A manhã desta sexta-feira (4), começou um tanto conturbada em São Paulo. Uma nova fase da Operação Lava Jato (24ª) iniciou-se na casa do ex-presidente Lula, em São Bernardo do Campo (SP), outros pontos do estado e também no Rio de Janeiro e na Bahia. O Instituto Lula também é outro alvo das investigações da Polícia Federal.
O que possibilitou a entrada da PF nas propriedades do ex-presidente foi um dos mandados de condução coercitiva - quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento. Apesar do mandado expedido, Lula não chegou a ser preso.
Por volta das 8h40, o ex-presidente foi conduzido ao Aeroporto de Congonhas para prestar depoimento à Polícia Federal. Às 8h51, ele já estava depondo dentro da base da Polícia no aeroporto.
Em nota, o Instituto Lula avaliou a ação da Polícia Federal como "violenta e injustificável".
"A violência praticada hoje (4/3) contra o ex-presidente Lula e sua família, contra o Instituto Lula, a ex-deputada Clara Ant e outros cidadãos ligados ao ex-presidente, é uma agressão ao estado de direito que atinge toda sociedade brasileira. A ação da chamada Força Tarefa da Lava Jato é arbitrária, ilegal, e injustificável, além de constituir grave afronta ao Supremo Tribunal Federal", diz o texto.
Além do ex-presidente, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, também foi alvo de outro mandado de condução.
A Polícia também cumpre mandados de busca e apreensão nas casas e empresas dos filhos de Lula e no sítio que era constantemente frequentado pelo ex-presidente, em Atibaia (SP).
No total, 44 mandados judiciais foram expedidos, sendo que 33 são de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva.
A ação desta sexta-feira nomeada "Aletheia" - termo grego usado para indicar a "busca pela verdade" - também conta com 200 policiais federais e 20 auditores da Receita Federal
Tumulto
Apesar da informação repassada por representantes da Operação Lava Jato em coletiva de imprensa, realizada nesta manhã, de que os investigados não estão resistindo às ordens judiciais e mandados coercitivos, manifestantes - contra e favoráveis - ao ex-presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores formaram uma concentração em frente à casa dele desde o início desta manhã. Houve discussões acaloradas e tumultos, além de um 'buzinaço' no local.
Houve também registro de confusão no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde Lula é ouvido pela PF.
Além das discussões a agressões registradas nas proximidades da casa do ex-presidente, também tem havido confusões constantes no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde Lula é ouvido pela PF.
No lado de fora da sede da Polícia Federal, no Paraná, há uma movimentação menor, de manifestantes que apoiam a Operação Lava Jato e pedem pela prisão de Lula.
Investigações
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a ação deflagrada tem como objetivo, aprofundar as investigações sobre possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, relacionados aos escândalos da Petrobras, envolvendo também pagamentos repassados pelo pecuarista José Carlos Bumlai e pelas construtoras OAS e Odebrecht.
Evidências também apontam que Lula teria recebido valores gerados pelo esquema de corrupção da Petrobrás, por meio de um apartamento triplex do Condomínio Solaris, no Guarujá (SP).
Perseguição
Já em outubro de 2014 (ano eleitoral), o ex-presidente chegou a afirmar que as acusações contra membros do Partido dos Trabalhadores (PT) se assemelhavam à perseguição que o Império Romano impôs sobre Jesus Cristo nos tempos bíblicos.
"Eles são intolerantes. Outro dia eu disse para eles (tucanos): vocês são mais intolerantes do que Herodes, que matou Jesus Cristo por medo de ele se tornar o homem que virou. Querem acabar com o PT, querem acabar com a presidenta Dilma, achincalhar ela, chamar de leviana. Só pode ser feito por um filhinho de papai, porque um nordestino jamais faria isso", disparou.