo”, lembra Allie.
Ao começar a passar pelas favelas da região, Victoria relatou que Deus abriu seu coração.
“Sempre que passávamos, eu sentia em meu coração que deveria ir conhecer essas senhoras. Quanto mais descíamos lá, mais sentíamos no fundo de nossos corações que deveríamos começar a nos aproximar delas e ver como é suas vidas e como podemos estender a mão para levar o Evangelho a elas”, disse Victoria.
Allie conta que seu coração estava ansioso para ajudar aquelas mulheres e compartilhou seu desejo de ministrar às prostitutas com seu professor de idiomas: “Meu coração também queima por isso”.
Estudo bíblico
A missionária percebeu que as mulheres tinham interesse para iniciar um estudo bíblico semanal. Na primeira semana, seis pessoas participaram. Na segunda semana, pediram a um vereador local que incentivasse as mulheres a virem. “Sessenta mulheres vieram na semana seguinte”, diz.
Durante o aprendizado, muitas delas se entregaram a Jesus e continuam envolvidas no estudo bíblico. Em seguida, desejaram ser batizadas e estão envolvidas em uma igreja local que fica na favela.
“Nosso objetivo é restaurar as mulheres que são afetadas pela indústria do comércio sexual e pela prostituição, e capacitá-las com dignidade à medida que se envolvem proativamente em uma transformação espiritual”, afirma Allie.
A missionária conta que Deus a levou ao texto de Apocalipse 2:17, que diz: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor darei um pouco do maná escondido, e lhe darei uma pedra branca, com um novo nome escrito na pedra que ninguém conhece, exceto aquele que o recebe”.
Allie conta que as mulheres têm um “nome de trabalho”, usado na prostituição e um “nome de casa”.
“Quando as encontramos pela primeira vez, muitas delas nos dão seus nomes que usam no bordel. Vimos muitos casos em que elas vêm a Cristo, ou ficam confortáveis o suficiente conosco, para compartilhar seu nome verdadeiro”.
“É bela imagem de como, quando nos tornamos filhos de Deus, recebemos uma pedra branca de inocência, mesmo que mereçamos a culpa. Recebemos uma pedra branca com um novo nome escrito nela. É uma bela imagem do perdão de Deus em nossas próprias vidas e com essas mulheres”, diz Allie sobre o versículo de Apocalipse.
Salvação de Sara
De origem muçulmana, Sarah é uma das mulheres que praticava a prostituição.
Após a morte do marido, o sogro de Sarah vendeu tudo o que eles possuíam e a colocou na rua. Não era o que ela queria para sua vida, mas para sustentar seus filhos, entrou para a prostituição.
Durante os estudos bíblicos feitos por Allie, Sarah entregou sua vida a Cristo e ela sabia que não poderia mais voltar à prostituição. Assim, começou a fazer sabão para gerar renda.
Com poucos recursos, Sarah quase foi despejada, a igreja, localizada no meio da favela e sem muita renda, arrecadou o equivalente a US$ 200 para cobrir o aluguel por seis meses.
“Deus realmente mudou a vida de Sarah. Ela tem fome da Palavra de Deus. Ela está trazendo outras mulheres nessa área para os estudos bíblicos semanais. O amor de Cristo transborda dela”, disse a missionária Katie Hall, que também atua em Kampala com o IMB.
Sarah recentemente recebeu sua primeira Bíblia e foi batizada com outras sete mulheres que também deixaram a prostituição. Sua filha de 19 anos perguntou por que as mulheres cristãs a visitavam, Sarah compartilhou seu testemunho e sua filha entregou sua vida a Cristo.
“Deus está usando Sarah entre as mulheres de lá”, disse Katie. “Ela não está virando as costas para as mulheres com quem trabalhou. Na verdade, ela os está atraindo ativamente para a igreja e para o ministério. Você pode apenas ver Cristo irradiar dela.”
Venha como está
“Incluímos mulheres que ainda estão muito envolvidas na prostituição. Deixamos entrar mulheres que têm um desejo profundo de ir embora, mas não sabem como fazê-lo. As mulheres que saíram também estão envolvidas”, conta Allie.
Ela diz que é algo desafiador, porque muitas mulheres estão na indústria do comércio sexual há muito tempo. “Algumas delas entraram muito jovens, então elas não têm educação ou [conhecimento de] outros ofícios”, diz Allie.
A missionária diz ainda que a coragem e a fé de Sarah, a encorajam a prosseguir seu chamado.
“Quando dizem que deixaram a prostituição, estão desistindo do trabalho, estão entregando sua moradia, porque a maioria mora no bordel. Elas estão dizendo: 'Confio em Deus o suficiente para desistir disso e sofrer'”, disse Allie.
Katie disse que o envolvimento da igreja local no ministério é enorme. A esposa do pastor estava tentando encontrar uma maneira de alcançar essas mulheres.
“Nossos parceiros locais estão andando muito próximos a essas mulheres, porque elas podem entrar em um espaço que não conhecemos com frequência”, disse Katie, explicando que o envolvimento de membros da igreja e parceiros locais no ministério requer confiança.
“As mulheres da igreja estão caminhando lado a lado com Allie. Elas estão liderando a maior parte do discipulado individual”, continuou Katie. “Também estão andando de mãos dadas com elas.”
“O meu principal trabalho é caminhar ao lado dos meus parceiros nacionais. São eles que estão nas trincheiras todos os dias”, explica Allie.
Para Katie, a consistência e continuidade do trabalho missionário junto a essas mulheres é fundamental.
“Muitas pessoas podem entrar uma vez, dar algumas coisas ou falar do Evangelho, mas depois elas simplesmente vão embora e não voltam”, conta.
A consistência do trabalho de Allie, Victoria e outras missionárias têm feito a diferença.
“É que elas continuam voltando para os lugares que não são agradáveis. Elas continuam voltando e continuam conversando com as mulheres, e ficam sentadas lá e continuam recebendo alguns xingamentos porque algumas delas estão bêbadas e gritam com elas e estão bravas por elas estarem lá. Elas pensam que vamos levar seus clientes. Mas Allie e Victoria sempre voltaram, sempre as amaram e sempre apareceram”, disse Katie.