A Arábia Saudita fez avanços sem precedentes em direção à tolerância religiosa. As mudanças foram conferidas de perto por uma delegação da Comissão de Liberdade Religiosa dos Estados Unidos, que visitou a capital, Riad, no fim de setembro.
Depois de um encontro com funcionários do governo saudita, autoridades dos EUA informaram que o país fez uma reforma no departamento de polícia religiosa — encarregada de aplicar a lei islâmica entre os cidadãos — e instituiu novos programas para reprimir o extremismo.
“Fiquei surpreso com o ritmo da mudança no país. Isso me lembrou o livro de Jó, que diz: ‘Meus ouvidos tinham ouvido a respeito, mas agora meus olhos viram’”, disse o comissário Johnnie Moore. “Foi a primeira vez que percebi que poderíamos ver a liberdade religiosa na Arábia Saudita”.
Moore foi o líder evangélico de mais alto escalão a se reunir com o governo saudita desde que o príncipe herdeiro de 33 anos, Mohammed bin Salman propôs uma reforma do islamismo em seu país, para que a religião seja mais moderada e aberta.
Menos de 5% dos 32 milhões de pessoas que vivem na Arábia Saudita são cristãos, de acordo com a Pew Research. A nação ocupa o 12º lugar entre os países que mais perseguem cristãos, segundo a lista da Portas Abertas.
O governo ainda não sanciona o funcionamento de igrejas ou qualquer forma de adoração pública por não-muçulmanos. No entanto, um progresso está sendo feito a fim de permitir o culto privado e proteger os direitos das minorias religiosas.
Novos avanços
De acordo com Moore, nos últimos seis meses, Bin Salman se reuniu com uma série de líderes cristãos como o arcebispo de Canterbury, o patriarca maronita e o papa copta no Cairo.
Moore e a comissária Nadine Maenza ainda se reuniram com líderes da Comissão para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício (CPVPV, na sigla em inglês), que promove o código moral islâmico na Arábia Saudita.
A comissão — que já foi a maior barreira para o culto privado — não tem mais autoridade para entrar nas casas das pessoas ou fazer prisões, informou Moore. Ele disse que os cristãos sauditas já sentiram os efeitos da reforma sob o comando de Bin Salman e apoiam as mudanças.
Além disso, a delegação americana se reuniu com os ministérios do governo encarregados de reprimir o extremismo religioso, estabelecendo programas educacionais e monitorando o ensino nas mesquitas. Sob a constituição muçulmana, a Arábia Saudita continua aplicando leis contra a apostasia, mas há sinais de que elas estariam se tornando menos rigorosas.
“Eu sou otimista para uma Arábia Saudita onde muçulmanos, cristãos e outros possam cultuar livremente”, disse Moore. “Pela primeira vez em minha vida e em minha defesa da liberdade religiosa, acredito que isso seja possível e talvez até mais cedo do que esperamos. Sou realista sobre os desafios envolvidos, mas até agora acredito que eles estão sendo sinceros em seus planos de moderar e modernizar”.
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