Em um artigo para a Harbingers Daily, o pastor Andrew Brunson conta seu testemunho como missionário na Turquia, onde viveu com a esposa Norine durante 25 anos, e acabou sendo perseguido e preso em 2016.
O casal chegou a país para abrir igrejas, uma casa de oração e trabalhar com refugiados. “Nossas vidas foram viradas de cabeça para baixo um dia quando fomos convidados para a delegacia local e disseram que havia uma ordem para nos prender e deportar”, relata.
A deportação não aconteceu, e Norine foi solta duas semanas depois. Mas Brunson ficou preso por dois anos. “Eles me acusaram de ser um espião militar, um terrorista e de tentar derrubar o governo turco”, diz.
“Nada disso era verdade. Eles queriam fazer de alguém um exemplo para intimidar outros cristãos e me escolheram. Eles ameaçaram me dar três sentenças de prisão perpétua em confinamento solitário”, conta.
Brunson diz que se considerava um missionário relativamente duro — já havia enfrentado ameaças antes e até tinha sido baleado. “Mas eu não estava preparado para o que vivi na prisão. Foi muito mais difícil do que imaginei que seria, e quase não consegui. A perseguição quase me nocauteou”, relembra.
Ele diz que muitos cristãos não acham que isso possa acontecer nos Estados Unidos, mas pode. Os seguidores de Jesus ao longo da história e em países ao redor do mundo sofreram perseguição, afirma o pastor. “Nossa experiência de muito pouca perseguição até agora é a exceção”, diz.
O pastor faz um contraponto entre os que são perseguidos por sua fé e a atual sociedade, cada vez mais mergulhada no mundo corporativo, big tech, artes, mídia, entretenimento, esportes profissionais, escolas e universidades, burocracia governamental – que são principalmente povoados por pessoas que não honram a Deus.
“Na verdade, muitos O desafiam abertamente. Estas são as pessoas que controlam os centros de poder e influência. Eles têm as plataformas para amplificar suas vozes e moldar a opinião pública, e são cada vez mais hostis àqueles que se identificam claramente com Jesus e Seus ensinamentos”, mostra.
Ele diz que de um lado estão os seguidores de Jesus e do outro, aqueles que são hostis aos seguidores de Jesus.
A perseguição aumentará
Brunson coloca duas questões mais específicas que vão conduzir ao aumento da perseguição:
1. A exclusividade de Jesus na salvação – que Jesus é o único caminho para Deus;
2. que Jesus exige obediência de Seus seguidores em várias áreas que são muito contestadas em nossa cultura, como moralidade sexual, identidade de gênero, casamento, família, vida e justiça bíblica.
“Aqueles que são fiéis a Jesus em defender a exclusividade do Evangelho e a obediência a Cristo serão rotulados como pessoas más, e aqueles que nos perseguem se justificarão dizendo que somos um povo de ódio, que carregamos uma mensagem de ódio”, explica.
Mentira satânica
O pastor diz que essa mentira satânica irá ecoar porque o mesmo aconteceu com Jesus. Ele era o homem mais amoroso e bondoso da história, e ainda assim as pessoas o chamavam de mau.
“Elas disseram que Ele era demoníaco, e uma multidão enfurecida exigiu que Ele fosse morto de uma maneira horrível. E Jesus disse que assim como o mundo O odiava, também odiará Seus seguidores”, compara.
Andar com Jesus, crer Nele e falar sobre Ele faz dos cristãos, segundo Brunson, o grupo religioso mais perseguido do mundo.
“Muitos, em nome de serem inclusivos e tolerantes, dirão que os seguidores de Jesus são uma ameaça à segurança. Eles dirão: ‘Você não pode trabalhar aqui. Suas opiniões fazem as pessoas se sentirem inseguras. Você não pode usar as redes sociais. Você não pode usar nossos produtos financeiros. Não processaremos seus pagamentos. Estamos cancelando sua conta bancária. Você não pode usar esses cartões de crédito’”, alerta.
E quanto à igreja, dirão, “estamos fechando seu site e seus podcasts. E estamos tirando você do status de isenção de impostos porque você tem uma mensagem de ódio.”
“Estes são alguns dos possíveis pontos de pressão. Não sei até onde isso irá, mas mesmo que seja apenas desprezado, odiado e caluniado, isso pode ser bastante difícil”, avisa.
