Durante uma live no Instagram, no dia 2 de fevereiro, o teólogo e conferencista Augustus Nicodemus esteve com o cientista Marcos Eberlin, falando sobre questões relacionadas à Ciência e à Fé.
Juntos, os dois responderam a algumas perguntas de seguidores e fizeram alguns alertas sobre a tentativa de alguns cristãos em conciliar teorias humanas às verdades bíblicas. “É um grande erro”, apontou o cientista.
Marcos Eberlin é doutor em Química, coordenador do Núcleo de Pesquisa Mackenzie em Ciência, Fé e Sociedade, pesquisador na Unicamp e autor do livro “Fomos Planejados”.
Durante sua jornada como cientista brasileiro, foi reconhecido em vários países e recebeu o Prêmio de Reconhecimento Acadêmico Zeferino Vaz, em 2002, entre outros reconhecimentos e feitos no mundo científico.
Como cientista, ele tem defendido a “boa ciência” como costuma se referir, e como cristão, tem defendido a fé de forma racional, expondo a criatividade e a beleza de um Deus “exibido e exagerado”, como ele costuma brincar.
Marcos Eberlin. (Foto: Captura de tela/YouTube Marcos Eberlin)
É possível que Deus tenha criado o mundo através do Big Bang?
Embora muitos cristãos estejam inclinados a acreditar que a teoria do Big Bang esteja alinhada à fé cristã, o cientista considera um erro pensar assim.
“Eu já fui ‘bigbanguista’, já fui evolucionista-teísta — ao que agora chamam de criacionismo-evolucionário. E, entendi que não devemos gostar de uma teoria porque ela bate com a nossa fé. Ela deve bater com a Ciência”, iniciou.
Eberlin disse que muitos podem dizer que ele não entende de Big Bang por não ser Físico e não conhecer as partículas subatômicas e as equações. “Mas chega um momento [na teoria do Big Bang] em que se cria uma nuvem gasosa em expansão de hidrogênio e hélio. A partir desse momento, é química pura”, ele explicou.
“Hidrogênio e hélio formam um gás em expansão contra o nada e isso jamais formaria o Universo. Então, esquece, gente. Isso não faz nenhum sentido no mundo científico e nem no teológico”, continuou.
Teologicamente falando, Eberlin reforçou o que as Escrituras dizem: “Ele chamou à existência pelo poder da Sua palavra. Ele ordenou e tudo foi feito. Esqueçam essa história de Big Bang, porque Deus fez tudo pronto”, reforçou ainda.
Augustus Nicodemus. (Foto: Captura de tela/YouTube Augusto Nicodemus Lopes)
Ciência é a “Cultura da Dúvida”
Nicodemus e Eberlin alertam para o cuidado de não tentar compatibilizar teorias humanas com a Bíblia. “Estamos dando ‘muita bola’ para teorias de homens e a gente sempre quebra a cara”, disse o cientista. “Estamos estudando a Bíblia, sem ler a Bíblia”, disse ainda.
O pastor também lembrou que durante debates e discussões sobre Fé e Ciência, faltam definições de termos. “Por exemplo, o que é a Ciência? Muitos discutem sem definir primeiro”, enfatizou Nicodemus.
“Ciência é um empreendimento de homens, é a ‘Cultura da Dúvida’ — só sei que nada sei. É o ser humano tentando obter conhecimento através das ferramentas que tem, mas são ferramentas limitadas”, respondeu Eberlin.
Em busca da verdade, o ser humano acaba se perdendo nas respostas que encontra. “A Ciência disse para não comer ovos porque tem muito colesterol, agora a Ciência diz para comer quantos ovos você conseguir porque é o melhor alimento do mundo. Essa é a nossa Ciência”, exemplificou.
“Eu fico com a Bíblia”
Sobre sua tese, Eberlin diz que “toda vez que um conhecimento científico confronta uma verdade bíblica clara, a nossa experiência repetida e continuada, ao longo dos séculos com a Ciência, mostra que a Bíblia sempre ganhou”.
“Eu fico com a Bíblia. A Evolução faliu. Ela predominou por 150 anos na Ciência, mas hoje, nós sabemos que ela faliu. E tem cristão fazendo compromisso com a Evolução. Isso não pode”, manifestou.
