Meerab Abbas, uma menina cristã de 12 anos, que vive na província de Punjab, no Paquistão, foi sequestrada por um muçulmano, no dia 2 de novembro.
Ela vivia com sua mãe, Farzana, uma viúva de 45 anos que trabalha como empregada doméstica no distrito de Sahiwal.
A família da menina acredita que o sequestrador a levou para o Baluchistão para forçá-la a se converter ao islã e se casar com o sequestrador.
Até o momento, a polícia prendeu dois suspeitos. Um deles tem 22 anos e foi identificado como Muhammad Daud, natural da província de Baluchistão, de acordo com o Asia News.
Sequestro para casamento forçado
No Paquistão, é comum que os muçulmanos se aproximem de meninas cristãs para propor a conversão ao islã e depois eles fazem a proposta de casamento.
Caso as meninas resistam às abordagens, os homens as sequestram, estupram e as forçam tanto ao casamento quanto à conversão.
Segundo Cecil George, um parente de Farzana [mãe da menina sequestrada], ela está nitidamente abalada desde que a filha desapareceu e precisou ser internada.
“Meerab tem apenas 12 anos e não pode se casar”, disse Zahid Augustine, pastor em Sahiwal. Ele explicou que os extremistas muçulmanos cometem esses crimes em nome da religião. “Nós só queremos justiça”, ele disse.
Um relatório de 2014 do Movimento para a Solidariedade e a Paz no Paquistão estimou que centenas de mulheres e meninas das comunidades hindu e cristã do Paquistão são sequestradas, casadas à força e convertidas ao islamismo todos os anos.
“Muitas vítimas são menores de idade e arrancadas de suas famílias. Elas sofrem violência sexual, são obrigadas a se casarem com criminosos e mantidas em cativeiro”, detalhou o ICC (International Christian Concern), uma organização cristã que monitora a perseguição religiosa em diversos países.
O ICC ainda revela que os muçulmanos arranjam documentos falsificados de casamento e conversão. “Além da violência e das ameaças, eles possuem táticas para obrigar as vítimas a fazer declarações em tribunais, favorecendo suas ações”, esclareceu.
Mentiras e documentos falsificados prevalecem
Nos casos de agressão sexual, as vítimas de minorias religiosas estão sempre em desvantagem. Conforme o ICC, os criminosos usam o preconceito religioso para encobrir e justificar seus crimes, se utilizando de suas leis islâmicas.
Em setembro, um tribunal da província de Punjab recusou-se a devolver aos pais a custódia de uma menina cristã de 14 anos, que teria sido sequestrada, forçada a se casar e se converter ao Islã.
O juiz determinou que a capacidade mental da menina dá mais peso do que a idade em casos de conversão infantil.
O tribunal rejeitou a petição apresentada por Gulzar Masih, um motorista de riquixá cristão da cidade de Faisalabad, que buscava recuperar a custódia de sua filha, Chashman.
O Guiame deu essa notícia, na ocasião, mostrando que o sequestrador falsificou vários documentos, alterando o nome de Chashman Kanwal para o nome islâmico Ayesha Bibi e sua certidão de casamento afirma que ela tem 19 anos agora.
O pai chegou a apresentar documentos escolares e uma certidão de nascimento confirmando que ela tinha 13 anos no momento do sequestro, mas nada disso adiantou. As mentiras e os documentos falsificados foram validados pela justiça do país.
Questão de fé?
O juiz Tariq Nadeem disse, em sua decisão, que o posicionamento dos juristas islâmicos ao considerarem a “capacidade mental e não a idade de uma criança” para se converter ao islã “é uma questão de fé”.
“Hazrat Ali tinha apenas 10 anos quando aceitou o islã”, ele ainda justificou, referindo-se ao quarto califa do islã.
O Paquistão está entre os 60 países que mais perseguem os cristãos no mundo, ocupando o 5º lugar na Lista Mundial da Perseguição de 2021.
A nação também é listada pelo Departamento de Estado dos EUA como um “país de preocupação particular” por tolerar ou se envolver em violações flagrantes da liberdade religiosa.