Brunson diz que a maioria dos crentes não está preparada para as pressões da perseguição, e isso é muito perigoso. “Posso dizer isso por experiência própria. Cheguei perto de fracassar, especialmente durante meu primeiro ano de prisão. Às vezes eu era suicida. Fui tomado de medo e desespero. Entrei em crise relacional com Deus”, revela.
Hoje ele diz que acreditar que um dos propósitos que Deus tinha em sua prisão era que aprendesse a ficar sob pressão mesmo quando estivesse fraco e sobrecarregado. E também para que pudesse encorajar os outros a resistirem quando estivessem na mesma condição.
Perigos espirituais
O pastor destaca alguns dos perigos espirituais que podem surgir para os cristãos e sugere alguns passos a serem tomados para prepará-los para ficar de pé. “São coisas que aprendi e pratiquei, que me ajudaram a suportar uma pressão intensa, e acredito que também ajudarão você”.
“Estou me concentrando na preparação do coração, que é o fator mais importante e fundamental para determinar se permaneceremos fiéis. E esse é o objetivo: ser fiel até o fim”, diz.
Fale e planeje
O pastor diz que é preciso falar sobre perseguição, estar ciente e se planejar para isso. Essa condição precisa estar em nosso radar, alerta Brunson, “e digo isso especialmente para pastores, líderes, influenciadores, pais e avós, que têm pessoas sob seus cuidados”.
“Se não falarmos sobre isso, então, quando essa onda escura chegar, vai chocar muitas pessoas, e isso as coloca em perigo de serem nocauteadas”, avisa.
Leia de uma nova maneira
Ele diz que é preciso ler o Novo Testamento com um olhar diferente, pois está cheio de exortações para se preparar para momentos de perseguição e também de exemplos de pessoas que vivem vitoriosamente sob essa situação.
“Na prisão, li especialmente 2 Timóteo, que Paulo escreveu em uma masmorra antes de ser martirizado. A carta de 1 Pedro dirige-se aos cristãos que sofrem por fazer o bem”, testemunha.
“Leia os Evangelhos com foco no que Jesus diz sobre perseguição, como Ele mesmo lida com a perseguição e como Ele prepara Seus discípulos. Discuta com seus entes queridos e decida agora que você e sua casa servirão ao Senhor (Josué 24:15), mesmo que isso se torne caro”, aconselha.
Ore por força
Orar pedindo fé e força suficientes para resistir é outro conselho de Brunson. Ele diz que foi isso que Jesus exortou Seus discípulos a fazer, quando disse: “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26:41, NVI).
“E Pedro diz aos crentes que enfrentam perseguição: ‘Sejam sóbrios; esteja atento. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge, procurando alguém para devorar’” (1 Pedro 5:8).
Aprenda com os crentes perseguidos
Os cristãos perseguidos e perseveraram fielmente devem ser modelos para a igreja de hoje. Ele diz que não esperar perseguição traz conforto e a igreja precisa mudar nossa mentalidade.
“Muitas igrejas estão procurando como expandir, mas muito poucas estão se preparando para a onda que está prestes a bater. Alguns dos meus amigos estão esperando um avivamento, e eu espero que ele venha. Mas antes de vermos o fogo do avivamento, acho que passaremos por um fogo de refino. Então, precisamos priorizar nos preparar agora”, adverte.
A dura verdade
Ele diz que a dura verdade é que Deus permite que Seus filhos sofram perseguição, e isso pode ser mais difícil do que pensamos. “Eu tinha uma visão idealista de como lidaria com perseguições intensas, como prisão. E olhando para trás, acho que teria me ajudado a saber o quão difícil pode ser, para que eu pudesse ajustar minha mentalidade e expectativas”, diz.
Brunson entende que muitos falam de perseguição, mas não sabem o que é passar por ela, na realidade: “Precisamos ter cuidado para não sermos confiantes demais. Digo a você novamente, pode ser mais difícil do que pensamos, e a fidelidade de Deus, Sua ajuda, Sua graça, podem parecer diferentes do que esperamos”.
Com base em suas experiências, ele finaliza mostrando como pode ser difícil e perigoso estar sob perseguição e prisão.
“Meus irmãos e irmãs, estamos em uma jornada perigosa. Haverá dificuldades e perigos, mas o Leão está conosco. Em algum momento, a jornada terminará e terminará em vitória para o Leão e para aqueles que estão ao Seu lado”, afirma Brunson.