Para o país do futebol, fé e folia, vai ser literalmente um pulinho emendar o carnaval 2014 de fevereiro a julho. Uma ponte aérea entre a passarela do Sambódromo para o gramado do Maracanã sob a bênção do Cristo Redentor...
A última Copa - a primeira na África - durou 30 dias. De 11 de junho a dia 11 de julho.
30 dias após, a impressão que tenho que já faz 30 meses. Ninguém mais fala sobre a jabulani e seus adjetivos.
Se a South Africa tem a sua vuvuzela, o Brazil tem o seu pandeiro. O nosso Soweto subiu morro acima ao som do samba e do funk.
Diferentemente dos jornalistas esportivos que redigem encima do lance, minha crônica se apóia no tempo passado, preferencialmente. A propósito, tempo é o meu recurso quando preciso emitir algum conceito.
Pra muita gente, futebol só a cada quatro anos. Para outros, torcida só prá seleção. Nesse caso, não é pecado assistir uma partidazinha. Afinal, o Brasil é a pátria de chuteiras!
Contrastando à língua afiada e cabeça quente de Dunga só a língua afinada e o pé frio de Mick Jagger!
Devo confessar: depois que o Canarinho brasileiro literalmente amarelou diante da Laranja holandesa, minha crônica virou um epitáfio!
Mais, eu estava tão resignado com a evidente não conquista da Copa pelo Brasil que fiquei mais nervoso com o jogão entre o Robben (o Zidane careca da Holanda) e o Puyol (o Serguei cabeludo da Espanha).
Que o campeão seria uma zebra boa de bola, tava na cara: afinal a Copa foi na África! A diferença é que essa zebra trocou o preto e branco básico pelo vermelho e amarelo basco!
Felipe Melo, esse sim, devia trocar o seu tosco futebol pelo belo taekwondo. Talvez tenha mais chance de medalha em Londres 2010!
Numa Copa sem o brilho dos craques mais caros e famosos, quem roubou a cena foi a torcida. Nunca as câmeras focalizaram tanto as arquibancadas. Kaká, Messi e Cia deviam pagar ingresso para assistir o show de imagens promovido pela SpiderCam.
Definitivamente, futebol e fé fizeram uma bela tabelinha.
Do ponto de vista do jogador, é só olhar as comemorações: tão único quanto o gol é a maneira como os artilheiros o festejam: uns olham ou apontam o dedo para o céu, outros choram, tem aqueles que dobram os joelhos, se benzem, declaram sua devoção em breves orações de gratidão e até expunham sua fé em camisetas (o que foi proibido ultimamente). Parece que o único momento que a fé é dispensada é quando o árbitro comete uma infração de interpretação. Ele, e especialmente sua mãe, serão ovacionados dentro do estádio e fora das telas.
Do ponto de vista do torcedor, é só perguntar quem vai levantar a próxima Copa do Mundo: se Deus quiser e o Uruguai não cruzar o nosso caminho, os manos do Mano tem tudo prá não repetir o Maracanazo de 1950.
Para o país do futebol, fé e folia, vai ser literalmente um pulinho emendar o carnaval 2014 de fevereiro a julho. Uma ponte aérea entre a passarela do Sambódromo para o gramado do Maracanã sob a bênção do Cristo Redentor.
É uma pena que o polvo-vidente não vá viver até 2014. Paul não pitará seus oráculos, pois a idade média da sua espécie é de quatro anos, e bicho-adivinho já tem dois anos e meio.
Resta rezar pela saúde de Mick Jagger - infalível quando o tema é a derrota. A propósito, antecipo aqui o tema de abertura da próxima FIFA Word Cup 2014: É preciso saber perder - versão brasileira ainda em fase de tradução para o inglês. Para quem preferir, temos a versão guru: Perca o jogo agora mesmo pergunte ao Jagger como.
Bom, nem só de derrota vive o brasileiro. Se a Alemanha não terá o seu POLVO, o Brasil igualmente estará órfão do seu LULA!
Um gol de placa.
Neir Moreira
Neir Moreira é teólogo, pós-graduado em docência do Ensino Religioso pela Faculdade Batista, psicólogo formado pela UFPR e pós-graduando em Educação. www.neirmoreira.com
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