Nos últimos dias, uma multidão de milhões de cristãos tem saído às ruas do território chinês autônomo de Hong Kong para protestar contra uma proposta de lei de extradição e contra o governo da China continental. Uma canção cristã composta em 1974 acabou tornando-se um "hino não oficial" desse grande movimento.
Somando mais de 2 milhões de pessoas, grupos cristãos se uniram nas ruas da cidade e preencheram os locais ao som de palavras de ordem contra o governo comunista da China e com a canção "Sing Hallelujah To The Lord" ("Cante Aleluia ao Senhor"), composta por Linda Stassen-Benjamin. A canção que é cativante e simples em sua melodia, é popular em todo o mundo e foi traduzida para vários idiomas.
Os manifestantes também protestaram contra a brutalidade da polícia chinesa. As autoridades comunistas (governo chinês) aparentemente têm um desgosto pela canção cristã, como evidenciado por um cartaz que um manifestante carregava. "Pare de usar seu cacetete ou tocaremos 'Sing Halleluja To The Lord". Diversos vídeos de manifestantes cantando o 'hino' foram postados no Twitter e em outras mídias sociais.
No último final de semana, aproximadamente 2 milhões de manifestantes tomaram as ruas para protestar contra uma proposta de lei que enviaria "suspeitos de crimes" para serem extraditados e julgados em território continental. As manifestações também exigiam a renúncia da diretora executiva de Hong Kong, Carrie Lam. Apesar de fazer parte do território chinês, Hong Kong é governada por um parlamento independente.
Os relatórios indicam que, embora outras medidas sobre a lei de extradição contestada tenham sido suspensas, mas não completamente desmanteladas, os manifestantes, muitos dos quais são jovens, continuam a fazer oposição. Os manifestantes temem que o governo chinês empregue a lei proposta para atingir e efetivamente silenciar aqueles que o criticam.
A presença de cristãos e outros cantores "nas linhas de frente dos protestos foi útil para fazer as manifestações se parecerem mais com um culto ao ar livre do que com os 'tumultos' que o governo disse que tinha que reprimir para trazer de volta a lei e a ordem", informou o jornal Shanghaiist no domingo, chamando a música de 1974 de "o hino não oficial" da revolta.
Clique abaixo para conferir um dos inúmeros vídeos divulgados:
Repressão
Enquanto isso, na parte continental, a China tem censurado as manifestações de protesto, como as de Hong Kong. Quando um usuário da Internet pesquisa a palavra "Hong Kong" no Baidu, o maior mecanismo de busca da China, nenhuma notícia dos protestos aparece.
Os censores do governo também removeram canções como "Do you hear the people sing" — também entoada nos protestos — dos serviços de streaming de música on-line.
Chu Yiu-ming, pastor da Igreja Batista Chai Wan, em Hong Kong, está entre os líderes evangélicos que participaram dos protestos. Yiu-ming já havia participado de outros protestos, como em 2017, exigindo direitos universais de voto nas eleições do Chefe do Executivo.
O governo chinês vem reprimindo a expressão religiosa nos últimos meses e anos, intensificando seus esforços para eliminar todos os símbolos cristãos, removendo cruzes de igrejas e pinturas cristãs, substituindo-os por bandeiras chinesas e fotos do presidente chinês Xi Jinping, além de demolir igrejas "não registradas".
Os protestos de Hong Kong ocorreram poucos dias depois do aniversário de 30 anos do massacre da Praça Tiannamen, conhecido como Movimento Democrático de 1989, que o governo chinês reprimiu brutalmente.
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