Com uma votação de 71,5% de aprovação, a FINA, o órgão internacional de natação, deve proibir efetivamente mulheres transgênero de participar de competições femininas neste esporte.
As novas regras vieram três meses após Lia Thomas, um atleta transgênero, ter ganhado um título no sistema universitário dos Estados Unidos, a National Collegiate Athletic Association (NCAA).
John Lohn, editor da Swimming World Magazine, uma revista especializada em natação, publicou neste ano uma matéria analisando o desempenho esportivo de Thomas e concluiu que que "não dá para negar suas vantagens".
A organização internacional que supervisiona as competições de natação aprovou novas regras que proíbem homens biológicos de competir em competições femininas se tiverem passado pela puberdade masculina.
Puberdade
O Congresso Geral Extraordinário da FINA 2022, realizado em Budapeste, foi a última salva de uma discussão em andamento sobre se atletas trans devem competir de acordo com sua identidade de gênero ou sexo biológico.
“Temos que proteger os direitos de nossos atletas de competir, mas também temos que proteger a justiça competitiva em nossos eventos, especialmente a categoria feminina nas competições da FINA”, disse o presidente do órgão, Husain Al-Musallam, em comunicado.
De acordo com a política, as mulheres transgênero devem mostrar que "não experimentaram nenhuma parte da puberdade masculina além do estágio 2 de Tanner ou antes dos 12 anos, o que ocorrer mais tarde", uma medida que efetivamente elimina sua elegibilidade para competir na categoria feminina.
A escala de Tanner (ou estágios de Tanner) é uma avaliação da maturação sexual através do desenvolvimento físico de crianças, adolescentes e adultos, que descreve as mudanças físicas pelas quais as pessoas passam durante a puberdade.
A FINA disse que era necessário usar gênero e características ligadas ao sexo para determinar os critérios de elegibilidade por causa da "lacuna de desempenho" que aparece entre machos e fêmeas durante a puberdade.
“Sem padrões de elegibilidade baseados em sexo biológico ou traços ligados ao sexo, é muito improvável que vejamos mulheres biológicas em finais, pódios ou posições de campeonato; e em esportes e eventos envolvendo colisões e projéteis, atletas femininas biológicas estariam em maior risco de lesão", afirma.
O grupo disse que elaborou a política em consulta com especialistas atléticos, científicos e jurídicos.
Categoria aberta
Uma categoria "aberta", em futuras competições de natação para pessoas que não atendem aos critérios para eventos masculinos ou femininos, pode ser criada pelo órgão.
"A FINA sempre dará as boas-vindas a todos os atletas. A criação de uma categoria aberta significará que todos terão a oportunidade de competir em nível de elite", acrescentou Al-Musallam.
Um porta-voz de Al-Musallam disse à Associated Press que atualmente não há mulheres transgênero em níveis de competição de natação de elite.
A nova política entra em vigor na segunda-feira.