Ele foi maltratado, humilhado, torturado; contudo, não abriu a sua boca; agiu como um cordeiro levado ao matadouro; como uma ovelha que permanece muda na presença dos seus tosquiadores ele não expressou nenhuma palavra. (Isaías 53:7 KJA)
Resumidamente: um povo oprimido. Dois jovens líderes se enfrentando. Um inseguro e sem oratória (Êxodo 4:10), o outro arrogante e intransigente (Êxodo 5:2). Um confronto de crenças. Diante desse cenário, Deus se manifesta e transforma um dos jovens num instrumento em Suas mãos para a libertação de um povo da opressão. Moisés era o seu nome.
Devido ao extermínio dos meninos hebreus de 2 anos para baixo, ordenado pelo Faraó (Êxodo 1), Joquebede, esposa de Anrão, ambos da tribo de Levi, pega o seu filho, o esconde e depois o coloca numa cesta betumada e o lança no rio Nilo. Até que pela providência de Deus, a filha do Faraó o encontra, e o ama.
O nome Moisés foi dado pela princesa egípcia (Êxodo 2:10), que provavelmente significa, das águas o tirei, do egípcio mes, tirar ou retirar ou aquele que é retirado.
Deus chamou Moisés para libertar o povo hebreu (e todos que quisessem segui-lo (Êxodo 12:38)) da opressão. Moisés era um homem manso, do hebraico anav, humilde, gentil, aquele que não é agressivo e vaidoso (Números 12:3). Ao contrário de faraó que foi criado como um deus na terra. Deus nos chama à mansidão! A violência e opressão são frutos de um povo que não teme a Deus.
A Páscoa é o resultado da 10ª praga. Deus julgou os deuses do Egito, sendo que o último era o próprio faraó na sua semente (o seu filho), que eram vistos como deuses. Páscoa vem do hebraico, pessach, passagem, pois o Anjo da Morte passaria e toda casa que não tivesse o sangue do cordeiro nos umbrais da porta, teria o seu primogênito morto.
Uma clara alusão ao sacrifício de Jesus na cruz, o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29). Ao contrário de farão e seu filho que se achavam deuses, mas não passavam de humanos, não podiam ressuscitar.
A Páscoa é uma festa instituída por Deus para celebrar a salvação do povo que estava oprimido e clamou ao Senhor. Por isso a Bíblia diz: Porque: “Todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo!” (Romanos 10:13 KJA). Jesus é o nome!
A Páscoa é uma das festividades mais importantes do calendário judaico e cristão. Esta celebração é comemorada anualmente durante o mês de Nissan, de acordo com o calendário judaico, geralmente em março ou abril.
Como os judeus celebram a Páscoa?
A Páscoa Judaica é celebrada através do Sêder de Pessach, uma refeição cerimonial que segue um roteiro específico (Hagadá) com a leitura de trechos do livro do Êxodo (o 2º livro da Bíblia). A Hagadá inclui orações, canções, bênçãos e instruções para conduzir o Sêder de forma adequada.
Durante o Sêder de Pessach, que marca o início da festa da Páscoa judaica, são consumidos alimentos específicos que têm significados simbólicos e históricos importantes. Alguns desses alimentos incluem:
Matzá: Pão ázimo, sem fermento, que lembra a pressa com que os israelitas deixaram o Egito, sem tempo para a massa de pão fermentar.
Maror: Ervas amargas, geralmente raiz-forte ou alface amarga, que simbolizam a amargura da escravidão dos israelitas no Egito.
Charosset: Uma mistura de frutas secas, nozes e vinho, que representa a argamassa usada pelos israelitas na construção das cidades egípcias.
Karpas: Geralmente aipo, salsa ou batata cozida, mergulhado em água salgada, simbolizando as lágrimas derramadas pelos israelitas durante sua escravidão.
Beitzah: Um ovo cozido, que pode simbolizar o sacrifício pascal ou a renovação da vida.
Keves metugan: Cordeiro assado (apenas tradicionalmente): Embora em muitas comunidades judaicas hoje em dia não se coma cordeiro no Sêder, este era um elemento central nos tempos do Templo de Jerusalém, quando o sacrifício pascal era oferecido. Por isso, muitas Hagadot (livros de instrução para o Sêder) ainda incluem o cordeiro assado, mesmo que ele não seja consumido.
Curiosidades sobre o período da Páscoa
Quatro festas e uma contagem ocorrem simultaneamente durante a Páscoa (3 festas bíblicas e 1 não-bíblica e 1 contagem bíblica), resumidamente:
- Pessach (Páscoa): Marca o início do calendário judaico (o primeiro mês do ano). Traz à memória que Deus salvou da opressão, um povo que estava escravizado. Dura sete dias (ou oito dias em algumas tradições).
