Governo do Sudão detém carregamento de Bíblias na alfândega, denunciam líderes cristãos

Autoridades exigiram taxas alfandegárias, apesar da literatura religiosa ser isenta de impostos. Há uma grande necessidade de Bíblias em árabe no país.

Fonte: Guiame, com informações do Christian HeadlinesAtualizado: quinta-feira, 19 de agosto de 2021 às 13:15
Autoridades exigiram taxas alfandegárias, apesar da literatura religiosa ser isenta de impostos. (Foto: Scottish Bible Society).
Autoridades exigiram taxas alfandegárias, apesar da literatura religiosa ser isenta de impostos. (Foto: Scottish Bible Society).

Líderes cristãos no Sudão, África, revelaram que o governo deteve um carregamento de Bíblias, exigindo taxas alfandegárias das quais a literatura religiosa está isenta. Os líderes da Igreja afirmaram que há uma grande necessidade de Bíblias em árabe entre os cerca de 2 milhões de cristãos no país.

O reverendo Saad Idris Komi, presidente da Igreja Pentecostal do Sudão, afirmou que as autoridades alfandegárias não liberaram a remessa de Bíblias no início deste mês, por rejeitarem o pedido de isenção de impostos da igreja. 

O pastor Komi explicou que desde de julho de 2020, a Lei dos Direitos e Liberdades Fundamentais do Sudão garante a isenção de impostos sobre a literatura religiosa. 

O conselheiro do ministro do Ministério de Assuntos Religiosos e Dotações do Sudão, o cristão Botrous Badawi, apresentou uma reclamação sobre o carregamento de Bíblias detido durante um workshop sobre liberdade religiosa em Cartum, capital do país, no dia 8 de agosto. 

Imóveis das igrejas confiscados

Badawi também criticou a falta de medidas das autoridades para devolver os imóveis de igrejas, que foram confiscados no governo do ex-presidente Omar al-Bashir, deposto em abril de 2019. 

Entre os imóveis, está o antigo Clube Católico, localizado em frente ao Aeroporto Internacional de Cartum. Durante a presidência de Bashir, o prédio foi transformado na sede do Partido do Congresso Nacional. 

Um prédio da Igreja do Interior do Sudão, usado pela Igreja Internacional de Cartum e por outras organizações cristãs, também foi confiscado para abrigar os escritórios do antigo Serviço Nacional de Inteligência e Segurança (NISS), que prendia cristãos sem acusação ou julgamento.

Durante o governo islâmico de Bashir, igrejas foram confiscadas ou destruídas, e a literatura cristã foi limitava sob a justificativa de que a maioria dos cristãos sudoneses já haviam deixado o país, de acordo com o relato dos líderes da Igreja.

Desde 2012, o Sudão expulsou cristãos estrangeiros e autoridades invadiram livrarias cristãs e prenderam crentes. O governo ameaçou de morte os seguidores de Cristo que se recusaram a abandonar o país e a delatar outros cristãos. Em abril de 2013, o então Ministro de Orientação e Dotações do Sudão anunciou que licenças para a construção de novas igrejas não seriam concedidas.

O governo de transição, iniciado em 8 de setembro de 2019, liderado pelo primeiro-ministro Abdalla Hamdok, ficou encarregado de governar durante um período de 39 meses. Hamdok enfrenta o desafio de erradicar a corrupção e um estado islâmico, enraizado durante os 30 anos de poder de Bashir. 

Em março de 2020, o Sudão ordenou o fim dos comitês impostos às igrejas pelo antigo regime, uma medida necessária para devolver as propriedades da igreja. Agora, os líderes cristãos aguardam a ação legal para recuperar seus prédios. Eles estão exigindo que o governo de transição devolva todos os imóveis que foram tomados de forma indevida. 

O Sudão está na 12º posição na lista dos países mais perseguidos, de 2021, da Missão Portas Abertas.  



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