Autoridades estaduais no Sudão planejam demolir pelo menos 25 templos de igrejas na área de Cartum (capital), segundo líderes cristãos.
Uma carta emitida no dia 13 de junho de 2016 pela Corporação Executiva para a Proteção de Terras Governamentais, Meio Ambiente, Estradas e Demolição de Irregularidades de Cartum revela os nomes e locais de 25 edifícios de igrejas marcadas para demolição - a maioria deles no Sharq al Neel Nile, área localizada ao norte de Cartum.
O governo supostamente afirmou que as igrejas foram construídas em terras zoneadas para outras finalidades, mas os líderes cristãos disseram que isso é parte de uma repressão mais ampla contra o cristianismo no país.
O Rev. Yahia Abdelrahim Nalu, moderador do Sínodo Evangélico do Sudão e pastor da Igreja Evangélica Presbiteriana (SPEC), disse à Morning Star News que a ordem subsequente é parte de um ataque sistemático do governo islâmico às igrejas.
"Este não é um ato isolado, mas deve ser encarado de uma perspectiva mais ampla", disse ele.
A ordem mira uma escala larga das denominações, que vão de igrejas católicas às pentecostais.
O Conselho de Igrejas do Sudão denunciou a ordem em uma coletiva de imprensa, no dia 11 de fevereiro, pedindo ao governo que reconsiderasse a decisão ou fornecesse locais alternativos para as igrejas se mudarem. O reverendo Mubarak Hamad, presidente do Conselho, disse que em Cartum, as mesquitas localizadas na mesma área foram poupadas da ordem de demolição.
Hamad disse que a ordem foi dirigida a 27 edifícios da igreja, incluindo uma Igreja Presbiteriana do Sudão em Jebel Aulia, e um pertencente à Igreja Sudanesa de Cristo (SCOC) em Soba al Aradi, ambos ao sul de Cartum.
A ordem de Mohamad el Sheikh Mohamad, gerente geral do Departamento de Terras do Estado em Cartum, no Ministério do Planejamento Físico, pediu que a medida seja implementada imediatamente.
"Estou aqui emitindo a ordem de demolição das igrejas que estão ligadas a áreas residenciais e parques públicos, em bairros da localidade do Nilo Oriental", escreveu Mohamad em uma carta à Corporação Executiva, emitida em 20 de junho de 2016.
Entre os 25 edifícios de igrejas da lista três deles estão localizados em playgrounds públicos. O restante está localizado em áreas residenciais, de acordo com a ordem.
Atualmente, o Sudão é classificado como o quinto país com maior índice de perseguição religiosa, segundo a Missão Internacional Portas Abertas. (Foto: Open Doors)
Resistência
No último dia 29 de setembro, funcionários do Ministério do Planejamento e Desenvolvimento Urbano do estado de Cartum informaram os líderes da Igreja Presbiteriana do Sudão (PCOS) que a comunidade tinha 72 horas para desocupar o templo. O edifício da igreja era um dos que estava programado para ser demolido.
"Fomos surpreendidos como Igreja dentro dessa ação", disse um membro da igreja ao site 'Morning Star News' na época do comunicado. "O edifício da nossa igreja está lá desde 1991. Nós ainda estamos nos reunindo para adorar lá, mas tememos a demolição a qualquer momento".
A igreja, cuja a frequência aos domingos varia de 80 a 150 pessoas, recusou-se a desocupar o local porque não tinham nenhum local alternativo para se reunir. A carta dos funcionários do Estado afirmou que a terra em que o edifício da igreja estava situado foi designada como propriedade privada para a construção de jardins.
Três congregações da Igreja Sudanesa de Cristo, juntamente com uma pertencente à Igreja Episcopal do Sudão, também receberam avisos de demolição no dia 29 de setembro.
Perseguição Religiosa
Desde 2012, o Sudão tem mirado em edifícios de igrejas, assediado e expulsado cristãos estrangeiros, geralmente alegando que os edifícios dessas denominações autuadas pertenciam ao Sudão do Sul. O ministro sudanês da Orientação e Endowments anunciou em abril de 2013 que não novas licenças seriam concedidas para a construção de novas igrejas no Sudão, citando uma diminuição da população sul-sudanesa.
A decisão do governo de não emitir novas licenças de construção de igrejas ocorreu depois que o Sudão do Sul se separou do Sudão em julho de 2011, quando o presidente Omar al-Bashir prometeu adotar uma versão mais rígida da sharia e reconhecer apenas a cultura islâmica ea língua árabe.