No dia 9 de janeiro, cinco muçulmanos sequestraram uma adolescente cristã de 14 anos no Paquistão. Após informar as autoridades, o pai relatou que o caso ainda não foi solucionado e a filha também não retornou para casa.
O pai, Sharif Masih, teme que os sequestradores tentem converter à força ao Islã a filha, Saneha Sharif, e a forcem a se casar com um dos suspeitos do crime, que ocorreu em Korpur de Sialkot, estado de Punjab.
“Saneha foi atraída para fora de casa por uma garota muçulmana cuja família havia se mudado recentemente para o nosso bairro”, disse Masih ao Morning Star News.
“Um vizinho, Rehan Razaque, a viu sendo jogada em uma van pelo acusado, que incluía duas mulheres, uma das quais era a mãe da garota que havia trazido Saneha para fora de sua casa”, acrescentou.
Masih contou que os suspeitos incluíam Muhammad Dildar, que estava assediando sua filha há um tempo. Segundo ele, assim que soube do sequestro da menina, informou a polícia.
“A polícia registrou um caso, mas prendeu apenas dois acusados, incluindo Samina Usman e Shabbir Ahmed”, relatou Masih.
E continuou: “Samina e Ahmed estão sob custódia policial, mas ambos os acusados ainda não forneceram nenhuma pista que possa ajudar a recuperar Saneha”.
Negligência das autoridades
O cristão destacou que a polícia tem sido negligente com o caso desde que fez as duas prisões e não fez nada para recuperar sua filha.
“Apesar dos repetidos pedidos de ajuda à polícia, eles não estão fazendo nenhum esforço para recuperar Saneha ou prender o outro acusado”, disse Masih.
“Nós até demos a eles alguns números de celular para rastrear o paradeiro de Dildar, mas nada foi feito para encontrá-lo”, acrescentou.
Para Masih, sua situação financeira e o fato de ser cristão eram um dos motivos pelos quais a polícia não estava trabalhando para solucionar o caso.
“O oficial de investigação do caso, o Subinspetor Assistente Ihsan Ullah, não está fazendo nenhum esforço para rastrear o acusado. Já se passaram quase duas semanas que Saneha está desaparecida, e tememos que o acusado a force a se converter ao Islã e se casar com Dildar para dar uma cobertura legal ao seu crime”, afirmou ele.
A esposa de Masih ficou doente desde o sequestro da filha e precisou ser levada ao hospital duas vezes para fazer tratamentos.
Apelando à ministra-chefe de Punjab, Maryam Nawaz, e ao inspetor-geral da polícia para uma intervenção, Masih afirmou que atos criminosos tão flagrantes devem ser punidos, a fim de proteger as comunidades minoritárias vulneráveis.
“Estamos impotentes e só podemos implorar para que as autoridades superiores salvem nossa filha desses criminosos”, disse ele.
Casamentos forçados
O incidente atraiu críticas de ativistas que exigiram que o governo aprove um projeto de lei pendente na Assembleia de Punjab desde abril, que aumentaria a idade legal para o casamento de meninos e meninas para 18 anos.
“O governo provincial deve aprovar o novo projeto de lei anti-casamento infantil o mais rápido possível para proteger meninas, especialmente aquelas das comunidades minoritárias cristãs e hindus, de conversões forçadas sob o disfarce de casamentos”, disse o advogado cristão Lazar Allah Rakha.
“Até que o governo aprove e implemente a nova lei, meninas e mulheres de minorias continuarão a ser vítimas de extremistas muçulmanos por exploração sexual”, acrescentou.
Enquanto se aguarda a aprovação do projeto de lei, a idade mínima para o casamento de meninas permanece em 16 anos. Em nível nacional, a Lei do Casamento Cristão (Emenda) de 2024 fixou a idade mínima de casamento em 18 anos apenas para os cristãos. Caso se convertam ao Islã, as meninas consideradas muçulmanas passam a estar sujeitas à sharia (lei islâmica), o que permite que se casem em idade mais jovem.
Conforme o Morning Star News, meninas sequestradas no Paquistão, algumas com menos de 10 anos, são forçadas a se converter ao Islã e estupradas sob a disfarce de “casamentos” islâmicos. Em seguida, são pressionadas a registrar falsas declarações em favor dos sequestradores.
Além disso, as autoridades ignoram evidências documentais relacionadas às idades das crianças, entregando-as de volta aos sequestradores como suas “esposas legais”.
Em 7 de novembro, o Comitê de Direitos Humanos da ONU manifestou preocupação com os relatos contínuos de sequestro e casamento forçado de meninas de religiões minoritárias no Paquistão, independentemente de sua idade ou das leis em vigor. O comitê também expressou apreensão em relação à impunidade generalizada que envolve esses casos.
As meninas sequestradas no Paquistão são forçadas a se converter ao Islã e sofrem diversos abusos. (Foto: Ilustração/Unsplash/Alexander Popovkin)
Forçados a se converter ao Islã sob ameaça de violência, elas sofrem estupro, tráfico e outras formas de violência sexual e de gênero.
“As vítimas geralmente não são devolvidas às suas famílias durante as investigações, mas são forçadas a ficar com seus sequestradores, incluindo membros de grupos criminosos organizados, ou colocadas em instalações de cuidados alternativos desnecessários e inadequados, sem ou com respeito limitado aos padrões de proteção à criança, expondo as vítimas a mais riscos de exploração, abuso e práticas prejudiciais”, afirmou o comitê em suas observações finais sobre a segunda revisão periódica do Paquistão sobre a situação dos direitos humanos.
O comitê instou o Paquistão a intensificar os esforços para erradicar conversões forçadas e casamentos, incluindo o fortalecimento de sua estrutura legal e mecanismos de execução:
“O estado parte também deve garantir que todas as alegações de conversões forçadas e casamentos forçados de meninas sejam investigadas de forma rápida, imparcial e eficaz, que os responsáveis sejam levados à justiça e que todas as vítimas tenham acesso a remédios eficazes e serviços de apoio, como abrigos adequados, assistência jurídica, aconselhamento psicológico e programas de reabilitação”.
O Paquistão ficou em 8º lugar na Lista de Observação Mundial de 2025 da Portas Abertas dos lugares mais perigosos para ser cristão.
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