Em um vídeo recente, o grupo terrorista Boko Haram anunciou a execução de uma trabalhadora humanitária e ameaçou matar uma adolescente cristã e outras duas reféns, de acordo com a organização da Portas Abertas.
A jovem morta pelos terroristas, Saifura Hussaini, de 25 anos, foi sequestrada pelo Boko Haram em 1º de março durante um ataque na cidade de Rann, na província de Borno, área de atuação do grupo jihadista. Ela trabalhava em um projeto de atendimento pré-natal pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
No mesmo vídeo, os terroristas ameaçaram matar outra parteira do CICV, Hauwa Mohammed Liman, uma enfermeira que trabalhava em um centro do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Alice Loksha e a adolescente cristã Leah Sharibu.
De acordo com o site nigeriano The Cable, os insurgentes afirmam que entraram em contato com o governo sobre os cativos mas não tiveram resposta.
“Entramos em contato com o governo por escrito e também enviamos mensagens de áudio, mas o governo nos ignorou. Então, aqui está uma mensagem de sangue”, disse um porta-voz do grupo. “A outra enfermeira e parteira serão executadas de maneira semelhante em um mês, incluindo Leah Sharibu”.
Fé que não foi negada
Apenas três semanas atrás, o Boko Haram divulgou uma mensagem de áudio e uma foto de Leah Sharibu, que foi sequestrada em 13 de fevereiro deste ano em uma escola na cidade de Dapchi, junto com mais de 100 outras garotas.
Na gravação de áudio de 35 segundos, a menina de 15 anos — a única que não foi libertada com as outras garotas raptadas por ter se recusado a negar Jesus — pediu ajuda para sua família e para si mesma.
“Eu peço ao público para ajudar minha mãe, meu pai, meu irmão mais novo e meus parentes”, disse Leah em sua língua Hausa. “Por favor, me ajude a sair dessa situação. Estou implorando que me trate com compaixão. Eu peço ao governo, particularmente ao presidente, que tenha pena de mim e me tire desta situação séria”.
Emmanuel Egebe, um ativista nigeriano nos Estados Unidos, acredita que a morte da trabalhadora humanitária, que é muçulmana, sinaliza uma mudança na estratégia do Boko Haram.
“O Boko Haram geralmente executa homens cristãos que se recusam a converter e homens e mulheres — cristãos ou muçulmanos — que trabalham para serviços de segurança. É contrário às regras do Boko Haram executar mulheres muçulmanas”, observa.
Negligência do governo
Após a publicação da mensagem de áudio de Leah, um porta-voz do governo da Nigéria emitiu uma nota à imprensa: “Para o presidente Buhari, nenhum esforço será poupado para trazer todas as nossas meninas para casa. Ele não descansará até que todas sejam libertadas”.
No entanto, o pai de Leah, Nathan, disse que a família não foi procurada por nenhum representante do governo desde o desaparecimento de Leah. “Nada está sendo feito que eu saiba. Eu não sei de nenhum plano para libertá-la. O que eu sei é o que recebo da mídia. Eu acredito que eles podem resgatá-la do Boko Haram se eles quiserem nos ajudar”, disse ele em entrevista à Voz da América, no dia 12 de setembro.
A mãe de Leah, Rebecca, também fez um apelo aos cristãos do mundo inteiro. “Imploro para os cristãos nas altas posições em todo o mundo e para o presidente, assim como ela implorou, para ajudá-la a sair da situação em que ela está”.
Em abril, quando Leah percebeu que não seria libertada com as outras garotas sequestradas, ela enviou uma mensagem à sua mãe através de uma colega de classe.
“Minha mãe não deve ser incomodada”, escreveu ela. “Sei que não é fácil sentir a minha falta, mas quero assegurar que estou bem. Estou confiante de que um dia verei seu rosto novamente. Se não for aqui, será no seio de nosso Senhor Jesus Cristo”.