Para contornar a proibição do aborto, após a derrubada da lei Roe v. Wade nos Estados Unidos pela Suprema Corte, uma clínica flutuante está sendo planejada para oferecer serviços de interrupção de gestação em águas federais, no Golfo do México.
O projeto da médica obstetra Dra. Meg Autry, quer ofertar abortos a baixo custo para moradoras de estados americanos, onde o procedimento se tornou ilegal.
A clínica, intitulada de PRROWESS (Proteção dos Direitos Reprodutivos das Mulheres Ameaçadas por Estatutos Estaduais), vai funcionar por três semanas a cada mês em um navio no Golfo do México.
As águas federais começam a cerca de 14 quilômetros da costa do Texas e a cerca de quatro quilômetros das costas do Alabama, Louisiana e Mississippi. Os quatro estados onde o aborto é ilegal.
A PRROEWSS fará abortos de até 14 semanas e "contracepção de emergência", conhecida como “pílula do dia seguinte”. Assistência jurídica também será oferecida às clientes.
O navio será inspecionado pela Guarda Costeira e contará com acesso de helicóptero para transporte.
Meg Autry espera arrecadar US$ 20 milhões para colocar o projeto da clínica flutuante em ação. Nenhuma data de abertura da PRROEWSS foi anunciada até o momento.
Proibição do aborto
No mês passado, em uma decisão histórica, a Suprema Corte dos EUA anulou a decisão de Roe v. Wade, concluindo que não há direito constitucional ao aborto.
Agora, cada estado está livre para autorizar ou não a interrupção da gravidez. Provavelmente, metade dos estados americanos, especialmente do Sul e Centro, mais conservadores e religiosos, devem banir a prática do aborto no curto prazo.
No Mississipi, a única clínica de aborto do estado fechou suas portas na semana passada. A Jackson Women's Health Organization, também conhecida como "Pink House", fechou um dia antes da lei de gatilho do Mississippi entrar em vigor, relata o WLBT News.
A lei de gatilho proíbe todos os abortos realizados cirurgicamente ou quimicamente, com exceção de gestações por estupro e se a vida da mãe estiver em risco.
No Texas - que tem uma das leis de aborto mais rígidas do país e proíbe o procedimento após seis semanas de gravidez - um estudo recente descobriu que cerca de 1.400 texanos viajavam para fora do estado para fazer abortos mensalmente.