Hungria afirma que “mãe é mulher, e pai é homem” e causa indignação nos líderes da UE

Por reforçar suas políticas pró-vida e pró-família, Hungria pode sofrer sanções por parte da União Europeia.

Fonte: Guiame, com informações de CBN NewsAtualizado: sexta-feira, 5 de novembro de 2021 às 13:03
Katalin Novak, Ministra da Família, na Hungria. (Foto: Captura de tela/CBN News)
Katalin Novak, Ministra da Família, na Hungria. (Foto: Captura de tela/CBN News)

A Hungria tem se destacado por seu posicionamento pró-vida e pró-família, além de se declarar como uma nação cristã. Recentemente, um relatório mostrou também que o país é o que mais ajuda cristãos perseguidos no mundo. 

Como a nação conseguiu esse status? No aspecto de defesa à vida e às famílias, houve uma conscientização a partir de uma situação específica. Dez anos atrás, a situação era bem diferente. 

Os húngaros perceberam que tinham um grande problema. Os abortos aumentaram, a taxa de natalidade foi baixa e a população diminuiu. Portanto, o governo de Budapeste fez algo radical, tornou as crianças e as famílias o recurso mais importante do país.

Ações governamentais

A Ministra da Família, Katalin Novak, líder do partido político Fidesz, esteve focada em aumentar a taxa de natalidade, quando seu partido assumiu em 2010. Eles perceberam que tinham duas opções: abrir a porta para mais imigrantes ou atrair os cidadãos húngaros a ter mais bebês.

“O número de casamentos caiu. O número de divórcios aumentou, o número de abortos foi alto”, disse a ministra à CBN News. Nas últimas quatro décadas, a população da Hungria diminuiu em 10%.

O pastor Nemeth Sandor, outro entrevistado, lembrou que a queda teve relação com o governo comunista. “Muitas pessoas não queriam filhos porque tinham medo de ser pobres”, ele observou.

Katalin também apontou para os anos em que o número de abortos foi maior do que o número de nascimentos, então ela e sua equipe começaram a trabalhar para que o casamento se tornasse algo mais atraente para os jovens.

Benefícios para aqueles que formam famílias

“Apoiar os jovens para que possam ter tantos filhos quantos desejarem, e no momento em que quiserem, é uma forma de liberdade de escolha”, disse a ministra da família.

Para reforçar sua campanha, o governo passou a favorecer as mulheres húngaras. As que têm quatro filhos não pagam imposto de renda por toda a vida e tiram três anos de folga do trabalho para cuidar de seus bebês.

Além disso, os casais podem obter um empréstimo de 30 mil dólares sem juros para ajudar a comprar uma casa. O pagamento diminui com cada filho e depois de três filhos a dívida é perdoada.

Resultados obtidos

De acordo com a CBN, a campanha húngara funcionou. Na última década, a taxa de natalidade aumentou acompanhando o investimento do governo em políticas favoráveis ​​à família.

“Também oferecemos serviços, não apenas apoio financeiro, mas também creche ou alimentação infantil gratuita, ou acampamentos de verão para as crianças”, acrescenta a ministra.

E os húngaros não estão apenas tendo bebês. Na última década, os casamentos aumentaram 83%, os divórcios chegaram ao ponto mais baixo em 60 anos e os abortos diminuíram drasticamente.

"Para mim, pessoalmente, este é um dos resultados mais importantes de nossas políticas de dez anos voltadas para as famílias. Os abortos caíram 41% e acho que ainda temos muito trabalho a ser feito neste assunto porque temos que apontar o valor da vida”, disse a ministra que é mãe de três filhos.

União Europeia se manifesta contra a Hungria

As políticas pró-família da Hungria estão inscritas na constituição que foi adotada em 2010. Este ano, houve uma alteração para esclarecer que “mãe é mulher e pai é homem”. Além disso, reforçou que “a educação dos filhos, incluindo a educação sexual, pertence exclusivamente aos pais”. 

Por conta disso, agora a União Europeia (UE) se mostrou indignada. “O movimento [pró-vida e pró-família] enlouqueceu os líderes da UE em Bruxelas. Isso criou tal indignação na política que agora eles estão tentando impor sanções à Hungria”, disse o húngaro Tristan Azbej, secretário de Estado.

O ramo executivo da UE lançou uma ação legal contra a Hungria acusando o governo de discriminar pessoas LGBT. “Somos fortemente atacados e criticados por nossas crenças cristãs e também por ideias políticas democráticas cristãs”, acrescentou Azbej.

Zoltan Kovacs, porta-voz do primeiro-ministro, disse que a UE está se excedendo ao interferir nas políticas de educação de um país membro. “Eles não gostam de nós porque não vamos permitir que a violenta e exagerada propaganda LGBTQ chegue às nossas escolas e à vida dos nossos filhos”, disparou.

Futuro da Hungria

Enquanto a Hungria se antecipa à sua eleição no próximo ano, a oposição está se unindo para tirar o primeiro-ministro Viktor Orban, que foi devolvido ao cargo três vezes.

“Para mim, é muito difícil entender o que é polêmico em dizer que a mãe é uma mulher e o pai é um homem ou que o casamento é entre um homem e uma mulher com base no consentimento mútuo. Acho que é a base do nosso viver e nós apenas temos isso refletido em nossa constituição”, ele disse.

“Eu acho que não temos que explicar sobre isso, porque sempre foi assim e sempre será na Hungria”, disse Kovacs. 

“É a resposta de uma oração para que a política do governo se alinhe conosco, e que Deus a torne permanente”, emendou o pastor Sandor.

Quando questionado sobre o que as pessoas nos Estados Unidos deveriam saber sobre a agenda pró-família da Hungria, Kovak disse: “Nunca tivemos a intenção de chamar a atenção internacional para nós e nunca pensamos em dar aulas para ninguém, mas também não queremos ser ensinados por ninguém”, ele disse.

“Tornar a saúde e o crescimento das famílias uma prioridade do governo é algo revolucionário no mundo de hoje, mas as autoridades querem enxergar isso como uma mercadoria que enriquece a sociedade húngara”, concluiu ao se referir às verdadeiras intenções daqueles que estão conduzindo as políticas no país.

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