Um médico cristão no Reino Unido foi demitido após dizer que não iria chamar um homem biológico de ‘madame’ porque seu desejo era permanecer fiel a Cristo e aos preceitos bíblicos.
David Mackereth perdeu o emprego como assessor médico do Departamento de Trabalho e Pensões (DWP), em 2018. Sua recusa de se referir aos pacientes por gêneros e pronomes escolhidos por eles, independente de sexo biológico, virou assunto judicial.
Em 2019, ele contestou sua demissão na Justiça, em Birmingham, na Inglaterra, onde seu discurso foi classificado como “não digno de respeito numa sociedade democrática”, além de ser apontado como “incompatível com a dignidade humana”.
Defesa de preceitos bíblicos é vista como “mera opinião”
Ao defender suas crenças sobre gênero, o médico de 56 anos, com 28 anos de experiência na profissão, disse que “Deus criou homem e mulher”, referindo-se ao texto bíblico que está em Gênesis 1.27.
Como resposta do Tribunal do Trabalho, ele ouviu que “suas crenças de gênero não eram protegidas pela Lei de Igualdade 2010 e que não passavam de mera opinião”. O juiz também concluiu que “sua fé ampla não satisfez os critérios de Grainger” — que dita que a crença não deve entrar em conflito com os direitos fundamentais dos outros, referindo-se especificamente aos transgêneros.
Os advogados de defesa argumentaram no tribunal, em 2019, que a política do DWP de obrigar os funcionários a usar “pronomes transgêneros” era uma violação da Lei da Igualdade e que o Departamento de Trabalho e Pensões havia violado o direito de Mackereth à liberdade de pensamento, consciência e religião.
De acordo com o Christian Legal Centre que o representa, foi a primeira vez na história da lei inglesa que um juiz decidiu que cidadãos livres devem se engajar em discursos forçados.
O Dr. Mackereth disse que o caso dele afeta a todos e não apenas os cristãos que creem na Bíblia. “Afeta qualquer um que esteja preocupado com o discurso forçado e a ideologia transgênero sendo imposta aos sistemas de saúde e outros serviços públicos.
Assista (em inglês):
Discurso incompatível com a dignidade humana?
Sobre a alegação do juiz, sobre seu discurso não ser digno de respeito e incompatível com a dignidade humana, o médico respondeu: “No passado, essa definição só se aplicava às crenças mais extremas, como as de negadores do Holocausto, neonazistas e similares. É chocante que um juiz coloque a crença na Bíblia na mesma categoria”.
Para Mackereth e os advogados que o defendem, essa decisão não pode ser mantida. “Estamos determinados a lutar pela justiça. Isso é totalitarismo. Ele fez com que o cristianismo não fosse nada, a Bíblia não fosse nada. Isso não pode ser permitido”, disse o médico.
O profissional da Saúde disse ainda que os médicos estavam sendo obrigados a afirmar a ideologia transgênero de uma forma “coercitiva e ameaçadora”.
“Nenhum médico, pesquisador ou filósofo pode demonstrar ou provar que uma pessoa pode mudar de sexo. Se vamos dizer aos pacientes que eles precisam 'seguir a ciência', então não devemos dizer a eles que eles podem mudar de sexo”, apontou.
“Como cristãos não estamos sendo indelicados”
“Sem integridade intelectual e moral, a medicina não pode funcionar e meus 30 anos como médico agora são considerados irrelevantes em comparação com o risco de que outra pessoa possa ser ofendida”, alegou Mackereth.
“Como cristãos, não estamos tentando ser indelicados com as pessoas de forma alguma. Como cristãos, somos chamados a amar todas as pessoas com amor cristão. Mas não podemos amar as pessoas verdadeiramente quando vivemos e disseminamos uma mentira”, disse ainda.
Conforme informações do CBN News, o médico disse que não chamaria “um homem barbudo de 1,80 m de altura de ‘senhora’ e que não usaria pronomes transgêneros, pois seria uma promessa ideológica abstrata”.
Mackereth era médico de emergência para o Serviço Nacional de Saúde e foi demitido quando seu chefe, James Owen, o interrogou sobre sua fé.
“Sou cristão e em sã consciência não posso fazer o que o DWP exige de mim”, resumiu o médico que considera “irresponsável e desonesto um profissional da saúde encorajar esse pensamento num paciente”, disse referindo-se à ideologia LGBT.
O juiz trabalhista, Perry, por outro lado, preferiu colocar os direitos dos transgêneros à frente da liberdade de consciência. A contestação ou audiência de apelação do Dr. Mackereth acontecerá no Tribunal de Trabalho nos dias 28 e 29 de março.