Depois da revolução chinesa, em 1949, quando Mao Tsé-tung proclamou a República Popular da China, deu-se início à implantação do comunismo no país. Desde então, a perseguição às religiões tornou-se cada vez mais intensa.
Quem contradiz as ordens dadas pelo Estado está em perigo. Fotos tiradas de arquivos da polícia chinesa mostram alguns dos milhões de uigures que foram mantidos em pelo menos 1.200 campos de concentração chineses.
Eles não são criminosos, eles podem ter “cometido o erro” de ter solicitado um passaporte ou apenas ter parentes em outros países. Ou ainda podem ter tido mais de três filhos e até terem sido flagrados com religiosos.
Qualquer uma dessas ações podem servir para que sejam declarados como “indignos de confiança”. Isso vem acontecendo há anos na província chinesa ocidental de Xinjiang e o mundo não fez quase nada para impedir, conforme reportagem da CBN News.
Estupros e torturas
Tursunay Ziyawundun, uma uigur que foi presa pelos chineses por visitar sua família no vizinho Cazaquistão, revelou: “Nossa cela tinha quatro metros quadrados e havia mais de 20 pessoas. Tinha apenas um balde para ser usado como banheiro”.
“À noite, eles levavam algumas pessoas, especialmente algumas meninas para interrogatório. E podíamos ouvir seus gritos. Algumas das meninas sangravam muito. Uma mulher tinha marcas de mordida por todo o corpo. E, às vezes, elas morriam por causa do sangramento”, relatou.
Tursunay foi estuprada por guardas prisionais e torturada com choques elétricos em seus órgãos genitais. Outros presos enfrentam esterilização forçada, trabalho escravo e lavagem cerebral.
Os prisioneiros são mortos regularmente para que seus órgãos possam ser colhidos. “Todo mundo, literalmente cada prisioneiro, foi submetido a um exame de órgão. E depois do exame, algumas pessoas foram colocadas em um ônibus e levadas para outro lugar” disse Tursunay.
Vigilância total
Se a vida dentro dos campos de concentração é assim, tão violenta, humilhante e mortal, fora dele as pessoas são submetidas a viver em constante vigilância. Cada casa tem um código QR na entrada, para que a polícia saiba quem está dentro, e um aplicativo necessário para telefones registra tudo o que as pessoas fazem.
A polícia chinesa usa um aplicativo que informa tudo sobre a pessoa que está questionando, desde seu tipo sanguíneo até quanta eletricidade ela usa. O aplicativo pergunta ao policial se a reação da pessoa ao ser questionada foi “normal ou anormal” e se a pessoa “requer mais investigação”.
Religiões são proibidas
A China está usando todas as ferramentas à sua disposição em sua guerra contra a fé, seja ela qual for — qualquer crença que possa competir com o estado comunista.
Pequim também está aprisionando um grande número de membros do Falun Gong, uma seita budista e cristãos de igrejas domésticas.
O embaixador-geral do ex-presidente Trump para a Liberdade Religiosa Internacional, Sam Brownback, disse: “Os cristãos são presos. Os pastores são presos. Congregações inteiras são forçadas a ir à clandestinidade. Há câmeras para todas as pessoas”, relatou.
Ele também contou que há uma delegacia de polícia a cada 50 metros nas grandes cidades. “As pessoas são rastreadas constantemente. Eles coletaram amostras genéticas de todos. Há sistemas de reconhecimento facial”, continuou.
Campanha da China para destruir os uigures
Ainda conforme a CBN News, a intenção dos líderes chineses é quebrar linhagens e acabar com as raízes. Pequim está usando esterilização forçada e casamentos forçados para acabar com os uigures como povo e cultura.
“O governo chinês, além de esterilizar nossa população, quer essencialmente nos criar. Então, eles estão forçando as jovens uigures a se casar com homens chineses han”, disse o primeiro-ministro exilado do Turquistão Oriental.
Han é o maior grupo étnico da China, representando quase 92% de toda população. O nome vem da dinastia Han, que governou várias partes da China.
O homem por trás dessa repressão é o membro do Politburo chinês Chen Quanguo, que teve tanto sucesso em esmagar a resistência no Tibete que foi enviado a Xinjiang para implantar um sistema para destruir a cultura uigur. Ele governou lá até o final do ano passado”, disse Salih Hudayar. “Eles levam isso muito a sério. Eles temem a religião”, enfatizou Brownback.
Membros do partido chinês invadem casas
Sob um programa do governo chinês, mais de 1 milhão de membros do partido foram designados para se mudar para casas de uigures e outras minorias étnicas.
Eles passam semanas com as famílias, como “convidados indesejados”, monitorando comportamentos e, às vezes, compartilhando suas camas e tentando convertê-los ao comunismo.
Enquanto isso, as vítimas da repressão chinesa se sentem abandonadas pelos Estados Unidos e pelo mundo. O mundo sabe exatamente o que está acontecendo e não faz nada, conforme o CBN News.
Genocínio, escravização e guerra contra a fé
Um relatório da ONU sobre a repressão da China em Xinjiang absteve-se de usar o termo "genocídio", embora a própria Convenção de Genocídio da ONU defina "genocídio" como o que a China está fazendo com os uigures.
O primeiro-ministro Hudayar suspeita que a ONU cedeu à pressão da China. A Casa Branca alegou que Joe Biden levantou o tema do genocídio e da escravização de muçulmanos uigures em um telefonema com o líder chinês Xi Jinping. Mas, recentemente, o governo chinês insistiu que não, que não houve tal conversa.
E as sanções dos EUA e de outras nações ocidentais não funcionaram. Brownback diz: “Você pode olhar para isso [perseguição aos uigures] e dizer: 'Olha, eu sou um cristão. Isso realmente não se aplica a mim.' Mas isso se aplica a você porque assim como eles vão atrás de um grupo religioso, eles vão atrás de outros”.
“O alvo são as pessoas de fé, a guerra é a guerra da China contra a fé e são todas as fés”, ele acrescentou. Tursunay Ziyawundun disse: “O governo americano sabe exatamente o que a China está fazendo com os uigures. O mundo sabe exatamente o que está acontecendo”, concluiu.