Cristãos devem participar da Pessach, a Páscoa Judaica? Teólogo responde

Judeus messiânicos incentivam cristãos a participarem da Pessach, que é comemorada entre 10 e 18 de abril.

Fonte: Guiame, com informações de The Christian PostAtualizado: terça-feira, 11 de abril de 2017 às 14:16
A celebração marca a libertação dos hebreus da escravidão no Egito rumo à Terra Prometida. (Foto: Reprodução)
A celebração marca a libertação dos hebreus da escravidão no Egito rumo à Terra Prometida. (Foto: Reprodução)

A Páscoa judaica, mais conhecida pelo termo hebraico Pessach, foi iniciada no entardecer desta segunda-feira (10) e será finalizada no pôr do sol do dia 18 de abril. A celebração marca a libertação dos hebreus da escravidão no Egito rumo à Terra Prometida. No entanto, é possível que a data seja comemorada entre os cristãos?

Em resposta a essa pergunta, alguns rabinos ortodoxos são categóricos: eles acreditam que os cristãos não devem participar da Pessach. Em um artigo publicado no site Christianity Today, os rabinos Yehiel E. Poupko e David Sandmel alegam que a refeição de Jesus Cristo na última ceia — que aconteceu durante a Pessach — não continham os elementos tradicionais da celebração, que foram atribuídos apenas nos séculos seguintes.

Os rabinos também encaram a versão cristã da Páscoa como um desrespeito a versão original, considerada sagrada no judaísmo. Eles argumentam que caso os cristãos estejam realmente interessados em descobrir o significado da Pessach, eles devem pedir orientações de amigos judeus ou de um rabino local.

No entanto, o pastor e teólogo americano Michael Brown acredita que embora a visão dos judeus ortodoxos seja compreensível, ela não pode ser tomada como uma verdade pelos cristãos.

“É comum que, nesta época do ano, judeus messiânicos (que reconhecem Jesus Cristo como Messias) acolham eventos especiais ensinando que Jesus é a peça central da Páscoa. Ele é o único que abre o caminho para uma libertação ainda maior do que o êxodo do Egito: seu sangue nos redime do julgamento de Deus”, disse Michael ao site The Christian Post. “Sendo assim, eles olham para o êxodo e para a cruz, e celebram as raízes judaicas de sua fé”.

Por outro lado, o teólogo entende o questionamento dos judeus mais tradicionais. “Como um judeu messiânico e como alguém se envolveu num diálogo acadêmico com a minha comunidade judaica nos últimos 45 anos, eu entendo essa objeção. Como nos sentiríamos se os muçulmanos celebrassem a Páscoa, mas incluindo nela uma profecia de Maomé?”, questionou.


Família de judeus durante a refeição da Pessach, a Páscoa Judaica. (Foto: Reprodução)

Antes de depositar sua fé em Jesus, Michael observa que muitos judeus messiânicos cresceram celebrando a Pessach e, após sua convicção cristã, a celebração assumiu muito mais significado. “É por isso que eles celebram a Páscoa em suas congregações e ensinam sobre o significado da Pessach nas igrejas. Por que eles não deveriam celebrar e ensinar outros cristãos a partir de sua perspectiva judaica messiânica?”

Em resposta aos rabinos, dois judeus messiânicos fizeram um artigo de resposta publicado no mesmo site. Mitch Glaser e Darrell Bock observam que é discutível a questão de Jesus não ter celebrado a Pessach como é conhecida hoje. “Cristo celebrou a Páscoa da mesma forma que qualquer outro judeu do primeiro século. Esta celebração pode deixar judeus e cristãos mais próximos uns dos outros ao invés de incluir mais uma barreira entre as duas comunidades”, afirmaram.

Sendo assim, Mitch e Darrel afirmam que o que lhes diz respeito é quando os cristãos não vêem qualquer identificação com o povo judeu e as origens judaicas de sua fé. “Mais diretamente, nós simplesmente não podemos roubar dos cristãos sua herança em Jesus — especialmente os acontecimentos que marcaram a Última Ceia, que era claramente um tipo de celebração da Páscoa”.

Para Michael, embora seja verdade que os cristãos se lembrem da Última Ceia quando celebram a comunhão, tudo está incluído no ambiente da Páscoa, onde eles são lembrados das raízes daquela importante refeição: Jesus morreu como nosso Cordeiro Pascal.

“Entendo preocupações destes rabinos, e seu tom não é antagônico. Mas enquanto judeus de todo o mundo se reúnem em suas casas para celebrar a Páscoa, eles não podem se sentir perturbados pela celebrações cristãs da Páscoa. Em vez disso, gostaria de encorajar os judeus a fazer uma pergunta: Por que esta celebração é tão importante assim para muitos cristãos?”, sugere o teólogo.

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