O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, realizou uma rara reunião com evangélicos norte-americanos na última quinta-feira (1º), enquanto o reino muçulmano ultraconservador busca reparar a imagem de intolerância religiosa.
A delegação foi liderada pelo autor Joel Rosenberg e incluiu a ex-congressista republicana Michele Bachmann, além de líderes de organizações evangélicas americanas, sendo algumas delas ligadas à Israel. O encontro aconteceu no Palácio Real em Riade, capital da Arábia Saudita.
“Foi um momento histórico para o príncipe saudita saudar abertamente os líderes cristãos evangélicos no Palácio. Fomos encorajados pela sinceridade da conversa de duas horas com ele hoje. Discutimos seu plano ‘Visão 2030’, a região, o islã e o cristianismo”, disse o grupo em nota.
A delegação também se reuniu com autoridades sauditas, incluindo o ministro das Relações Exteriores Adel al-Jubeir, o embaixador saudita em Washington, príncipe Khalid bin Salman, e o secretário-geral da Liga Muçulmana, Mohammed Al-Issa.
A visita de líderes não-muçulmanos é um ato raro de abertura religiosa para a Arábia Saudita, que abriga os locais mais sagrados do Islã e proíbe a prática de outras religiões.
Em entrevista à CBN News, os líderes disseram que a delegação não foi até o país com uma agenda política, mas com uma missão cristã.
“Quando penso na Arábia Saudita, penso no versículo: ‘Somos embaixadores de Cristo’. Não estamos representando os Estados Unidos. Estamos representando o Senhor Jesus Cristo”, disse o presidente da National Religious Broadcasters, Jerry Johnson.
Joel Rosenberg liderou a delegação para conhecer o Príncipe Mohammed bin Salman, na Arábia Saudita. (Foto: Bandar Algaloud/Saudi Royal Court/Handout via Reuters)
Para o pastor Skip Heitzig, esta foi uma grande “oportunidade”. “Na Bíblia há pessoas como Ester, que estava em uma corte real. Daniel se aproximou de vários reis e ocupou várias posições-chave. Deus os usou para falar com pessoas de autoridade e a Bíblia diz que devemos orar por elas”.
Cenário de avanços
O convite aos líderes evangélicos partiu do príncipe herdeiro, que nasceu em um hospital fundado por missionários evangélicos. Embora os Emirados Árabes Unidos sejam mais moderados do que alguns de seus equivalentes como Irã, Iraque ou Síria, ainda é classificado como o 40º pior do mundo para um cristão viver, de acordo com a lista mundial da Portas Abertas.
Johnson admitiu que o cenário dos Emirados Árabes Unidos não é um modelo exemplar de liberdade religiosa, mas assegurou que está caminhando na “direção certa”. “Eles estão se movendo em uma direção muito boa, e isso seria um ótimo modelo para as regiões do Oriente Médio e estamos aqui para afirmar isso”, explicou.
Johnnie Moore, da Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos EUA, assegurou que os Emirados Árabes Unidos estão empenhados em mudar “de dentro para fora” para ser uma sociedade mais tolerante. Ele ainda destacou que o país está à frente de outras nações do Oriente Médio quando se trata de promover a tolerância.
“Único em todo o mundo, os Emirados Árabes Unido têm um ‘Ministro da Tolerância’ cujo foco em tempo integral é garantir que a igualdade e a coesão sejam preservadas na sociedade, inclusive entre as comunidades religiosas”, escreveu Moore no Twitter.