Aluna é agredida por trans em Maringá, por discordar de uso do banheiro feminino

Vereador Nikolas Ferreira voltou a se manifestar sobre a polêmica: “Homem no banheiro de homem, mulher no banheiro de mulher. Simples assim”.

Fonte: Guiame, Cris BeloniAtualizado: terça-feira, 12 de julho de 2022 às 14:31
Momento da briga entre os alunos. (Foto: Captura de tela/Vídeo Ricmais)
Momento da briga entre os alunos. (Foto: Captura de tela/Vídeo Ricmais)

Depois de uma discussão polêmica entre alunos de um colégio de Maringá, sobre o uso de banheiro feminino por homens biológicos, a menina que tentava explicar sua situação foi agredida pelo trans.

A violência que ocorreu na última quinta-feira (7), entre os estudantes do 3º ano do Ensino Médio, foi gravada. 

A briga aconteceu na frente da escola, quando o aluno trans e uma amiga foram tirar satisfação com as estudantes que reclamaram de sua presença no banheiro.

Segundo reportagem do veículo de comunicação Ricmais, a escola ofereceu ao aluno o banheiro para deficientes, transformando-o num banheiro unissex, mas ele se recusou a usá-lo. 

Homens biológicos em banheiros femininos

O caso que foi parar na delegacia começou na Coordenadoria Pedagógica do colégio. As meninas que ficaram constrangidas com a presença de um homem biológico no banheiro feminino tentaram resolver o problema através de uma reclamação. 

Porém, com a repercussão do caso na instituição, a confusão na saída do colégio acabou acontecendo e terminou em violência. O vídeo que circulou nas redes sociais mostra uma das adolescentes sendo puxada pelos cabelos e derrubada no chão.

Um boletim de ocorrência foi registrado pela família de uma das alunas agredidas. Segundo os familiares, ela está com medo de retornar à escola e eles pensam em transferi-la de colégio. 

Os familiares do aluno trans também registraram um boletim de ocorrência, alegando que o tio de uma das meninas agredidas o ameaçou. A família do aluno trans foi procurada, mas não quis se manifestar, de acordo com o Ricmais. 

“Homem no banheiro de homem, mulher no banheiro de mulher”

O vereador de Belo Horizonte, Nikolas Ferreira (PL), que está sendo investigado por ter criticado a presença de um adolescente transexual dentro de um banheiro feminino, no colégio onde sua irmã estuda, se manifestou sobre esse novo caso através de suas redes sociais. 

“Será que as vereadoras do PSOL também vão até o Ministério Público para denunciar o trans que bateu naquela mulher? Acho que não”, disse em seu Instagram. 

Nikolas frisou que “as feministas defensoras das mulheres” só se manifestariam se fosse o contrário — meninas batendo em um trans. Além disso, citou que elas querem ver na prisão as pessoas que pensam diferente e discordam delas.

“A nossa luta é por todos aqueles que se sentem constrangidos e têm que ficar ‘caladinho’, caso contrário você é um transfóbico”, destacou ao apontar para a segurança e os direitos das mulheres que estão sendo retirados aos poucos. 

“Chegamos ao ponto de ter que defender o óbvio e o óbvio precisa ser dito: Homem no banheiro de homem, mulher no banheiro de mulher. O banheiro não é uma questão de gênero, mas sim de anatomia. Simples assim”, concluiu.

Posicionamento do colégio

Segundo os familiares da adolescente, uma pedagoga da escola teria exposto a situação para que os alunos votassem e decidissem o que fazer. Os estudantes decidiram que o aluno trans deveria usar o banheiro masculino.

O Colégio Estadual Instituto de Educação de Maringá, por sua vez, emitiu uma nota oficial dizendo que vai apurar “se houve qualquer conduta por parte de servidores(as) do colégio, que possa ter contribuído para o triste desfecho”.

“Como medida imediata, logo que os fatos chegaram ao conhecimento da direção, os responsáveis dos(as) alunos(as) vítimas de violência foram orientados(as) a registrar boletim de ocorrência junto às autoridades policiais”, diz a nota.

“Foi realizado contato com a patrulha escolar solicitando uma reunião de orientação com as famílias dos(as) envolvidos(as) e esta reunião ocorreu, logo na manhã do dia seguinte”, continua. 

Por fim, a nota afirma que o colégio lamenta toda a situação e que está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos às autoridades, se necessário.

Secretaria Estadual de Educação se manifestou

A Secretaria Estadual de Educação (SEED) divulgou na segunda-feira (11) uma nota oficial sobre o caso, negando que o colégio tenha realizado uma pesquisa entre os alunos sobre o uso do banheiro.

Além disso, afirmou que os responsáveis pelo estudante não-binário deve identificar o gênero para que ele passe a usar o banheiro correspondente. Segue abaixo a nota, na íntegra:

“A direção não pediu para que fosse feita uma pesquisa entre alunos. Uma estudante, sem autorização da direção, fez uma pesquisa informal, perguntando aos demais alunos sua opinião a respeito do uso do banheiro por pessoas trans. Essa teria sido a situação que desencadeou a briga nas proximidades da escola na última quinta-feira (7). Já na sexta-feira (8), os responsáveis dos estudantes foram chamados para uma conversa na escola, na presença do Conselho Tutelar. A orientação da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed-PR) em relação ao uso do banheiro por alunos transexuais é que a escola dialogue com a família. A partir do momento em que os responsáveis pelo aluno fazem o registro no Sistema Estadual de Registro Escolar (Sere) indicando sua identidade de gênero, o estudante passa a utilizar o banheiro correspondente”. 

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