- Chag HaMatzot (Festa dos Pães Asmos), ocorre concomitantemente aos 7 dias da Páscoa. Durante esse período, os judeus comem pão ázimo (sem fermento), simbolizando a pressa com que deixaram o Egito. O fermento é um símbolo do pecado, por isso, simbolizando que o Messias não tinha pecado algum quando foi sacrificando e Ele tirou o pecado daqueles que o aceitaram como Senhor e Salvador.
- Chol HaMoed Pesach (dias intermediários da Páscoa) – ocorre entre o primeiro e o último dia de Pessach. Não é uma festa bíblica, i.e., instituída por Deus, mas serve como preparativo e outras atividades durante a Páscoa.
- Yom HaBikkurim (Festa das Primícias) – celebra o início das colheitas em Israel. Ocorre num único dia, no 2º dia da Páscoa e vai até a festa de Shavuot (Pentecostes, Semanas). Se faz uma oferta das primícias das colheitas, especialmente da cevada. Simbolizando que o Messias é a nossa primícia, provisão e benção para nos salvar. É momento de alegria e gratidão pela provisão de Deus.
- Sefirat HaOmer (contagem do Omer) – não é uma festividade, mas uma prática religiosa que ocorre a partir do 2º dia da festa da Páscoa (Levítico 23:15-16). Omer se refere a uma medida de grãos de cevada oferecida como oferta ao Senhor, na festa das Primícias. Apesar de se estar celebrando a Páscoa, também se está se preparando para 50 dias depois se celebrar a festa de Shavuot (Pentecostes).
Dura 7 semanas até a festa de Shavuot (festa do Pentecostes, ou semanas). Ocorre 50 dias após a Páscoa. Foi nesse período em que houve a descida do Espírito Santo sobre todos que estavam orando e buscando ao Senhor. Também se celebra a entrega da Torá (5 primeiros livros das Bíblia) a Moisés no Monte Sinai, ou a entrega dos 10 Mandamentos.
A festa de Shavuot é uma das três festas de peregrinação do judaísmo, juntamente com Pessach (Páscoa) e Sucot (Tabernáculos). Em hebraico, Shavuot significa "Semanas", e a festa é celebrada sete semanas (ou 49 dias) após o primeiro dia de Pessach. No calendário judaico, é observada no sexto dia do mês de Sivan.
O dia máximo da Páscoa é o sacrifício do cordeiro, como substituto a todos aqueles que mereciam perecer, mas devido à misericórdia (ao sangue do cordeiro) foram poupados. Isso simboliza o sangue nos umbrais da porta, antes da 10ª praga. O sangue do cordeiro nos salva.
Após o sacrifício de Jesus na cruz, o cordeiro de Deus, não há mais necessidade de sacrifícios de cordeiro. Jesus é o sacrifício vivo que morreu, ressuscitou e voltará para todos aqueles que o aceitarem como Senhor e Salvador de suas vidas (João 1:12).
Pode um Cristão celebrar a Páscoa Judaica?
Claro que sim. A festa foi instituída por Deus, simboliza salvação e misericórdia de Deus. O nome de Jesus significa salvação. Deus conosco. Deus libertou um povo escravo para a liberdade. Assim é o que ocorre com todo aquele que recebe Jesus, é liberto do pecado e do juízo.
Significado profético com tradições de celebração diferentes. Apesar do protocolo da festividade, o significado revela que, está consumado! É momento de louvor e agradecimento a Deus. Tempo de santidade. Não é momento para criticar ou murmurar, mas celebrar o amor de Deus, por entregar o seu filho unigênito para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3:16).
Celebre a Páscoa. Louve a Deus pela salvação. Interceda por aqueles que precisam de salvação. Em um mundo marcado por desafios e incertezas, a celebração da Páscoa assume uma relevância ainda maior. Ela nos lembra que, mesmo nos momentos mais sombrios, há sempre a luz da esperança brilhando no horizonte, porque Deus nos vê. Ao celebrar a ressurreição de Cristo, renovamos nossa fé na possibilidade de um futuro melhor e nos comprometemos a agir com amor e compaixão em nossas vidas diárias.
Chag Sameach! Yeshua, keves haElohim!
(Feliz Páscoa! Jesus o cordeiro de Deus!).
Fernando Moreira (@prfernandomor) é pastor na Igreja Batista do Povo. Bacharel em Ciência da Computação e Teologia, com mestrado em Ciência da Computação e doutorado em Teologia. (@FernandoMoreiras). É membro da Academia de Letras, Artes e Cultura do Brasil, associado do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Executivo numa multinacional de tecnologia, mentor de carreiras executivas, conselheiro administrativo, palestrante, conferencista e autor de 8 livros.
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