Os cristãos de Hong Kong temem que a liberdade religiosa possa ‘desaparecer para sempre’, mesmo com a retirada do controverso projeto de extradição e dos esforços da líder Carrie Lam para aliviar as tensões na região administrativa.
Cristãos e apoiadores da democracia estão preocupados com o fato de o governo chinês fazer outra tentativa de restringir a legislação em Hong Kong que visaria especificamente a comunidade religiosa e tiraria os direitos humanos básicos.
Antes da retirada do projeto, ele provocou três meses de inquietação. O projeto controverso teria permitido que as pessoas fossem enviadas de Hong Kong à China continental para julgamento.
Os manifestantes sentiram que a retirada da lei não foi longe o suficiente - eles exigiram leis que incluíssem o sufrágio universal (ou seja, a condição para que todas as pessoas possam votar) e solicitaram uma investigação independente sobre as queixas de força excessiva da polícia.
Lam, que anunciou na terça-feira (17) que está iniciando sessões de diálogo com a comunidade na próxima semana, disse que sua primeira prioridade é acabar com os distúrbios e a violência, já que manifestantes pró-Pequim entraram em conflito repetidamente com apoiadores pró-democracia. Quase 1.500 pessoas foram presas desde a intensificação dos protestos em junho.
"A sociedade de Hong Kong realmente acumulou muitas questões econômicas, sociais e até políticas profundamente enraizadas. Espero que essas diferentes formas de diálogo possam fornecer uma plataforma para discutirmos", disse Lam a repórteres. "Mas eu tenho que enfatizar aqui, a plataforma de diálogo não significa que não precisamos tomar ações de aplicação resolutas. Suprimir a violência diante de nós ainda é a prioridade.”
Gina Goh, gerente regional da International Christian Concern no Sudeste Asiático, disse que é "ridículo esperar" que Hong Kong seja justa com o povo depois de corroer a confiança entre a liderança e os cidadãos.
"Oito vidas pereceram por essa causa", disse Goh à Faithwire, "e os manifestantes querem continuar buscando a justiça e a democracia para que seus companheiros não morram em vão."
A Diocese Católica de Hong Kong (HKJP) fez várias exigências, incluindo a concessão de uma maior separação legislativa à ex-colônia britânica da China comunista.
Falando diretamente a Lam, o cardeal Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong, fez algumas observações contundentes sobre a situação:
“Carrie Lam deveria pelo menos concordar com duas exigências: retirar o projeto de lei e criar um comitê de investigação independente. Dessa forma, espero que as pessoas possam aceitar um período de trégua”, disse Zen. “Caso contrário, é inimaginável que grande desastre seria infligido a nós antes de 1º de outubro (aniversário de 70 da RPC)! Ela tem uma escolha. Ou ela se arrepende, ou então Deus não poderá ajudá-la.”
Embora os cristãos representem apenas 10% da população, eles desempenharam um papel vital nos protestos, ajudando a reprimir a violência e fornecendo um refúgio seguro para os manifestantes, à medida que o governo continua a reprimir os "distúrbios organizados".
Nas primeiras semanas dos protestos, o hino "Cante Aleluia ao Senhor" tornou-se um hino improvável para os manifestantes.