Mais de 70 meninas são libertadas de cativeiro do Boko Haram, após intervenção do governo

O governo escolheu uma negociação ao invés de uma ação militar, para assegurar a vida das meninas.

Fonte: Guiame, com informações do Portas AbertasAtualizado: quinta-feira, 22 de março de 2018 às 13:27
Agora, as meninas que foram sequestradas estão sob a custódia da agência nacional de inteligência. (Foto: Reprodução).
Agora, as meninas que foram sequestradas estão sob a custódia da agência nacional de inteligência. (Foto: Reprodução).

O grupo extremista Boko Haram libertou 76 meninas que foram sequestradas de um internato em Dapchi, no nordeste da Nigéria. O rapto, que ao todo foi de 110 garotas, aconteceu no dia 19 de fevereiro deste ano.

A libertação se deu após uma intervenção do governo da Nigéria na manhã da última quarta-feira (21). O ministro da informação, Lai Mohammed, informou que a ação dos extremistas em libertar as meninas foi resultado de um esforço conjunto e incondicional. Não houve qualquer pagamento de resgate.

O Boko Haram não deu maiores explicações. Mas, sabe-se, por meio do ministro da informação, que as meninas foram libertas às 3h da manhã e que 76 haviam sido documentadas.

Muhammadu Buhari, o presidente da Nigéria, disse na semana passada que o governo havia “escolhido a negociação” ao invés de uma ação militar. O motivo era garantir a libertação e a vida das meninas.

Ele ainda disse que as sequestradas estão sob a custódia da agência nacional de inteligência. Elas foram levadas para o hospital de Dapchi e os pais não têm permissão para vê-las ainda.

Testemunho

Ela só tem 16 anos, mas viveu grandes tensões. Aisha Alhaji Deri foi uma das estudantes sequestradas. “Eles nos trouxeram de volta esta manhã e disseram que deveríamos ir direto para casa e não para o exército, se não eles nos pegariam de volta”.

Segundo informações de uma testemunha de Dapchi, os extremistas haviam deixado claro que as garotas foram libertadas por “dó”. E isso foi informado aos moradores, deixando um aviso para os pais. “Não coloquem suas filhas na escola de novo”. Vale ressaltar que “Boko Haram” quer dizer “a educação ocidental é pecaminosa”.

Cristã permanece presa

A menina Aisha ainda relatou que elas não foram maltratadas no cativeiro. Apesar disso, ela contou sobre a morte de cinco garotas. “Quando estávamos sendo transportadas, cinco meninas morreram no caminho”.

Tal acontecimento foi confirmado pelo tio de uma das meninas sequestradas. Usman Mataba contou que conversou com os membros do Boko Haram que trouxeram as meninas de volta e eles disseram que trouxeram todas, exceto seis. Cinco delas morreram no mesmo dia do sequestro.

“Eles disseram que só viram que as meninas estavam mortas quando chegaram ao destino, então as enterraram”, revelou. Ainda há pelo menos uma menina que presa. Seu nome é Leah Sharibu. Mataba disse que o Boko Haram mandou um recado e deixou claro que ela teria que “conquistar sua libertação”.

“Eles disseram que Leah se recusou a cooperar com eles, mas que assim que o fizesse, eles a libertariam. Mas não explicaram o que isso significava”, disse o tio. Hafsat Abdullahi – irmã de Fatima, 16 anos, uma das meninas libertadas – disse que conhece Leah e que ela não era a única cristã da escola, mas a única cristã que foi sequestrada. “Eu ouvi dizer que o Boko Haram disse que não vai libertá-la até que ela se converta ao islã”, contou.

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