Uma ação da Christian Solidarity International (CSI), com base nos EUA, ajudou a libertar 300 escravos sul-sudaneses que estavam no Sudão. Na operação, liderada pelo gerente do projeto da CSI, Franco Majok, 150 voltaram para suas vilas natais no condado de Aweil North e 150 retornaram para o condado de Aweil East, no Sudão do Sul.
Como nas ocasiões anteriores, cada ex-escravo recebeu um kit de sobrevivência e uma cabra, além de 25 kg de sorgo e amendoim. A enfermeira de campo do CSI tratou cerca de 100 pessoas, principalmente com sintomas de malária e infecções pulmonares.
Ao serem libertos, os ex-escravos recebem doações para sobrevivência, como uma cabra e 25 kg de sorgo. (Foto: Reprodução / CSI)
A CSI relata que sua equipe também consertou um poço para a comunidade anfitriã em Aweil East para garantir segurança no abastecimento de água.
“Ao final de cada libertação de escravos nos dois municípios, as comunidades anfitriãs faziam uma grande festa, com cantos e danças”, relatou Franco.
Décadas de escravidão
Aos 40 anos, Abour Boi Akec é uma das libertas na operação. Ela passou mais de 20 anos como escrava no Sudão, cuidando dos animais de seu ‘mestre’ depois de ser sequestrada por comerciantes árabes de sua vila de Aroyo. Por duas décadas a mulher conta que foi estuprada e sofreu outras formas de abuso. Quando ela finalmente foi libertada, disse que não podia acreditar.
“Um dia, [o escravo] Osman Bashir veio, junto com outros Dinkas, ao acampamento do gado e conversou com meu mestre. Depois de uma longa discussão, tive permissão para ficar com Osman Bashir. Achei que tinha sido vendida para outro mestre!”, disse ela.
Deng Khor Thuc, 55 anos, foi mantido como escravo no Norte por 24 anos. Ele também trabalhou em uma fazenda de gado onde era espancado e insultado regularmente. Quando ele adoeceu, não recebeu tratamento.
“Agradeço às pessoas dos Estados Unidos e da Europa que ajudaram a garantir minha liberdade. Eu não estaria aqui hoje como um homem livre sem o apoio que eles nos deram”, disse Deng. “Vou procurar meu povo aqui no Sudão do Sul. Vou cultivar para me sustentar. O Sudão do Sul é minha casa e ninguém vai me bater ou me insultar de novo”.
Mulher expressa alegria em ser liberta da escravidão. (Foto: Reprodução / CSI)
Sobre a CSI
A CSI é uma organização internacional cristã de direitos humanos, que faz campanha pela liberdade religiosa e dignidade humana, e auxilia vítimas de perseguição religiosa, crianças vitimadas e vítimas de catástrofes.
A CSI oferece assistência alimentar de emergência, tratamento médico e outros tipos de ajuda vital para vítimas de perseguição religiosa e desastres naturais no Iraque, Síria, Egito, Nigéria, Sudão do Sul, Paquistão e outros pontos críticos ao redor do mundo.
Para realizar o trabalho de libertação de escravos, a CSI conta com apoio de cristãos de todo o mundo. “Não podemos fazer isso sozinhos. Sem o seu apoio dedicado, não seremos capazes de fornecer comida, abrigo, roupas para as várias comunidades que a CSI apoia em todo o mundo”, explica a organização, que em 2021 libertou 1.500 escravos.