A parede invisível que separa a igreja e o Estado desmoronou-se em um encontro internacional de pastores e líderes do ministério.
O tema subjacente foi parte de um painel de debates sobre "As Polêmicas da Política e do Púlpito", convocado pelo pastor da igreja "Potter's House" (Casa do Oleiro), de Dallas, o bispo T.D. Jakes.
"Nós realmente nos tornamos como prostitutas para a política", afirmou Jakes na Conferência Internacional de Pastores e Lideranças, criticando o atual cenário no qual igrejas se associam a partidos políticos.
O conhecido pastor, autor e apresentador de talk show acredita que os líderes religiosos podem ajudar a curar a nação profundamente dividida, trabalhando juntos para cruzar linhas políticas polarizadas.
"O problema que a igreja encontra é que nós temos que nos associar a um lado político ou outro, quando a verdade é que nós não concordamos totalmente com qualquer um dos lados sobre tudo", explicou.
"Acabamos sob escombros ou contaminados, quando nós atribuímos nossa identidade a qualquer [partido] e agimos como se isto fosse a escolha de Deus para o corpo de Cristo", disse ele.
A discussão apresentou outras proeminentes vozes conservadoras e liberais do meio cristão norte-americano, incluindo:
Paula White, conhecida como ministra pessoal do presidente Donald Trump;
Bispo Harry Jackson, que também serve com Paula White no conselho evangélico da administração do Trump;
Joshua DeBois, que liderou o Escritório de Parcerias Religiosas e de Vizinhança na Casa Branca, com Obama;
Michael Pfleger, um ativista de justiça social e pastor sênior da Comunidade da Fé de Chicago, em St. Sabina.
Juntos, eles debateram as responsabilidades de um conselheiro presidencial e discutiram formas de responsabilizar os políticos para atender às necessidades dos cidadãos americanos em questões como a pobreza e a fome.
"Se você examinar o rendimento nacional bruto de todas as igrejas nos EUA - se nós não pagássemos a hipoteca, se não pagássemos a equipe de funcionários, se nós não pagamos a conta de luz e doássemos todo o nosso dinheiro para os pobres e nos tornássemos sem-teto para alimentá-los, ainda não teríamos o dinheiro", explicou Jakes, destacando o papel da igreja e do governo para cuidar dos necessitados.
T.D. Jakes destacou que muitas vezes a igreja é criticada pela coleta de dízimos, mas lembrou que o governo retém uma porcentagem maior com impostos das pessoas e que não são apenas as igrejas que têm um compromisso em sem engajar em obras sociais.
"Se estamos recebendo 10% da renda de algumas pessoas e elas estão recebendo 35% da renda de todos, eu ficaria nervoso em ter que alimentar a todos sozinho", continuou.
O bispo continuou seu raciocínio sendo um pouco mais direto em seu "recado" ao poder público.
"Se eu sozinho alimentasse todas as pessoas com fome da minha região, eu teria deixar de pagar a minha equipe e eles então ficariam com fome, também", disse ele. "Eu acho que você não pode ficar com 40% do meu salário e absolver-se da responsabilidade de ajudar a alimentar a minha comunidade".
"Acho que precisamos nos levantar e desafiar as pessoas", acrescentou Jakes.
Cerca de 7.000 pessoas se inscreveram para a conferência deste ano, com participantes viajando de países como Canadá, Camarões, Reino Unido e Austrália para serem ministrados sobre desenvolvimento de lideranças.