Príncipe herdeiro da Arábia Saudita propõe reforma do islamismo

Um missionário local afirma que a reforma pode impactar o mundo, pois o país exerce grande influência sobre os muçulmanos.

Fonte: Guiame, com informações do MNNonline.Atualizado: quarta-feira, 25 de abril de 2018 às 13:40
Mohammad bin Salman propôs a criação de um comitê para revisar o Hadith, coleção de ditos do profeta Maomé. (Foto: Reprodução).
Mohammad bin Salman propôs a criação de um comitê para revisar o Hadith, coleção de ditos do profeta Maomé. (Foto: Reprodução).

Um príncipe herdeiro da Arábia Saudita chamado Mohammad bin Salman pode ser uma figura importante em um possível grande impacto mundial. É que ele faz parte de uma geração que tem visto os últimos acontecimentos no país de forma bastante negativa e deseja mudança.

"Uma grande parte da população que tem menos de 30 anos está olhando para os últimos anos do que aconteceu na Arábia Saudita de uma forma muito negativa", compartilha David Bogosian, missionário da Christian Aid Mission.

“Salman é uma dessas pessoas. Ele faz parte desse grupo demográfico e tem o pulso de onde o país está se dirigindo demograficamente”, complementou. A Arábia Saudita tem sido atormentada por grupos extremistas. Agora, o príncipe herdeiro tem uma proposta.

“Ele está procurando fazer algo que me parece bem radical. Ele quer reformando o Hadith”, diz Bogosian. O Hadith é uma coleção de ditos do profeta Maomé, do Islã. É também uma fonte significativa de leis religiosas islâmicas e de orientação moral. Bogosian diz que o livro é do tamanho de uma Enciclopédia Britânica.

No entanto, o Hadith não é apenas onde os muçulmanos encontram seu modo de vida, é também onde os ramos extremistas do Islã, como os Wahabi, atraem seu apoio. Simplificando, o Hadith tem partes boas, e tem partes ruins.

Mudanças potenciais na Arábia Saudita

“O príncipe herdeiro está propondo a criação de um comitê, um grupo de pessoas, para revisar o livro e decidir o que será mantido e o que será descartado”, explica Bogosian. “Isso é bem épico. Na história do Islã, isso nunca foi realmente tentado, pelo menos não por um tempo. Esse corpo de literatura existe há mais de um milênio”, coloca.

“Ter alguém tão significativo, tão influente quanto a família real da Arábia Saudita propondo uma mudança para isso, certamente terá repercussões por séculos”. Ainda assim, o maior desafio do príncipe herdeiro é fazer com que clérigos e líderes islâmicos concordem em reformar. Até agora, as mudanças que foram propostas ganharam apoio.

“Por exemplo, uma grande mudança foi a redução da atividade da polícia religiosa na Arábia Saudita, que foi bem recebida pela maioria da população. Especialmente pelos mais jovens”, diz Bogosian.

“Esse foi um movimento significativo que não viu nenhuma grande resistência do conselho religioso na Arábia Saudita. E eu acho que é um sinal, que há uma disposição para flexionar, para se adaptar aos novos tempos”, ressalta.

Efeitos em todo o mundo

Bogosian ainda explica que a Arábia Saudita tem uma grande influência, particularmente com os muçulmanos sunitas, em todo o mundo. E se o país estiver disposto a começar a implementar mudanças, isso poderá ter um efeito em todo o mundo muçulmano - tanto no Oriente Médio quanto em outros lugares.

“Eu penso nisso em um sentido como o impacto que a Reforma Protestante teve na Europa, há 500 anos”, compartilha. "Você pode dizer que, em certo sentido, o mundo islâmico está talvez entre 400 a 500 anos atrás do cristianismo", finalizou.

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