A procuradora-geral da Inglaterra e do país de Gales, Suella Braverman, falou sobre os perigos das escolas promoverem a ideologia transgênero, durante um discurso na última quarta-feira (10), no Policy Exchange — o maior e mais influente think tank conservador britânico.
O think tank “Policy Exchange” é uma espécie de “laboratório de ideias” onde políticos do Reino Unido discutem sobre os serviços públicos prestados à sociedade.
A parlamentar aproveitou o espaço e apontou para os professores transgêneros “ideologicamente orientados” e disse que eles estão infringindo as leis para interferir na educação das crianças, muitas vezes, sem o conhecimento dos pais.
“Isso deve preocupar profundamente a todos os líderes escolares, pois muitos professores estão recebendo conselhos e treinamentos incorretos de autoridades locais, grupos LGBT e organizações de igualdade”, disse Suella.
‘Escolas estão infringindo a lei’
Segundo a procuradora-geral, milhares de escolas estão infringindo a lei ao ensinar a ideologia transgênero às crianças. “Estão fazendo a transição social das crianças, escondendo o currículo dos pais, permitindo que os meninos usem os banheiros das meninas e punindo funcionários e alunos que não concordam com a ideologia”, esclareceu.
Ela ainda aponta como “perigoso” o fato de que algumas crianças sejam levadas a fazer procedimentos obrigatórios, médicos ou cirúrgicos, durante a transição social. “Pior ainda, se isso for feito sem o conhecimento ou consentimento dos pais da criança”, alertou.
“As escolas estão erradas em tratar as crianças como transgêneros, uma vez que menores de 18 anos não podem obter um certificado de reconhecimento de gênero”, disse ainda.
Pronomes, uniformes e uso do banheiro
Sobre a mudança de nomes e pronomes, ela destaca que muitos professores e pais que se recusam a fazê-lo estão sendo amplamente difamados.
E sobre os uniformes, diz que as escolas estão sendo desafiadas por ideólogos em relação às vestimentas para “diferentes sexos biológicos”. Segundo a parlamentar, as escolas podem proibir que meninos usem roupas de meninas, e vice-versa.
Além disso, Suella também menciona que algumas escolas passaram a ter apenas banheiros unissex ou então estão permitindo que os alunos usem o banheiro do gênero escolhido.
‘Os pais têm o direito de saber o que é ensinado aos seus filhos’
A procuradora destacou que muitos pais e mães estão dizendo que as escolas estão se tornando evasivas e sem transparência sobre o que estão ensinando em questões ideológicas — cultura LGBT e ideologia transgênero.
“Os pais têm o direito sob a ‘Lei de Liberdade de Informação de 2000’, de solicitar acesso a materiais didáticos usados nas escolas de seus filhos, que são financiadas pelo Estado. Eles têm o direito de saber o que é ensinado a seus filhos”, reforçou.
“Em relação à Lei da Igualdade, o principal problema é que as empresas e instituições estão interpretando mal essas leis e aplicando uma obrigação moral que vai além da lei, quando se trata de igualdade”, continuou.
Liberdade sob ameaça
Suella incluiu em seu discurso a questão delicada de famílias conservadoras ou cristãs. Ao frisar que estes se encontram em desacordo com o que está sendo ensinado nas escolas, aponta para situações constrangedoras.
“Os pais têm sido colocados em situações traumáticas quando enfrentam as abordagens escolares ímpias sexualizadas e secularizadas. A liberdade dos cristãos, e de seus filhos, de discordar e permanecer contra a cultura está continuamente sob ameaça”, destacou.
“Nenhuma criança deveria ter medo de punição ou desvantagem por questionar o que está sendo ensinado, ou se recusar a adotar um pronome preferido para uma criança questionadora de gênero”, disse ainda.
“O direito à liberdade de crença, pensamento, consciência e expressão deve ser protegido”, defendeu.
‘Qualquer um que questione é acusado de transfobia’
“Muitas escolas e professores acreditam, de forma errada, que estão sob a obrigação legal absoluta de tratar as crianças que questionam o gênero de acordo com sua preferência, de todas as formas e aspectos, desde pronomes preferidos até uso de instalações e competição em esportes”, comentou.
“Às vezes, tudo isso ocorre sem informar os pais ou levar em conta o impacto sobre outras crianças. Qualquer um que questione tal abordagem é acusado de transfobia. Na minha opinião, essa abordagem não é respaldada pela lei”, concluiu seu discurso.