“A Ciência é muito boa para fazer receita de como vamos fazer um combustível para chegar ao espaço ou como criar um Iphone. Mas quando fala do passado, sobre eventos que ocorreram, a Ciência não funciona”, prosseguiu.
A Ciência tem limites
A Ciência tem sido muito útil para nos ajudar a entender o funcionamento e a composição de muitas coisas. Mas, essa mesma Ciência tem condições de entrar na questão das origens? Pode realmente dizer como tudo começou e qual é o propósito da existência humana?
“Se você colocar um bolo em cima da mesa e perguntar à Ciência: do que é feito o bolo? Ela vai analisar e te dar toda a composição. Se você perguntar: ‘para que’ foi feito o bolo? A Ciência não tem a menor condição de responder”, relacionou o cientista.
“Eu acho que a Ciência é muito boa no aqui e agora, para as tecnologias e tudo mais. Porém, o presente é a chave do passado? Não é! É o passado que é a chave do presente. E a Bíblia descreve o passado e mostra como Deus fez. Temos comprovado através da Ciência que a Bíblia nunca perdeu um embate”, frisou.
“A Ciência do século presente será muito reformada. Não dá para pegar a Ciência de hoje e reformular uma teologia de 3 mil anos de interpretação da Palavra. Essa Ciência de 150 anos já foi refutada”, sublinhou.
A Ciência nos distancia ou nos aproxima da fé?
Ao citar um dos maiores cientistas de todos os tempos, Louis Pasteur, Eberlin responde: “Um pouco de Ciência nos afasta de Deus, muito nos aproxima”.
Quadro com a imagem do cientista francês, Louis Pasteur. (Foto: Wikimedia Commons)
“Aquela ‘pouca Ciência’ que a gente escuta na sala de Biologia, de que evoluímos de uma ameba primordial ou que o Big Bang criou o Universo, talvez nos afaste de Deus. Mas, quando se estuda realmente a Ciência, sobre o que ela disse e não o que os cientistas interpretaram, isso nos aproxima de Deus e de Gênesis de 1 a 3”, citou.
Entre outros temas científicos, Eberlin explicou que a Teoria da Terra Plana, aceita por muitos cristãos, é “uma péssima interpretação da Palavra” e faz parte de histórias contadas por youtubers.
Também citou sobre os dinossauros e o texto de Jó quando fala do Beemote (cap. 40.15 em diante), dizendo que Deus, provavelmente, estava descrevendo um Braquiossauro e citou ainda o Leviatã (Jó 41.1 em diante). “Provavelmente, era o que chamamos de dragão”, ele disse.
“Recentemente, descobrimos tecido mole em dinossauro, com mais de 14 tipos diferentes de biomoléculas. Dinossauro que cheirava mal e que nem estavam fossilizados. Isso mostra que os dinossauros foram extintos há algumas centenas ou milhares de anos e não milhões”, esclareceu.
Sobre questões de espiritualidade, Eberlin ainda disse: “A Ciência é magnífica, mas precisamos entender que ela está confinada ao domínio material. A gente não tem só matéria, a gente tem alma e espírito. Existimos além do natural”.
“Faríamos uma Ciência muito melhor, se a gente reconhecesse os nossos limites e levasse em conta que a gente é muito mais que matéria neste Planeta em que vivemos. Buscamos respostas onde elas não existem”, continuou.
E finalizou derrubando um mito sobre o ateísmo no meio científico. A maior parte dos cientistas é de ateus? “Esse pensamento é totalmente equivocado, já que 90% dos ganhadores de prêmios nóbeis se declararam crentes em Deus. Somente 10% dos ganhadores de prêmios são ateus”, resumiu.
“Os grandes cientistas do passado e do presente são homens que creem em Deus. Mas, a academia de hoje sufoca e oprime. Ela criou um pacto e quem estiver fora do pacto [naturalismo filosófico] não entra. É como se fosse o ‘passaporte do ateísmo’. Mas, Deus é o autor e consumador da Ciência”, concluiu.
Assista na íntegra: